Além de gargalos técnicos, eleições brasileiras e crise econômica na Argentina são apontados como possíveis fatores que dificultam negociação neste momento
Diplomatas brasileiros afirmaram à CNN que o governo brasileiro já estaria avaliando como improvável que neste ano tenha avanços significativos em torno do acordo comercial envolvendo os blocos econômicos do Mercosul e da União Europeia.
Além de gargalos técnicos, que ainda precisam ser resolvidos, fontes do Itamaraty apontam à CNN as eleições brasileiras e a crise econômica na Argentina como fatores que dificultam uma negociação.
A avaliação é de que apenas uma definição do próximo mandatário do Palácio do Planalto e um arrefecimento do quadro de instabilidade na Argentina permitirá o retorno das negociações.
O governo brasileiro nunca deixou de manter contato com o bloco europeu com vistas a um acordo, mas o ritmo das negociações tornou-se mais lento nos últimos meses, diante das incertezas políticas e econômicas no Mercosul.
Além do cenário geopolítico e da instabilidade regional, há pelo menos três etapas de caráter técnico que precisam ser superadas para que o acordo comercial seja viabilizado.
A primeira se refere à comprovação por produtores agropecuários do direito de explorar as chamadas indicações geográficas, ou seja, nomes de produtos associados a uma região, como de queijos e bebidas, por exemplo.
O segundo entrave se refere a adendos que devem ser incluídos no texto final pela União Europeia referentes a questões ambientais. Os termos, contudo, ainda não foram informados ao Mercosul e devem passar por nova rodada de negociações.
E a última etapa é o processo de revisão legal do texto final, um esforço que costuma ser demorado já que os termos do acordo não podem ir de encontro a legislações regionais.
O acordo entre o Mercosul e a União Europeia envolveria a redução imediata ou gradual de tarifas de importação, com o potencial de tornar mais baratos ao mercado consumidor produtos tanto agropecuários como industriais.
A negociação já se arrasta por mais de vinte anos e, caso ela seja exitosa, a promessa é de que seja o maior acordo de livre comércio da história.
A CNN entrou em contato com os ministérios da Economia e das Relações Exteriores sobre o avanço nas negociações e aguarda retorno.