Uso crescente de energia solar, que contribui para a redução da pegada de carbono e dos custos energéticos da atividade.
A avicultura brasileira desponta como um dos pilares fundamentais da segurança alimentar global, combinando avanços tecnológicos, práticas sustentáveis e uma robusta capacidade produtiva. No entanto, o setor enfrenta um cenário de intensos desafios, tanto no campo quanto na indústria, impulsionados pelas demandas crescentes por sustentabilidade e conformidade sanitária.

Com uma combinação de condições climáticas favoráveis, produção fora do bioma amazônico e crescente uso de energias renováveis, o Brasil se consolida como líder global em carne de frango. “A busca pela eficiência produtiva está atrelada a iniciativas que otimizam o uso de recursos naturais e investem em inovação tecnológica, reforçando o compromisso com a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico”, elenca o ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
De acordo com ele, um dos pilares da sustentabilidade na avicultura é o uso crescente de energia solar, que contribui para a redução da pegada de carbono e dos custos energéticos da atividade. “Além disso, a produção de insumos no Brasil diminui a dependência de importações e fortalece a cadeia produtiva local”, expôs Turra durante sua participação na Conferência Brasil Sul da Indústria de Produção de Carne de Frango (Conbrasfran), realizada em meados de novembro pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), em Gramado, na serra gaúcha. “A otimização de recursos é outra frente importante, com iniciativas voltadas à eficiência no uso de água, grãos e energia. A aplicação de tecnologias de precisão não apenas aumenta os ganhos produtivos, mas também minimiza desperdícios e promove a sustentabilidade econômica e ambiental”, completou.
Turra frisa ainda que a responsabilidade agroindustrial vai além de aumentar a produção, envolve garantir que os alimentos sejam produzidos de forma ética, ambientalmente responsável e economicamente viável. “Isso inclui investimentos em pesquisa e desenvolvimento, adoção de novas tecnologias e um compromisso firme com a sustentabilidade em todas as etapas da cadeia produtiva”, salienta.
Cenário atual de produção e exportação
O Brasil se consolidou como o maior exportador de produtos avícolas, com desempenho expressivo nos últimos 20 anos. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações totais de carne de frango alcançaram mais de 73 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 122 bilhões. “Somando todos os segmentos de proteínas animais, incluindo ovos, suínos e bovinos de corte, nas últimas duas décadas o Brasil exportou mais de 113,3 milhões de toneladas, movimentando cerca de US$ 260,5 bilhões”, aponta Turra.
O Brasil é responsável por 14,6% da produção global de carne de frango, sendo o segundo maior produtor mundial. Em 2024, o país produziu 15 milhões de toneladas, um aumento de 1,1% em relação ao ano anterior. E também é o maior exportador global, com 5,294 milhões de toneladas enviadas ao exterior no ano passado, representando 36,9% das exportações mundiais de carne de frango. Essa atividade gerou uma receita de US$ 9,928 bilhões, crescimento de 3% em relação a 2023.
Na produção de ovos, o Brasil é o quinto maior produtor mundial, com 57,6 bilhões de unidades produzidas em 2024, aumento de 9,8% em relação ao ano anterior. Contudo, as exportações de ovos apresentaram uma queda de 27,3%, totalizando 18.469 toneladas, enquanto a receita gerada foi de US$ 39,2 milhões, 37,9% menor do que em 2023.
O segmento de pintos de um dia também registrou crescimento em 2024, com 27.229 toneladas exportadas, um aumento de 2,8% em relação ao ano anterior. A receita, porém, teve uma leve redução de 0,8%, totalizando US$ 238,2 milhões.
Setor estratégico para a economia brasileira
A avicultura brasileira contribui com mais de 8% do Valor Bruto da Produção (VBP) do agronegócio e exporta para mais de 150 países, se consolidando como um setor estratégico para a economia nacional. “Mas para se manter como referência mundial o setor precisa continuar investindo em inovação, sustentabilidade e boas práticas sanitárias. Em um mundo em que a demanda por alimentos sustentáveis e seguros só tende a crescer, a avicultura brasileira tem a oportunidade de se destacar ainda mais, unindo eficiência produtiva e responsabilidade ambiental da atividade”, enfatiza Turra.
Empregos gerados
Ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra: “A aplicação de tecnologias de precisão não apenas aumenta os ganhos produtivos, mas também minimiza desperdícios e promove a sustentabilidade econômica e ambiental da atividade” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
O setor avícola é responsável pela geração de cerca de 2,6 milhões de empregos no Brasil, entre diretos e indiretos, com as regiões Sul e Sudeste do país sendo as principais responsáveis por abrigar essa força de trabalho.
De acordo com Turra, cerca de 90% da produção de carne de frango no Brasil está vinculada a sistemas de integração com empresas frigoríficas, modelo que envolve mais de 50 mil famílias de produtores e gera mais de 500 mil empregos diretos nos abatedouros.
Diversas cidades do interior que concentram a atividade avícola, e também a suinícola, demonstram índices elevados de desenvolvimento econômico e social. “A presença dessas atividades produtivas tem um impacto direto no desenvolvimento local, como é o caso de cidades como Lucas do Rio Verde (MT), São Gabriel do Oeste (MS), Concórdia (SC), Chapecó (SC) e Toledo (PR). O ranking estadual e federal dessas cidades reflete não apenas a importância econômica dos setores, mas também a consolidação das atividades produtivas como motores de crescimento regional”, enaltece o presidente do Conselho Consultivo da ABPA.
Fonte: O Presente Rural / Foto: Shutterstock