Mensagens falsas nas redes sociais têm afirmado que o Chile já vacinou aproximadamente metade da população com a CoronaVac, porém está com 98% de ocupação de leitos e precisou decretar lockdown, sugerindo que o imunizante não funciona. O texto inverídico também relaciona o aumento dos casos de Covid-19 ao uso da vacina.
A CoronaVac, no entanto, já se provou segura e eficaz com realização de diversos estudos clínicos nacionais e internacionais. Inclusive, o Ministério da Saúde do Chile divulgou pesquisas sobre a eficácia da CoronaVac, um dado oficial e confiável. Os testes constataram 90,3% de eficácia na prevenção de internações em UTI; 86% na prevenção de mortes; 87% na prevenção de hospitalização e 65,3% na prevenção de infecções sintomáticas por Covid-19.
Em entrevista ao UOL, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, citou os dois relatórios divulgados pelo Ministério da Saúde chileno sobre o desempenho da vacina, que mostrou alta eficiência, e ressaltou que os novos casos que têm aparecido no Chile afetam majoritariamente as populações que não receberam a vacina, principalmente os mais jovens.
Apesar de o Chile ter alcançado uma cobertura vacinal com as duas doses próxima de 50%, estudos têm demonstrado – como é o caso do Projeto S, realizado pelo Butantan na cidade de Serrana – que é necessário ter ao menos uma parcela de 70% de pessoas imunizadas para que se tenha um efeito indireto da vacinação. Isto é, quando a circulação do vírus se reduz a ponto de evitar o contágio de quem ainda não se vacinou.
Outras causas também são apontadas pelos especialistas como fatores para o aumento do número de casos e óbitos no Chile, já que a vacinação não pode ser a única medida adotada para conter o avanço da pandemia. Países como Reino Unido e Israel conseguiram reduzir as taxas de contaminação ao adotarem lockdown paralelamente à vacinação. As flexibilizações das medidas de segurança nestes países só entraram em pauta depois que uma parcela significativa da população já havia sido imunizada.
Vale lembrar que as doses de vacinas produzidas no Butantan são inteiramente destinadas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. O instituto não exporta doses do imunizante para o Chile. Os acordos do país relacionados à CoronaVac são fechados diretamente com a biofarmacêutica chinesa Sinovac. Informações do site Instituto Butantan.