Argentina registra oitava alta consecutiva na inflação e atinge 83% em 12 meses

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País tem o segundo maior índice dos países do G20 em ranking, enquanto o Brasil ocupa a 14º posição

O Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC) da Argentina divulgou na sexta-feira (14) seu índice de preço ao consumidor e registrou a maior inflação dos últimos anos, fechando o acumulado de 12 meses em 83%. No mês de setembro houve uma desaceleração e marcou 6,2%, mas no acumulado do ano, a alta foi de 66,1%.

Este resultado deixa a Argentina em segundo lugar no ranking de grandes economias compilado pela Austin Ratings, com países do G20 mais a Zona do Euro, ficando atrás apenas da Turquia que está com uma inflação de 83,5%.

O Brasil ocupa a 14ª posição deste relatório, atrás de grandes potências econômicas como Estados Unidos (8,2%), Espanha (8,9%), Zona do Euro (9,1%), Reino Unido (9,9%), dentre outros.

O país registrou em setembro seu terceiro mês seguido de deflação, com queda de 0,29% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de acordo com anúncio do IBGE feito na terça-feira (11). Com isso, o índice acumula alta de 7,17% em 12 meses.

Crise argentina

A Argentina passa por um dos momentos econômicos mais delicados da história. De acordo com Juan Frers, professor de economia e impostos da Universidade de Direito de Buenos Aires, a inflação é um dos desafios econômicos mais importantes da economia Argentina. “Esse fenômeno gera uma perda direta de capacidade econômica entre os consumidores, afetando diretamente o consumo”, explica. 

Por conta desta situação, argentinos estão recorrendo, inclusive, à reciclagem de lixões ou fazendo fila para levar pertences em clubes de troca.

Para Frers, devido à perda de confiança na moeda local, aos altos níveis de inflação e ao baixo nível de renda, dia após dia, os argentinos ganham menos dinheiro. “Estima-se que as famílias que estão na linha da pobreza recebam uma renda mensal de 37.803 pesos (cerca de R$1.325,00) e a cesta básica está valendo 62.989 pesos (cerca de R$ 2.208,00). Hoje, 27,7% dos domicílios vivem pessoas abaixo da linha da pobreza”, aponta.

O professor conta que milhões de argentinos estão tendo que viver com vários empregos. “Aqui na Argentina, um único emprego com renda mínima não é suficiente para combater os efeitos da inflação e viver com dignidade”, completa.

Vale relembrar que, de acordo com uma pesquisa de analistas publicada pelo Banco Central da Argentina, a inflação anual do país poderá atingir 104,5% este ano.

Inflação da Espanha e França

Espanha e França também divulgaram seus índices de inflação nesta sexta-feira (14). No ranking da Austin Rating, a Espanha está com uma inflação maior do que a do Brasil, ocupando a oitava posição. O valor da inflação de preços ao consumidor no país registrou perdas no mês e acumula um índice de 8,9% nos últimos 12 meses.

A França também registrou deflação e seu índice fechou em 5,6%, ficando em 18º no ranking. No recorte mensal, os preços do consumidor recuaram 0,6%, ante a leitura anterior de uma retração de 0,5%.

Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimento, a desaceleração nos índices destes países acontece devido a menor dependência do gás russo. “Vale ressaltar que a inflação da Europa ainda está bem acima da meta – que é 2,0% – por mais que esteja desacelerando. A questão do gás está impactando menos nestas regiões, diferente do leste europeu, mas por outro lado, o preço de eletricidade acaba sendo puxado para cima”, explica.

Cruz destaca também que o mesmo está acontecendo com a alimentação, que ainda está em patamares bem elevados, reflexo da Guerra na Ucrânia.

Para Roberto Attuch Jr., CEO da OhmResearch e economista, as inflações da Espanha e França estão chegando no pico, em um nível muito alto. “As principais causas deste cenário é por conta da guerra e o preço do gás. “A recuperação econômica na Europa vai depender muito do nível de reservatório de gás e os preços que os países terão que lidar. Além disso, enfrentarão um racionamento deste produto durante o inverno”, conclui o economista.

Fonte: CNN Brasil

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