Aprovação do Governo Lula cai para 40% em maio de 2025; Confira análise dos dados de acordo com Pesquisa Genial/Quaest

Brasil política

Quarta-feira, 04/06/2025 — A 14ª rodada da Pesquisa de Avaliação do Governo Lula, realizada pelo Genial Investimentos em parceria com a Quest Consultoria e Pesquisa, revelou que a aprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu 40% em maio de 2025, enquanto a desaprovação chegou a 57%. A pesquisa Genial/Quaest revela que a aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta oscilação negativa em um cenário de percepção pública marcada por incertezas econômicas, escândalos administrativos e polarização política.

O levantamento ouviu eleitores em todo o país, com recortes por faixa etária, escolaridade, renda, religião, posicionamento ideológico e região. Os dados, coletados entre 29 de maio e 1º de junho com 2.004 entrevistas (margem de erro de 2 pontos percentuais), mostram uma trajetória descendente da imagem do governo e do presidente Lula desde junho de 2023, quando a aprovação era de 50%.

Análise: Desgaste estrutural e desafios políticos do governo Lula

pesquisa Genial/Quaest de maio de 2025 revela um cenário de deterioração progressiva da imagem do governo Lula, com aprovação no patamar mais baixo da série (40%) e desaprovação recorde (57%). O levantamento expõe não apenas oscilações momentâneas, mas um movimento consistente de erosão da confiança pública, impulsionado por fatores econômicos, escândalos administrativos e rejeição a medidas fiscais.

Entre os grupos mais críticos destacam-se evangélicos, eleitores do Sudeste e pessoas de renda mais elevada. A segmentação dos dados por renda, região e comportamento eleitoral revela clivagens profundas e persistentes, que indicam dificuldades estruturais para a reconstrução da base de apoio ao governo.

Fatores críticos e implicações estratégicas

O desgaste decorre de uma combinação de três elementos principaisfrustração de expectativas geradas na campanhapercepção negativa sobre a condução da economia e repercussões de escândalos, com destaque para o caso do INSS. Esses vetores contribuíram para minar o capital político e enfraquecer a autoridade simbólica do lulismo, especialmente entre os beneficiários de programas sociais, que agora enfrentam o impacto direto da inflação e do aumento do custo de vida.

comparação com gestões anteriores de Lula tem gerado uma percepção de que o atual governo não conseguiu corresponder ao discurso de retorno ao “Brasil feliz de novo”. A ausência de entregas significativas, aliada à baixa eficácia da comunicação institucional, tem ampliado o descompasso entre o discurso oficial e a realidade percebida.

Além disso, a preponderância das redes sociais como principal fonte de informação favorece a propagação de críticas, sem que haja contranarrativas consistentes por parte do governo. A gestão de crises mostra-se frágil e reativa, o que acentua o vácuo de liderança em momentos decisivos.

Perspectivas e recomendações estratégicas

Diante do quadro descrito, impõe-se ao Executivo federal uma recalibração imediata de suas prioridades e métodos de atuação. Entre os eixos centrais a serem fortalecidos, destacam-se:

  • Fomento à retomada do crescimento com efeitos redistributivos tangíveis, especialmente para as camadas mais vulneráveis;
  • Reestruturação da articulação política, com foco na mitigação de conflitos e na recomposição de alianças institucionais;
  • Aprimoramento da comunicação pública, baseada na entrega de resultados verificáveis, e não apenas em discursos.

Os dados da pesquisa Genial/Quaest de maio de 2025

Aprovação do governo Lula varia entre grupos e regiões

A taxa de aprovação geral do governo Lula apresenta variação significativa de acordo com o perfil do eleitorado:

  • Entre beneficiários do Bolsa Família, a aprovação é majoritária.
  • No eleitorado evangélico, predomina a desaprovação.
  • No Sul e no Centro-Oeste, a avaliação negativa supera a positiva.
  • Eleitores que votaram em Lula no segundo turno de 2022 continuam majoritariamente favoráveis, enquanto os que optaram por Jair Bolsonaro demonstram elevada rejeição.

Esse padrão confirma o cenário de divisão ideológica persistente, com a gestão federal sendo avaliada de forma diversa entre segmentos sociais e eleitorais.

Comparação com governos anteriores e expectativas frustradas

Ao serem questionados sobre a comparação entre o atual mandato de Lula e seus dois primeiros governos (2003-2010), muitos entrevistados consideraram que o desempenho atual está aquém das gestões anteriores. Quando comparado ao governo Bolsonaro, há uma leve vantagem para Lula, mas as avaliações se mostram polarizadas e pouco homogêneas.

Além disso, parcela expressiva da população afirmou que o governo Lula está pior do que esperava, revelando uma frustração em relação às promessas de campanha e ao cenário econômico.

Desempenho econômico é foco de insatisfação popular

A pesquisa aponta crescimento da percepção negativa sobre os rumos da economia nacional:

  • A maioria acredita que o preço dos alimentos aumentou no último mês.
  • Combustíveis, água e energia também foram percebidos como mais caros.
  • Apenas uma minoria afirmou que seu poder de compra melhorou em relação a um ano atrás.
  • Quanto ao futuro, as expectativas econômicas para os próximos 12 meses são cautelosas, com temor de estagnação ou piora.

Escândalo no INSS impacta avaliação do governo

Um dos pontos centrais da pesquisa foi o conhecimento e a reação da população ao escândalo de corrupção no INSS, revelado recentemente:

  • Grande parte dos entrevistados declarou ter tomado conhecimento do caso.
  • A maioria defende a abertura de uma CPI no Congresso Nacional, mesmo diante da alegação do governo de que a investigação da Polícia Federal seria suficiente.
  • A corrupção permanece como uma das principais preocupações da população brasileira.

Prioridades e preocupações do eleitorado

Quando questionados sobre as prioridades do governo, os entrevistados apontaram:

  • Combate à inflação e ao desemprego como ações urgentes.
  • Segurança pública, saúde e educação também figuram entre as principais demandas.
  • preocupação com o custo de vida cresceu de forma considerável.

 Fontes de informação e polarização digital

A pesquisa também investigou como os brasileiros se informam sobre política:

  • Redes sociais e aplicativos de mensagens superam a televisão como principal fonte de informação entre os mais jovens.
  • Isso contribui para a difusão de percepções políticas polarizadas, reforçando visões ideológicas e ampliando a segmentação na avaliação do governo.

Nordeste como reduto de resistência

  • região Nordeste, da qual a Bahia é o maior colégio eleitoral, apresenta a maior taxa de aprovação ao governo Lula53% de aprovação, contra 43% de desaprovação.
  • Este é o único recorte regional onde a aprovação supera a desaprovação, evidenciando a força simbólica e eleitoral do lulismo no território baiano e nordestino.
  • Isso contrasta com os índices do Sudeste (34% de aprovação) e do Sul (27%), revelando um abismo político-regional que reforça a clivagem já observada nas eleições de 2022.

Impacto do Bolsa Família e vínculo histórico no Nordeste

  • Os dados indicam que beneficiários do Bolsa Família têm maior propensão a apoiar o governo: 58% aprovam a gestão.
  • Como a Bahia é um dos estados com maior número de famílias cadastradas no programa, isso ajuda a explicar o desempenho acima da média nacional no estado, mesmo em cenário de desgaste.
  • A percepção de continuidade e proteção social ainda atua como capital político de Lula junto à base mais pobre e dependente das transferências.

Percepção econômica no Nordeste e comparação com governos anteriores

  • No Nordeste, o percentual de pessoas que dizem que a economia “piorou” é inferior ao de outras regiões.
  • Quando comparado a Bolsonaro, 43% dos nordestinos dizem que Lula está fazendo um governo melhor, contra 29% que dizem que está pior.
  • Também é o maior índice entre os que avaliam este mandato de Lula como “melhor que os anteriores”.

Direção do país na percepção da população do Nordeste

  • No Nordeste, 49% acreditam que o país está na direção certa, contrastando com 29% no Sul e Sudeste. Este dado reforça que, na Bahia e entorno, ainda há um senso de expectativa e confiança no projeto lulista, mesmo diante das dificuldades atuais.

Os números da pesquisa Genial/Quaest de maio de 2025

Aprovação Segmentada por Grupos Sociais

A avaliação do governo varia significativamente conforme variáveis sociodemográficas:

  • Região: Nordeste lidera com 54% de aprovação, enquanto Sudeste tem o menor índice (41%).
  • Renda: Aprovação é maior entre quem ganha até 2 salários mínimos (45%) versus mais de 5 salários (30%).
  • ReligiãoEvangélicos desaprovam massivamente (67%), contra 45% de aprovação entre católicos.
  • Voto em 202272% dos eleitores de Lula aprovam, contra apenas 13% dos apoiadores de Bolsonaro.

Comparações com Governos Anteriores

  • 56% avaliam o governo atual como pior que os mandatos anteriores de Lula;
  • 44% consideram a gestão inferior ao governo Bolsonaro, contra 40% que a veem como melhor;
  • 45% afirmam que o desempenho está “pior do que esperavam”.

Economia e Qualidade de Vida

A percepção econômica é negativa:

  • 61% acreditam que o Brasil “vai na direção errada”;
  • 35% relatam piora na qualidade de vida familiar nos últimos dois anos (sobe para 39% na faixa de até 2 salários mínimos);
  • Preços de alimentos, combustíveis e contas de luz são vistos como majoritariamente em alta.

Escândalo do INSS e Mudanças no IOF

O escândalo do INSS teve 82% de awareness:

  • 31% atribuem responsabilidade ao governo Lula;
  • 52% defendem que recursos recuperados das entiedades investigadas sejam usados para ressarcir perdas, rejeitando custeio com verbas públicas.
    Sobre as mudanças no IOF, 58% desconheciam a proposta. Entre os que sabiam, 50% reprovaram o aumento para compra de dólar.

Preocupações e Hábitos de Mídia

  • Violência (30%) e questões sociais (22%) são as maiores preocupações;
  • TV (37%) e redes sociais (35%) são as principais fontes de informação política.

Reveja principais dados e números por categoria pesquisada

1. Aprovação e desaprovação

  • Aprovação geral: 40%
  • Desaprovação geral: 57%
  • Aprovação em 2023: 50%

2. Perfil da amostra

  • Sexo: 52% mulheres / 48% homens
  • Idade: 36% (16-34 anos), 43% (35-59 anos)
  • Renda: 34% até 2 salários mínimos
  • Religião: 44% católicos, 29% evangélicos

3. Avaliação por grupos

  • Nordeste: 54% de aprovação
  • Sudeste: 41% de aprovação
  • Evangélicos: 67% de desaprovação
  • Católicos: 45% de aprovação
  • Eleitores de Lula (2022): 72% de aprovação
  • Eleitores de Bolsonaro: 13% de aprovação

4. Comparações e expectativas

  • 56% acham o governo pior que os mandatos anteriores de Lula
  • 44% consideram pior que o governo Bolsonaro
  • 45% dizem que o governo está abaixo das expectativas

5. Economia e qualidade de vida

  • 61% acham que o Brasil “vai na direção errada”
  • 35% relatam piora na qualidade de vida
  • Percepção de alta nos preços: alimentos, combustíveis, energia

6. Escândalo do INSS

  • 82% conhecem o caso
  • 31% responsabilizam o governo
  • 52% rejeitam uso de verba pública para cobrir prejuízos

7. IOF sobre dólar

  • 58% desconhecem a proposta
  • 50% dos informados reprovam

8. Preocupações principais

  • Violência: 30%
  • Questões sociais: 22%
  • Inflação, desemprego, saúde, educação e segurança pública

9. Fontes de informação

  • TV: 37%
  • Redes sociais: 35%
  • Entre jovens: apps de mensagens superam TV

Metodologia e Perfil da Amostra

A pesquisa quantitativa adotou amostragem em três estágios: 120 municípios sorteados por probabilidade proporcional ao tamanho (PPT), setores censitários e cotas sociodemográficas. Foram aplicados questionários presenciais, com pós-estratificação via algoritmo RAKE e modelo MRP para subgrupos. O perfil da amostra inclui:

  • 52% mulheres, 48% homens;
  • 36% com 16-34 anos, 43% com 35-59 anos;
  • 34% com renda familiar de até 2 salários mínimos;
  • 44% católicos, 29% evangélicos.

Fonte: Joral Grande Bahia / Foto: Reprodução JGB

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