Brasil pode ganhar espaço com novas tarifas aplicadas aos EUA, aposta Ricardo Santin

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Medida é uma resposta direta às tarifas aplicadas pelo governo americano sobre produtos chineses e pode gerar uma reconfiguração importante no comércio global de proteína animal.

Entram em vigor as novas tarifas impostas pela China sobre produtos agropecuários dos Estados Unidos. A medida é uma resposta direta às tarifas aplicadas pelo governo americano sobre produtos chineses e pode gerar uma reconfiguração importante no comércio global de proteína animal. Em coletiva de imprensa realizada na última terça-feira (11), na sede da Cotriguaçu, em Cascavel (PR), Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), destacou que essa mudança pode abrir novas oportunidades para o Brasil nos mercados impactados.
“O Brasil tem trabalhado respeitando a autonomia de cada país. É importante a gente entender que os Estados Unidos tem um presidente eleito legitimamente. Ele está tomando as suas atitudes. As negociações vão ser feitas, mas nós não exportamos nada diretamente para os Estados Unidos que seja tão importante a ponto de ter uma tarifa. A gente exporta bastante carne suína, exporta tilápia, agora começa a exportar ovo. Mas não são volumes que parecem que terão alguma tarifação. Esperamos que não tenham”, explicou Santin.

Presidente da ABPA, Ricardo Santin: “O Brasil tem trabalhado respeitando a autonomia de cada país. É importante a gente entender que os Estados Unidos tem um presidente eleito legitimamente. Ele está tomando as suas atitudes”

No entanto, o impacto indireto pode ser significativo. O presidente da ABPA ressaltou que os concorrentes americanos nos mercados onde o Brasil já atua podem sofrer os efeitos dessas tarifas, o que pode beneficiar a posição brasileira. “A gente não gosta de aumentos de tarifas. Por exemplo, a China acabou de retaliar em 15% as importações de carne de frango dos Estados Unidos, em 10% as importações de carne suína. Isso deve sim ter uma readequação desse comércio global”, afirmou.

Os volumes exportados pelos EUA para esses mercados são expressivos e, caso haja uma redução nas compras desses países, o Brasil pode ampliar sua presença. “No ano passado, os Estados Unidos exportaram mais de 140 mil toneladas de carne de frango e mais de 400 mil toneladas de carne suína para a China, exportaram perto de 200 mil toneladas de frango e de suíno para o Canadá e 700 mil toneladas de carne de frango e 140 mil toneladas de carne suína para o México. Ou seja, são volumes muito importantes e impactantes na esfera global”, destacou Santin.

Ele enfatizou que o Brasil já possui presença nesses mercados e pode ganhar espaço caso os EUA percam competitividade devido às novas tarifas. “Em todos esses casos em que os Estados Unidos está promovendo esse aumento de tarifa, já somos parceiros desses mercados. A gente já vende para o Canadá, para o México e para a China. Naturalmente, os produtos americanos não vão desaparecer do mercado, vão para outros países que não tenham sido tarifados ou que não tenham tido uma resposta tarifária”, mencionou.

A mudança pode não refletir em aumento imediato no volume exportado pelo Brasil, mas pode resultar em melhores preços e fortalecer o país como fornecedor confiável. “A gente não gosta de ver esse aumento de tarifas, mas no frigir dos ovos é possível que o Brasil não aumente o volume, mas vai ter efeito no preço e na qualificação das nossas vendas como um parceiro confiável. Acredito que isso possa acontecer já de imediato a partir do dia 12”, apontou o presidente da ABPA.

O Brasil também está preparado para atender uma eventual maior demanda sem comprometer o abastecimento interno. “Estamos prontos, inclusive, para aumentar a produção se precisar, sem tirar a comida da mesa dos brasileiros. Desde a pandemia, nós aumentamos a oferta do mercado interno, trabalhamos no Brasil para fornecer comida para o brasileiro. Cerca de 65% do frango fica no Brasil, 75% do suíno fica no Brasil, 99,2% do ovo fica no Brasil. A gente produz para o brasileiro. Mas, além de aumentar a oferta no mercado interno, como fizemos nos últimos cinco anos e vamos fazer nesse ano também, nós aumentamos as exportações”.

Com a entrada em vigor das novas tarifas hoje, o mercado deve passar por uma fase de adaptação. O Brasil, que já se consolidou como um dos principais players globais na produção e exportação de carne suína e de frango, se coloca em posição estratégica para atender a demanda global. A próxima etapa dependerá de como os importadores reagirão aos novos custos e de eventuais ajustes na política comercial dos Estados Unidos, da China e de outros países impactados pelas tarifações.

Presenças

A coletiva de imprensa contou também com a participação do presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Roberto Kaefer, do presidente da Lar Cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues, do presidente da Coopavel, Dilvo Groli, e do presidente da Frimesa, Elias Zydek.

Fonte: O Presente Rural / Fotos: Giuliano De Luca/OP Rural

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