Tbn – Quando se observa os índices de inflação (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com as taxas, dos últimos 12 meses, acumuladas em 2,44% no Brasil, não acredita como números relativamente baixos não conseguem se refletir na realidade, uma vez que, nas prateleiras dos supermercados, a situação tem sido diferente, com os preços cada vez mais altos de produtos como arroz – o principal deles –, o feijão, o óleo de soja e o leite.
Porém, olhando mais atentamente, pode-se perceber que a inflação dos alimentos subiu mais de três vezes (mais precisamente 3,61%) em relação ao índice apresentado pelo Instituto, chegando a 8,83% no período entre agosto de 2019 e o deste ano. O arroz, sozinho, teve valorização de 19,2% no ano. Já o óleo de soja subiu 18,6% no mesmo período. O feijão carioca teve elevação de 12,1%.
A TB percorreu alguns supermercados e constatou a variação de preços, assim como as queixas dos consumidores. Em um deles, no bairro da Pituba, o arroz estava custando até R$ 5,09 (o quilo). O queijo, derivado do leite, tinha o quilo vendido por até R$ 56. A embalagem de 900 ml do óleo de soja chegava a valer R$ 6,59. O leite estava sendo vendido acima dos R$ 4 (litro) na maioria das marcas. O feijão, por último, era encontrado a valores de até R$ 8,59/kg.
Em outro estabelecimento visitado pela equipe, no bairro de Amaralina, o queijo fatiado era encontrado por mais de R$ 45, o quilo. A charque, a depender da marca, R$ 27/kg. O feijão ainda tinha preços de R$ 4,89, o quilo, mas chegando a até R$ 6,09. O preço máximo do arroz encontrado, neste mercado, foi de R$ 4,69. Mas, o que chamou a atenção foi o óleo de soja. Assim como preço, de R$ 6,29 pela embalagem de 900 ml, havia na gôndola, um aviso aos clientes: havia uma limitação da quantidade máxima do produto que cada um podia carregar: até 20 unidades.
VAI FALTAR?
Com relação ao óleo, pelo menos é o que parece, de acordo com o presidente da Associação Baiana de Supermercados (Abase), Joel Feldman. De acordo com ele, boa parte da produção brasileira foi comprada pela China e duas das grandes empresas do setor, aqui no país, já não teriam mais o produto para entregar. “A expectativa é a de que nos próximos 15 dias possa faltar o produto no mercado”, alertou.
Com relação ao arroz, não há risco de desabastecimento, mas a tendência é a de que os preços continuem elevados, pelo menos até o mês de novembro, quando as primeiras importações do produto, oriundas dos Estados Unidos e da Tailândia, devem chegar ao Brasil. O dirigente chamou a atenção também para os preços do açúcar e do leite, que podem seguir a mesma linha. “É preciso que o poder público faça o dever de casa, fazendo uma regulação dos preços, evitando essa escalada. O que aconselho, neste momento, é que as pessoas pesquisem ao máximo ou substituam alguns itens”, disse.
Ainda de acordo com Feldman, três fatores ajudam a explicar o atual cenário visto pelos brasileiros: a desvalorização do real em relação ao dólar, o que incentiva os produtores a aumentarem as exportações, reduzindo a oferta no mercado interno, a diminuição da capacidade de plantio, além do auxílio emergencial no valor de R$ 600.
O benefício do governo federal estimulou o aumento do consumo que foi direcionado, em grande parte, para a população mais pobre do país, que tem uma cesta de compras formada por alimentos, considerados produtos básicos. “O preço sobe na indústria e os supermercados trabalham com margens muito espremidas de lucro. Além disso, trata-se de um segmento competitivo”, disse Joel Feldman.