Estratégia seria atrasar o julgamento da indenização das vítimas das mineradoras, dizem advogados
Os advogados que representam as vítimas do rompimento da barragem de Mariana acreditam que o embate entre a mineradora brasileira Vale e a BHP nos tribunais britânicos é uma “jogada simulada”, uma tentativa de atrasar o processo que já colocou a mineradora anglo-australiana como ré nos tribunais da Grã-Bretanha.
As duas maiores mineradoras do mundo começaram a se enfrentar nesta 4ª feira (12.jul) na Corte de Tecnologia e Construção de Londres. Oficialmente, a BHP quer a companhia da Vale no banco dos réus.
A mineradora anglo-australiana queria evitar o julgamento nos tribunais britânicos, mas perdeu uma batalha de 5 anos com um escritório de advocacia inglês, que representa as vítimas.
“A estratégia da BHP tem sido atrasar esse processo desde 2018. Tudo o que eles tem feito é pra tentar atrasar”, afirma Tom Goodhead, dono do escritório Pogust Goodhead, que já tem cerca de 700 mil brasileiros na lista de clientes.
Entre eles, estão moradores de Bento Rodrigues, distrito de Mariana, destruído pelo rompimento da barragem, povos indígenas, prefeituras e Igrejas. Eram 200 mil antes do escritório conseguir a garantia do julgamento no Reino Unido.
A Vale alegou que “trata-se de uma questão discutida judicialmente e todos os esclarecimentos vêm sendo oportunamente apresentados no processo”.
Assim que houver uma resposta da BHP, este texto será atualizado.
A anglo-australiana BHP e a Vale são controladoras da Samarco, responsável pela barragem do Fundão que se rompeu em novembro de 2015.
O rejeito de minério liberado soterrou e matou 19 pessoas no distrito de Bento Rodrigues, que ficou completamente destruído, além de ter provocado danos ambientais sem precedentes em todo o curso do rio Doce, até o Espírito Santo.
“Do rio, nós tirávamos sustento, remédio e nossa energia espiritual. Hoje isso não existe mais”, afirmou Mychael Krenak, representante do povo Krenak, um dos indígenas presentes na manifestação de hoje em frente à corte londrina.
Ainda que não estejam diretamente envolvidos na ação, indígenas, prefeitos, moradores de Bento Rodrigues e jornalistas brasileiros têm sido trazidos a Londres pelo escritório de advocacia, como forma de mobilizar a opinião pública, o que pode ajudar a pressionar a justiça britânica.
Fonte: SBT News