Terça, 21 de novembro de 2023
O futuro destino da Argentina em relação ao BRICS ainda não está claro, mas se o país decidir não se juntar à união, poderá perder economicamente: o lucro perdido será especialmente notável para seu setor de energia, disse o diretor de analítica da empresa KROS, Andrei Lebedev, à Sputnik.
O convite à Argentina e a vários outros países para se tornarem membros do BRICS a partir de 1º de janeiro de 2024 foi anunciado na cúpula do BRICS em Joanesburgo, em agosto. No domingo (19), o político de extrema direita da aliança La Libertad Avanza (A Liberdade Avança) Javier Milei, que se opôs repetidamente à adesão da Argentina ao BRICS, venceu as eleições presidenciais na Argentina.
Na segunda-feira (21), a candidata ao cargo de ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, disse que a Argentina não ingressará no BRICS.
“A questão da dívida externa pode ser delicada para o país, já que a adesão ao BRICS abriria oportunidades para encontrar novas fontes de financiamento para cobri-la. Ao mesmo tempo, o problema da dívida, especialmente com o FMI [Fundo Monetário Internacional], é bastante grave para a Argentina”, afirmou Andrei Lebedev.
“Além disso, as autoridades anteriores argentinas esperavam que a adesão ao BRICS ajudasse a atrair investimentos significativos, criar novos empregos e resolver o problema da desvalorização do peso“, explicou o especialista.
O setor de energia da Argentina será o principal afetado, de acordo com as palavras de Andrei Lebedev.
“A Argentina tem reservas significativas de gás de xisto, mas não tem recursos suficientes para desenvolver os campos, o que faz com que tenha que importar gás”, resumiu Lebedev.
O que torna o BRICS especial é o fato de ser diferente de organizações rígidas e estruturadas, como o Banco Mundial e o FMI. Trata-se de uma plataforma mais flexível e inclusiva, embora menos estruturada, disse o diretor do Centro Internacional de Direito da Concorrência e Política do BRICS na Escola Superior de Economia russa, Aleksei Ivanov.
Para países como a Argentina, a adesão ao BRICS oferece oportunidades únicas que provavelmente são incompatíveis com a lógica pragmática com a qual o novo presidente argentino está comprometido, explicou Aleksei Ivanov.
O BRICS é composto atualmente por cinco nações: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Após a recente cúpula do BRICS em Joanesburgo, o bloco convidou oficialmente a Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã a aderir ao grupo. A entrada plena dos novos países deve se efetivar em 1º de janeiro de 2024.
Fonte: Sputniknews