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Ataques russos continuam nos portos da Ucrânia após Rússia ameaçar navios

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Autoridades nas regiões ucranianas de de Mykolaiv e Odesa relataram cerca de 20 pessoas feridas nos ataques; Moscou alertou que embarcações indo a portos do Mar Negro poderão ser alvos militares

Os ataques russos em áreas portuárias ucranianas continuaram nesta quinta-feira (20), disseram autoridades locais, depois que Moscou alertou que os navios que se dirigem aos portos ucranianos do Mar Negro podem ser considerados alvos militares.

À medida que aumentavam as preocupações com a saída da Rússia de um acordo que protegia os embarques globais de grãos ucranianos, as autoridades nas regiões de Mykolaiv e Odesa relataram cerca de 20 pessoas feridas nos ataques.

Com a saída da Rússia, que ameaçava piorar o abastecimento global de alimentos, a Ucrânia disse na quarta-feira que estava estabelecendo uma rota marítima temporária via Romênia, um país vizinho do Mar Negro.

“Seu objetivo é facilitar o desbloqueio do transporte marítimo internacional na parte noroeste do Mar Negro”, disse Vasyl Shkurakov, ministro interino da Ucrânia para comunidades, territórios e desenvolvimento de infraestrutura, em uma carta à Organização Internacional de Transporte Marítimo da ONU.

A Ucrânia e a Rússia estão entre os maiores exportadores de grãos do mundo. Os contratos futuros de trigo dos EUA saltaram 8,5% na quarta-feira, seu maior ganho diário desde dias após a invasão de seu vizinho pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que os Estados de bandeira de navios que viajam para portos ucranianos seriam considerados partes no conflito do lado da Ucrânia.

Zelensky declara “terror russo”

Depois que o último navio deixou a Ucrânia no domingo (16) sob a Iniciativa dos Grãos do Mar Negro, a Rússia atacou a região de Odesa nas noites de segunda e terça. Os três portos da região eram os únicos operando na Ucrânia sob o acordo de grãos.

Terminais de grãos e uma instalação industrial, armazéns, shopping centers, prédios residenciais e administrativos e carros foram danificados na noite de terça-feira, disseram autoridades ucranianas.

O comando militar do sul da Ucrânia disse que a Rússia usou mísseis supersônicos, incluindo o Kh-22, projetado para derrubar porta-aviões, para atingir a infraestrutura portuária de Odesa.

“Nos portos que foram atacados havia cerca de um milhão de toneladas de alimentos armazenados”, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em seu discurso noturno na quarta-feira. “É justamente esse valor que já deveria ter sido entregue aos países consumidores da África e da Ásia.

“No terminal mais danificado pelo terror russo esta noite, 60.000 toneladas de produtos agrícolas foram armazenadas, destinadas ao embarque para a China”, disse Zelensky.

No início da quinta-feira, pelo menos 18 pessoas ficaram feridas no ataque na cidade portuária de Mykolaiv, disse o governador regional, enquanto uma autoridade de Odesa informou que duas pessoas foram hospitalizadas depois que um ataque causou um incêndio.

A Reuters não pôde verificar independentemente as alegações ucranianas.

Autoridades dos EUA têm informações indicando que a Rússia colocou minas marítimas adicionais nas proximidades dos portos ucranianos no que parecia ser “um esforço coordenado para justificar qualquer ataque contra navios civis no Mar Negro e culpar a Ucrânia por esses ataques”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adam Hodge.

A Rússia não comentou a afirmação dos EUA.

Putin pressiona exigências

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou os países ocidentais de “perverter” o acordo de grãos, negociado pelas Nações Unidas e pela Turquia.

O Fundo Monetário Internacional disse na quarta-feira que a saída da Rússia do acordo ameaça piorar a insegurança alimentar global e pode aumentar os preços dos alimentos, especialmente nos países pobres.

Putin disse que a Rússia retornará imediatamente ao pacto se as condições de Moscou forem atendidas, diminuindo as restrições às exportações de alimentos e fertilizantes.

Os países ocidentais chamam isso de tentativa de alavancar o abastecimento de alimentos para enfraquecer as sanções financeiras, que ainda permitem à Rússia vender alimentos.

Fonte: CNN