Correio da Bahia – Adaptada aos tempos de pandemia e isolamento social, a Balada Literária, criada em São Paulo, chega à 15ª edição, que acontecerá virtualmente. A versão baiana, que está na sexta edição, será realizada simultaneamente, também pela internet, de hoje até segunda-feira. Desta vez, são dois homenageados, ambos negros: a escritora Geni Guimarães, por São Paulo, e o escritor e músico Juraci Tavares, pela Bahia.
“A negritude é uma questão central da Balada Literária da Bahia, então sempre homenageou e homenageará negros e negras”, afirma o poeta Nelson Maca, curador e produtor da edição baiana.
Ele destaca também outro caráter fundamental da Balada: a preocupação com a representatividade e a diversidade. Por isso, homens, mulheres, trans, travestis e homossexuais estão sempre presentes no evento.
Mas a diversidade está também na arte que será apresentada, já que a Balada não se restringe à literatura e, como em anos anteriores, há espaço para audiovisual, música, performance e outras manifestações. Por isso, os dois homenageados são temas de documentários produzidos especialmente para o evento. A produção sobre Geni Guimarães, dirigida por Day Rodrigues, será apresentada hoje, às 19h. O filme sobre Juraci Tavares, com direção de Ricardo Soares, terá exibição no sábado, às 18h.
O homenageado baiano foi professor da Escola Técnica Federal, atual IFBA. Desde jovem, escreveu, mas foi quando tinha por volta de 45 anos que se dedicou mais à produção artística e, já aposentado, foi estudar música na UFBA. “De uns 12 anos pra cá, ele começou a participar de festivais interpretando suas músicas. Lançou um disco, Umbilical, e também um livro com poemas e letras, Vocábulos Caminhantes”, destaca Nelson Maca.
Juraci é também compositor de músicas de blocos afros como o Ile Aiyê e o o Malê Debalê. No sábado, após a exibição do documentário, o músico será entrevistado pela cantora Fabiana Cozza.
Geni Guimarães
O escritor Marcelino Freire, criador e curador da edição paulista da Balada, fala sobre a importância de Geni Guimarães: “Ela é a própria poesia personificada. Uma grande escritora, professora e festejada pelos movimentos negros”. Geni estará na roda de conversas da abertura, após a apresentação de seu documentário. Na mesma sessão, estará uma das mais elogiadas autoras brasileiras contemporâneas: Conceição Evaristo, amiga da homenageada, que também será entrevistada.
Geni venceu o Prêmio Jabuti de autor revelação em 1990 pelo livro infantojuvenil A Cor da Ternura. Inspirado em sua própria vida, conta a história de uma menina de uma família pobre que tem sete irmãos e que, quando cresce, se torna uma professora preocupada em ensinar lições sobre tolerância e respeito.
Márcia Tiburi, Douglas Machado, Gabi da Pele Preta, Esmeralda Ribeiro, Joel Zito Araújo e Daniel Munduruku são outros que estarão presentes nesta edição. A programação completa está no site baladaliteraria.com.br, onde estará concentrada a exibição dos eventos, que estarão também nas redes sociais da Balada.
Maca faz questão de ressaltar que, embora se trate de uma edição virtual, tudo está sendo feito com muito apuro.
“Não se trata de um ‘arremedo’, nem de uma estratégia de sobrevivência. Nunca tivemos os milhões que outras festas literárias têm, mas temos apoio fundamental de instituições como o Sesc e o Itaú Social”.
Neste ano, a equipe que trabalha nos bastidores das produções artísticas também terá destaque: seguranças, camareiras e outros profissionais vão fazer uma breve apresentação dos eventos.