Atlas da Bioeconomia Inclusiva revela panorama de dados das diversas regiões da Amazônia

Bahia Brasil CITY RURAL

Segunda, 22 de dezembro de 2025

Dados do  Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia, publicação lançada pela Embrapa, com o apoio da Secretaria de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, evidenciam informações que mostram um panorama da região amazônica, sob diversos aspectos, que destacam a diversidade de condições socioeconômicas e ambientais nos contextos rurais da Amazônia Legal brasileira. 

A publicação sistematizou dados sobre demografia, ambiente, estrutura fundiária e produção para subsidiar políticas voltadas ao uso sustentável da biodiversidade. São “informações valiosas para a compreensão das complexas realidades dos territórios amazônicos”, como resume o editor técnico da obra, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Roberto Porro, citando que o Atlas compila mais de 1.200 variáveis de fontes secundárias em quatro dimensões: demografia e meio ambiente; estrutura agrária/categorias territoriais; produção agropecuária, da extração vegetal e silvicultura; e indicadores sociais. Os dados são apresentados nos níveis regional, estadual e microrregional. “A obra adota uma abordagem territorial para a apresentação de dados, tendo como referência a diversidade de contextos expressos na extensão geográfica mais ampla associada à Amazônia, que é a Amazônia Legal Brasileira, abrangendo 107 microrregiões geográficas delimitadas pelo IBGE nos nove estados que a compõem”, explica Porro.

O coordenador geral de Desenvolvimento da Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, William Saab, afirma que o Atlas vem em um momento muito oportuno de ampliação e fortalecimento das sociobioeconomias amazônicas. A publicação, segundo ele, se alinha e serve como base para duas políticas públicas do governo brasileiro, o Plano Nacional de Desenvolvimento da Sociobioeconomia e o Programa Prospera Socioebioeconomia, ambos lançados durante a COP30, em Belém. “O Atlas é um importante instrumento de planejamento para gestores públicos e vai ajudar no impulsionamento de políticas públicas.  É uma grande entrega que a Embrapa faz para a sociedade brasileira”, finaliza o gestor.

As “Amazônias” e suas realidades

Numa comparação dos dados presentes no documento, por exemplo, em relação aos dois maiores estados da região, o Amazonas e o Pará, o Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia revela que a concentração fundiária e a vulnerabilidade social em ambos os estados são desafios a serem enfrentados para o fortalecimento de modelos econômicos sustentáveis, essenciais para mitigar a crise climática. Chamam a atenção dados que mostram, por exemplo, a pressão de desmatamento no Pará e o crescente avanço da fronteira agropecuária em áreas antes conservadas do Amazonas, estado com maior cobertura florestal do País. Ao mesmo tempo, Amazonas e Pará apresentam oportunidades de bioeconomia com base em seus diversos potenciais, refletindo suas realidades territoriais e econômicas e uso sustentável da biodiversidade.

Um dos principais propósitos do Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia é apresentar a diversidade de realidades socioeconômicas e ambientais existentes nos contextos rurais da Amazônia brasileira, por meio da sistematização de vários conjuntos de dados e informações, assim como  subsidiar estratégias, planos, programas e políticas orientadas a uma agenda de ação em prol da bioeconomia inclusiva na região, conforme explica, na apresentação da obra, a diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, Ana Euler. 

A intenção é que essa agenda de ação “se traduza em oportunidades para a promoção da inovação, com valorização das economias da floresta e da sociobiodiversidade, e ampliação da participação nos mercados, com reflexos na renda e na qualidade de vida das populações amazônidas”, escreveu Euler. 

O trabalho é fruto de ações e diagnósticos realizados por profissionais de nove Unidades da Embrapa na região Norte e no Maranhão, nos últimos três anos, para a construção de um plano estratégico para atuação da Empresa em uma abordagem de bioeconomia inclusiva na Amazônia. O momento atual de definição de políticas públicas e ações multissetoriais relacionadas à sociobiodiversidade na Amazônia, segundo Roberto Porro, evidencia a necessidade de fortalecer sistemas produtivos eficazes no enfrentamento à crise climática e na promoção de meios de vida locais. 

Ações voltadas à bioeconomia inclusiva são capazes de apoiar os modos de vida de 1,5 milhão de famílias de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais que habitam a Amazônia brasileira. “Buscamos uma bioeconomia inclusiva fundamentada no uso sustentável da biodiversidade a partir dos saberes tradicionais e no diálogo entre esses saberes e os conhecimentos científicos e tecnológicos, que promova o desenvolvimento inclusivo, justiça social e o bem-viver dos povos amazônicos”, afirma Porro.

A pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM), Rosângela Reis, faz parte da equipe que colaborou com essas ações e destaca que o processo foi importante para conhecer as realidades socioculturais e ecológicas das comunidades amazônicas, que são muito diversas.  “As oficinas de bioeconomia realizadas no estado do Amazonas tiveram o objetivo de levantar as realidades locais dos sistemas produtivos e as potencialidades para o desenvolvimento de projetos na área de bioeconomia. Para a região não basta apenas levar tecnologias para o desenvolvimento, é necessário conhecer os processos sociais para a adaptação das mesmas e assim fazer sentido no cotidiano das famílias e nos processos de crescimento e desenvolvimento local“, comentou.

Oportunidades em bioeconomia

O Amazonas é o estado mais conservado da região, com 93,22% de cobertura florestal. Essa natureza rica em biodiversidade é um importante ativo para  a bioeconomia. Para isso é necessário viabilizar projetos e atrair investimentos para pesquisa e desenvolvimento (P&D), a partir de espécies nativas e uso da biodiversidade. Nesse sentido, uma oportunidade está também nas iniciativas com potencial de incentivar a prospecção e transformação de ativos da biodiversidade em produtos de alto valor agregado, como insumos farmacêuticos ativos e biocosméticos, entre outros.

O Pará, por outro lado, se destaca pelo volume de produção de espécies nativas. O estado tem um domínio na produção do açaí (extrativista e cultivado) e do cacau cultivado. Uma das oportunidades para o Pará reside no manejo sustentável de suas Reservas Extrativistas (Resex) e fortalecer suas cadeias produtivas. 

Entre as informações do documento, é considerado que a efetiva descontinuidade de desmatamentos e queimadas na Amazônia depende do aproveitamento parcial das áreas desmatadas, inserindo atividades produtivas adequadas e da recuperação de áreas.  Nesse contexto, ações voltadas para o  fortalecimento de sistemas produtivos pautados no uso sustentável da biodiversidade, que promovam justiça social para as populações locais fazem parte dos desafios para promover a bioeconomia inclusiva.

Clique aqui para baixar o arquivo pdf do livro Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia

Síglia Souza (Mtb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental

Contatos para a imprensa
[email protected]

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

Contatos para a imprensa
[email protected]

Fonte: EMBRAPA / Foto: Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa Amazônia Oriental


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *