Estudo do FMI, realizado em 2023, identificou mais de 2,5 mil medidas de política industrial em 75 países
O diretor de Planejamento e Relacionamento Institucional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Barbosa, participou ao lado do presidente da República em exercício e ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, da abertura do seminário “Políticas Industriais no Brasil e no Mundo”, realizado terça, 6, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. O evento, organizado pela CNI, em parceria com o MDIC e BNDES, discutiu políticas de estímulos a uma indústria “inovadora, digitalizada, produtiva, exportadora e verde”, que já vêm sendo adotadas em países desenvolvidos.
Em sua fala, Alckmin destacou que não há possibilidade de o país crescer se não valorizar sua própria indústria. “Não há desenvolvimento social e econômico, ganho de renda e salários de maior valor, se (o país) não tiver sua indústria, na ponta da vanguarda tecnológica”, afirmou.
Nelson Barbosa enfatizou que uma economia forte depende de uma indústria forte e que se renove. Segundo ele, em todos os lugares do mundo, a indústria é o setor que mais gera ganhos de produtividade e o desafio é conciliar riquezas e recursos naturais com diversificação produtiva, para gerar empregos de qualidade em um país com mais de 210 milhões de pessoas.
“É preciso aumentar o volume de comércio industrial para inserir o Brasil, competitivamente, nas cadeias globais ou regionais de valor. É preciso ter sustentabilidade ambiental e social. Diante dos desafios da mudança climática, a política industrial tem de ser compatível com a redução de emissões, com o aumento da eficiência energética e com a preservação da biodiversidade. Também é preciso ter transparência e prestação de contas para identificar o que está dando certo e o que precisa mudar”. Sobre este ponto, o diretor destacou que o BNDES, recentemente, foi apontado pelo TCU como a instituição mais transparente da República.
O vice-presidente da CNI, Leonardo de Castro, parabenizou Alckmin por liderar a agenda do reencontro do Brasil com a indústria. Castro destacou que o Brasil voltou a ter uma estratégia estruturante para renovação e fortalecimento do setor industrial, com o Plano Nova Indústria Brasil (NIB), lançado em janeiro deste ano pelo Governo Federal.
“Estamos convictos de que a falta de uma política de Estado que valorizasse a indústria brasileira contribuiu para o baixo crescimento do Brasil. De 2013 a 2023, o PIB brasileiro apresentou um crescimento médio de 0,5% ao ano. No mesmo período, a agropecuária cresceu 3,3% ao ano, os serviços 0,8%, e a indústria encolheu 1,8% ao ano. O NIB une o país, os trabalhadores, o setor produtivo e todos aqueles que querem ver um Brasil voltar a crescer por ciclos maiores e a uma taxa maior do que 2,5% ou 3% ao ano”, citou.
Castro destacou ainda a importância central da agenda de descarbonização. Para ele, o país precisa trabalhar para usar as fontes renováveis como vantagem competitiva. Atualmente, 83,7% da energia do país vem de fontes renováveis, enquanto a média mundial é de 29%. “Além da crescente oferta de energia eólica, solar e de outras fontes renováveis, o Brasil tem projetos ambiciosos para a produção de hidrogênio de baixo carbono”, observou.
US$ 12 trilhões em recursos – Nos últimos anos, o tema da política industrial ganhou destaque. Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizado em 2023, identificou mais de 2,5 mil medidas de política industrial em 75 países. Desde 2019, países como Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul, China, Japão, Reino Unido anunciaram planos, programas e estratégias que mobilizam mais de US$ 12 trilhões em investimentos e incentivos, focando na resolução dos desafios mais significativos para cada nação.
Acompanhando a tendência global, o Brasil reativou uma agenda positiva para a indústria. Além do lançamento do Nova Indústria Brasil (NIB), que mobiliza R$ 300 bilhões para o setor, dos quais aproximadamente R$ 250 bilhões são oriundos do BNDES, também há o Plano de Transformação Ecológica (PTE) e a utilização do poder de compra no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para o Governo Federal, essas iniciativas são basilares para que o crescimento e desenvolvimento econômico e social do país, em bases inovadoras e sustentáveis, seja retomado de forma inovadora e sustentável.
“A forma de fazer política industrial mudou” – No evento, painel sobre governança e condicionalidades da política do setor foi aberto pelo diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI e presidente do Conselho de Administração do BNDES, Rafael Lucchesi. Para ele, é essencial entender que a forma de fazer política industrial mudou.
“Está na hora de o Brasil abandonar o fracasso e ter ousadia na agenda de política industrial. Em uma democracia, isso não vai acontecer sem que os industriais brasileiros sejam pragmáticos e exijam isso. Os grupos de interesse têm que se posicionar”, defendeu.
O secretário de Gestão e Inovação do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Roberto Seara, discorreu sobre o processo de compras públicas. Ele explicou que “depois de três décadas seguindo apenas o critério de menor preço, hoje o ministério tem como meta mudar essa prática, que comprovadamente não atende mais ao país”.
Seguindo o debate, o superintendente de Desenvolvimento Produtivo e Inovação do BNDES, João Paulo Pieroni, ressaltou que o Banco tem aprimorado a metodologia de “conteúdo local”, na qual as cadeias produtivas são tratadas de forma mais individualizada. “A gente consegue enxergar dentro das cadeias qual é o conteúdo tecnológico crítico, o que é relevante para o país ou qual tecnologia precisa ser implementada no país”, esclareceu Pieroni.
Fonte: Agência BNDES de Notícias / Foto: Gilberto Sousa/CNI