Aumento do financiamento aos sistemas alimentares é crucial para soluções climáticas

economia

Modelo propõe diversificação de proteínas e incentivo à inovação.

Até o dia 22 de novembro, a COP29, em Baku, no Azerbaijão, reúne líderes globais para redefinir um novo compromisso financeiro para conter as mudanças climáticas. O evento é uma oportunidade para garantir um aumento expressivo no financiamento aos sistemas alimentares, setor que gera 33% das emissões globais de gases de efeito estufa, mas que hoje recebe apenas 3% dos investimentos climáticos – 22 vezes menos que os setores de energia e transporte. Com o compromisso de US$ 100 bilhões anuais demonstradamente insuficiente para apoiar a adaptação e mitigação nos países em desenvolvimento, o GFI ressalta que o aumento desses investimentos não pode ser mais adiado.

Para que as metas do Acordo de Paris sejam alcançadas, também é essencial que os sistemas alimentares sejam integrados de forma sólida nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e nos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) dos países. No entanto, o cenário atual de financiamento e a falta de uma inclusão expressiva do setor alimentar nas NDCs são insuficientes para reduzir emissões ou garantir a resiliência climática de forma significativa.

Segundo Gus Guadagnini, presidente do GFI Brasil, “o financiamento climático robusto e direcionado aos sistemas alimentares é essencial para apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis, reduzir emissões e fortalecer a resiliência das cadeias de produção de alimentos frente aos desafios climáticos, especialmente em países do Sul Global, onde a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável são necessidades urgentes”.

Atualmente, cerca de 828 milhões de pessoas sofrem com a fome e 95% delas estão concentradas no Sul Global. O modelo ideal de financiamento climático, defendido pelo GFI Brasil, inclui apoio governamental e privado para promover a diversificação das fontes de proteína e facilitar a transição para cadeias de produção de alimentos de baixo carbono. Esse financiamento deve apoiar diretamente a pesquisa e a inovação, além de fomentar parcerias entre agricultores, empresas e instituições de pesquisa, garantindo que os sistemas alimentares possam evoluir para um modelo mais eficiente, sustentável e resiliente.

Proteínas alternativas: uma solução escalável para as mudanças climáticas

O GFI Brasil acredita que as proteínas alternativas representam uma solução promissora para o setor agroalimentar. Segundo o estudo “Recipe for a Livable Planet”, publicado recentemente pelo Banco Mundial, as proteínas alternativas ocupam o segundo lugar entre as intervenções com maior potencial de redução de emissões, ficando atrás apenas do reflorestamento. Com capacidade de reduzir até 6,1 bilhões de toneladas de CO₂ por ano – o equivalente a retirar 1,3 bilhão de carros das ruas globalmente durante o mesmo período –, as proteínas alternativas oferecem uma resposta concreta para atender à crescente demanda por alimentos mais sustentáveis, éticos, saudáveis e acessíveis.

O GFI Brasil trabalha para que as proteínas alternativas sejam reconhecidas nas discussões da COP29 como uma ferramenta essencial para os países que buscam integrar soluções de baixo carbono em suas NDCs. A diversificação das fontes de proteína, ou seja, a incorporação de proteínas vegetais, cultivadas e obtidas por fermentação na dieta global, permite reduzir a dependência de práticas agrícolas intensivas que pressionam as fronteiras agrícolas e a biodiversidade. Além disso, essa diversificação estimula a inovação tecnológica, os investimentos e o desenvolvimento econômico, criando novas cadeias de valor a partir de uma bioeconomia sustentável para o Sul Global.

Objetivos do GFI Brasil na COP29

Foto: José Fernando Ogura

O GFI Brasil marcará presença nas discussões da COP29, com a missão de promover as proteínas alternativas como uma das soluções climáticas mais relevantes para governos e sociedade civil da América Latina e Caribe. Além de promover a inclusão dessas novas fontes de alimentos nas NDCs dos países, a instituição defenderá a necessidade de apoio governamental e marcos regulatórios para a pesquisa, desenvolvimento e comercialização dessas tecnologias, essenciais para atingir as metas climáticas e de biodiversidade.

A organização participará ativamente das discussões e dos Grupos de Trabalho para Agricultura (SSJWA) e Adaptação Climática. O  GFI Brasil também organizará um evento no Pavilhão da FAO (ONU), para debater sobre a integração de diferentes soluções para fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares e apoiar agricultores e produtores frente aos desafios das mudanças climáticas. Saiba mais sobre o evento aqui.

O fundador e presidente do GFI, Bruce Friedrich, participará do painel “Proteínas Alternativas para o Clima, a Fome e a Saúde Global”, organizado pela FAO  e pelo Grupo Consultivo de Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR). Ele também estará em um painel organizado pela Climate Action, “Inovação Agroalimentar: Soluções Pioneiras para a Ação Climática”. Saiba mais sobre os eventos aqui e aqui. Muitos eventos da COP29 serão transmitidos ao vivo. Consulte o site da organização para mais detalhes.

Fonte: Assessoria GFI Brasil / Fotos: Divulgação/GFI Brasil

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *