A competitividade menor do milho brasileiro frente a EUA e Argentina levam à pressão sobre os preços, exigindo uma abordagem mais estratégica e uma adaptação rápida às mudanças de mercado.
O Brasil, que em 2023 se tornou o maior exportador de milho do mundo, superando os Estados Unidos, pode ver essa posição de liderança mudar em 2024. O feito aconteceu apenas duas vezes na história, a primeira em 2013 e a segunda, no ano passado. Em 2023, o Brasil registrou um volume recorde de exportações, alcançando mais de 55 milhões de toneladas de milho, um feito histórico.
Esse desempenho foi impulsionado por uma safra excepcional, um aumento na demanda externa e a competitividade do milho brasileiro. Contudo, o cenário para 2024 parece menos promissor. As projeções indicam uma queda significativa nas exportações brasileiras de milho, devido a uma série de fatores adversos, incluindo redução na produção e o fortalecimento da concorrência internacional. “A expectativa para 2024 é que o Brasil exporte entre 35 a 38 milhões de toneladas de milho, uma queda substancial em comparação ao ano anterior. A combinação de uma menor produção doméstica e a recuperação da produção nos Estados Unidos, somada ao retorno de grandes exportadores como Argentina e Ucrânia, estão reduzindo nossa competitividade no mercado internacional,” afirma o country manager da Biond Agro, Enrico Manzi.
Fatores de redução na exportação brasileira
Antes de analisarmos os fatores de queda em 2024, é necessário fazer um retrospecto da liderança brasileira em 2023. A safra recorde de milho no Brasil, que ultrapassou 130 milhões de toneladas segundo a Conab, foi um reflexo direto da combinação de clima favorável e técnicas agrícolas aprimoradas.
Esse desempenho excepcional ocorreu em um cenário de crescente demanda global, especialmente de mercados como China e União Europeia. Adicionalmente, problemas na produção de milho nos EUA, devido a condições climáticas adversas e redirecionamento para biocombustíveis, posicionaram o Brasil como líder nas exportações do grão no ano em questão.
Já para 2024, o cenário em relação às exportações de milho devem se comportar de forma diferente:
- Redução da produção: As previsões indicam que a produção de milho no Brasil será menor em 2024. Condições climáticas desfavoráveis, aliadas a uma possível redução na área plantada, podem reduzir a produção para cerca de 115 milhões de toneladas, segundo estimativas da Conab.
- Recuperação da Produção nos EUA: Espera-se que os Estados Unidos recuperem sua produção de milho em 2024, com previsões de uma safra abundante devido à melhoria das condições climáticas e ao aumento na área plantada. Segundo último número divulgado pelo USDA, cerca de 385 milhões de toneladas podem ser colhidas por lá. Isso pode reduzir a competitividade do nosso milho
- Competição Internacional: Outros grandes exportadores de milho, como Argentina e Ucrânia, que enfrentaram dificuldades em 2023, devem voltar ao mercado com força em 2024, aumentando a concorrência e pressionando os volumes exportados pelo Brasil.
- Menor Demanda Global: Uma possível desaceleração econômica global pode reduzir a demanda por commodities agrícolas, incluindo o milho. A economia global enfrenta incertezas, com previsões de menor crescimento em grandes economias como China e União Europeia.
“Até agosto, Brasil leva exportadas cerca de 16,5 milhões de toneladas, comparado a 24,5 milhões de 2023, 18,7 milhões de 2022 e 17,65 milhões da média dos últimos três anos, fazendo com que as estimativas de número final de exportação fique ao redor de 35 a 38 milhões de toneladas”, comenta Manzi.
Como mitigar os impactos nas receitas dos produtores brasileiros
Apesar do crescente consumo do mercado interno brasileiro, puxado principalmente pela demanda de milho para produção de etanol, fortalecido pela pauta de transição da matriz energética brasileira, uma maior oferta global somada à queda nas exportações podem seguir causando pressão nos preços do milho no mercado interno do Brasil.
O ano de 2024 apresenta desafios significativos para os produtores de milho no Brasil. A competitividade menor do nosso milho frente a EUA e Argentina levando à pressão sobre os preços exigem uma abordagem mais estratégica e uma adaptação rápida às mudanças de mercado. “Neste cenário desafiador, um parceiro estratégico para os produtores rurais, que oferece estratégias personalizadas de comercialização para o produtor e apoia o processo de venda da produção é necessário. A Biond está bem posicionada para ajudar os produtores a navegar por essas incertezas, oferecendo as ferramentas e o suporte necessários para continuar prosperando no mercado”, expõe Manzi.
Fonte: Assessoria Biond Agro / Foto: Cláudio Neves/APPA