Na contramão da especulação imobiliária, projeto de lei do vereador Carlos Muniz propõe que terrenos vendidos para a construção de espigões na praia do Buracão sejam usadas pela comunidade
Seis meses atrás, a Associação de Moradores da Rua do Barro Vermelho, em Salvador, ouviu os apelos dos residentes da região e iniciou uma campanha contra a construção de três torres, de 18 andares cada, que impactariam diretamente na balneabilidade na praia do Buracão, situada no Rio Vermelho. A obra em questão, no entanto, pode ser barrada por um projeto de lei proposto pelo presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz (PSDB).
A proposta apresentada por Muniz, que por enquanto tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), propõe desapropriar três imóveis de números 274, 292 e 218 e utilizar os terrenos, onde seriam construídas torres, para criar uma praça pública e um estacionamento. O objetivo é atender aos visitantes e moradores que se revoltaram com o projeto dos grandes espigões à beira-mar.
Em entrevista à Rádio Metropole, o integrante da Associação das Comunidades da Praia do Buracão e ativista Daniel Passos já havia condenado a iniciativa do empreendimento e pontuado que era preciso evitar a transformação da cidade em “um canteiro de vendas”. “É importante dizer que o movimento não visa que não se construa nada. A gente acredita no desenvolvimento sustentável. Isso é, um projeto que ao mesmo tempo desenvolva a economia, as questões sociais e abrace também o meio ambiente”, pontuou.
Ao Jornal Metropole, o presidente da Casa detalhou o projeto e, assim como o ativista, condenou a construção do empreendimento, afirmando que não deseja ver a capital baiana se transformar “num balneário de grandes empreendimentos em frente à praia”. “A ideia é dar uma resposta social que vai de encontro aos avanços dos grandes empreendimentos em áreas por excelência destinadas ao lazer do público e à preservação do meio ambiente. O objetivo é garantir que áreas inservíveis ou desocupadas tenham sua função social cumprida”, disse Muniz.
No projeto, o vereador alega que o empreendimento à beira-mar vai prejudicar a região da praia do Buracão, ao “descaracterizar a área como de lazer” e “sombrear a praia ao meio-dia”. A escolha da instalação da praça e do estacionamento foi justificada pela necessidade de utilizar o espaço para benefício coletivo, valorizando a comunidade em detrimento da especulação imobiliária.
Fonte: Metro 1 / Foto: Metropress/Filipe Luiz