De acordo com psicanalista, para lidar com a ansiedade é preciso chegar à raiz do problema. Saiba quais as particularidades do transtorno
Segundo o último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil possui a população com a maior prevalência de ansiedade do mundo. Isso quer dizer que o nosso país é o mais ansioso do planeta – título que não é motivo de orgulho ou comemoração.
Afinal, liderar este ranking é um reflexo de que o Brasil, assim como outros países, ainda precisa valorizar e acolher a saúde mental da população, destaca a psicanalista Dra. Andrea Ladislau.
Ela explica que a ansiedade surge de um conflito mental e tem uma base biológica. Ou seja, já nascemos propensos à ansiedade, que seria uma capacidade de reagir aos perigos que poriam em risco a nossa sobrevivência.
“Portanto, a ansiedade é um estado emocional de apreensão, uma expectativa de que algo ruim aconteça. Enquanto o medo tem um objeto definido, a ansiedade é uma emoção difusa, voltada para o futuro. No estado de ansiedade a mente cria vários pensamentos negativos e fantasia diversas cenas temidas”, explica a profissional.
A percepção dos sintomas ansiosos nos levam a mais medos, destaca Andrea. É o caso, por exemplo, de ter receio de infartar, enlouquecer ou morrer. Além disso, surgem outros pensamentos e imagens catastróficas, reforçando as crenças negativas e retroalimentando o ciclo da ansiedade.
Conforme a psicanalista, os principais Transtornos de Ansiedade são:
- Síndrome do Pânico;
- Fobia Específica;
- Fobia Social;
- Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT);
- Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC);
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
É possível controlar a ansiedade? Como?
Para evitar o aumento dos casos de ansiedade ou diminuir os impactos desta na saúde de um indivíduo, é preciso conhecer o ciclo vicioso que faz com que ela aumente com o tempo. “Conhecendo o ciclo vicioso da ansiedade fica fácil entender que ela só tem ‘cura’ quando o tratamento vai na sua raiz, mudando assim a percepção do funcionamento dos gatilhos que desencadeiam os ciclos”, enfatiza Andrea.
Um exemplo pode ajudar a ilustrar o problema. Portanto, imagine a seguinte situação: você precisa apresentar um trabalho importante, contudo está se sentindo um pouco ansioso e pede para adiar a data da apresentação. Sua ansiedade diminui e isso provoca uma sensação de alívio temporário.
“Porém, aqui se inicia um ciclo, pois quando alguma coisa está desencadeando o medo, evitá-la traz uma sensação boa e porque traz uma sensação boa, está reforçando a ansiedade. Portanto evitá-la só vai aumentar sua ansiedade e você ficará refém dela”, explica a psicanalista.
Esse ciclo também pode trazer alterações físicas, visto que o corpo reage da mesma maneira para a imaginação ou a realidade. Então, ao sentir-se ameaçado e em perigo, o organismo aciona o mecanismo de luta ou fuga, disparando hormônios que levam aos sintomas ansiosos, última etapa do ciclo vicioso da ansiedade.
Fonte: Saúde em dia