Em entrevista à Rolling Brasil, Brian Malouf falou sobre o concurso Djooky Music Awards e relembrou como foi trabalhar com grandes astros da música
ITAICI BRUNETT – Domingo, 2 de maio de 2021
Brian Malouf é o tipo de pessoa que, segundo ele mesmo afirma, estava no lugar certo e na hora certa. Produtor e engenheiro de som há quatro décadas, o americano teve o privilégio de trabalhar com os maiores astros da música. Em seu extenso e invejável currículo consta nomes como Michael Jackson, Queen, Madonna, Pearl Jam, Stevie Wonder, Taylor Swift, Celine Dion, Dave Matthews Band, Tokio Hotel e muitos outros.
Em 1981, aos 26 anos, Brian Malouf foi trabalhar para a Can-Am Records em Tarzana, na Califórnia. No mesmo ano, conheceu Michael Jackson e seus irmãos, os The Jackson 5, e acabou trabalhando com o Rei do Pop em músicas para o álbum Bad(1987). Na década de 1990, se consagrou ao ter Madonna, Queen, Pearl Jam, Hall & Oates e Smokey Robinson como clientes.
Com um total de 53 discos de ouro, platina e platina dupla conquistados, o produtor também atuou como executivo em várias grandes gravadoras ao longo dos anos e, em 2020, lançou no mercado a Djooky, plataforma digital que tem como objetivo a promoção e a democratização da indústria da música, além de abrir espaços para novos compositores.
Visando criar um impacto social duradouro na indústria, que é tradicional e dominada por grandes gravadoras, a Djooky procura construir um ecossistema onde o talento musical não conhece fronteiras e tem acesso a oportunidades de crescimento.
Direto de seu estúdio na Califórnia, Brian Malouf conversou com a Rolling Stone Brasilpara falar sobre a Djooky, o Djooky Music Awards (concurso que premia músicos emergentes com US$ 20 mil ou uma sessão de gravação na Capitol Records, em Los Angeles – à escolha do vencedor) e relembrar como foi trabalhar com os grandes astros da música.
Confira a conversa:
Rolling Stone Brasil: O que é a Djooky e como funciona?
Brian Malouf: Basicamente, a Djooky é uma plataforma de streaming que tem como objetivo servir como uma ferramenta global para músicos e compositores emergentes que querem ter reconhecimento ao redor do mundo, mas tão têm acesso e nem meios para tal alcance.
Como nasceu a ideia de criar a Djooky?
Bem, eu adoro a história da música global. Adoro saber das histórias desconhecidas de cada músico de cada canto do planeta. E eu adoro encorajá-los. Quero ajudá-los a compartilhar os seus trabalhos com milhares de pessoas. Por isso criamos a Djooky e o concurso Djooky Music Awards.
Como funciona o Djooky Music Awards? Qual é o critério para escolher o vencedor?
Os artistas se inscrevem no site do Djooky Music Awards, fazem upload das canções e há uma votação pública em que as pessoas escolhem suas músicas preferidas registradas na plataforma. Ao final de cada temporada, um grupo de jurados formado por músicos profissionais e produtores renomados escolhem o vencedor. Os critérios para determinar o ganhador são baseados na melodia, letra, ideias e arranjos musicais.
[Para participar do Djooky Music Awards como artista ou compositor acesse o site do Djooky. As inscrições vão até 16 de maio de 2021]
Como produtor e engenheiro de som, você tem um currículo invejável. Olhando hoje para o passado, como você se sente em relação a isso?
Incrivelmente sortudo, privilegiado e agradecido. Me diverti muito trabalhando com cada um dos artistas – ou com a maioria, pelo menos, e pude aprender muito como construir músicas, trabalhar ideias, criar arranjos para gravações e transformá-las em hits. É um mundo musical fascinante desde a parte criativa à parte técnica.
No entanto, ao mesmo tempo que foi muito gratificante e prazeroso ter esse contato profissional com todos esses artistas incríveis, eu também nunca trabalhei tanto em minha vida. Fui um workaholic, digamos. E tive a sorte de estar no lugar certo e na hora certa.
Qual foi o maior ensinamento que você adquiriu trabalhando com esses astros da música?
O melhor ensinamento para qualquer pessoa que trabalha com música em um estúdio é ter contato direto com compositores. É a melhor preparação que um profissional pode ter. Quando a mente de um compositor desse nível está cheia, ele simplesmente se senta ao piano, ou pega qualquer outro instrumento, e qualquer coisa que ele coloque para fora funciona. Não há escola melhor do que acompanhar de perto o trabalho de um compositor.
Como foi ter trabalhado com Michael Jackson?
Foi mágico. Me lembro do momento em que o conheci em 1983. Michael Jackson era a maior estrela da mídia naquela época, o maior popstar do planeta. De repente, o vi caminhando pela vizinhança e entrando no pequeno estúdio em que eu trabalhava, na Tarzana, Califórnia, com toda a sua família [The Jackson 5]. Trabalhamos no álbum Victory (1984) e depois fui engenheiro de som no álbum solo de Michael, Bad(1987).
Pessoalmente, como Michael Jackson era?
Michael foi a pessoa mais doce, humilde e gentil que eu já conheci em toda a minha vida. Ao mesmo tempo, ele foi a pessoa mais focada musicalmente que eu já conheci também.
Qual é a lembrança mais notálgica que você tem de Michael Jackson no seu estúdio?
Certa vez, John Barnes, colaborador de Michael, se sentou ao piano para apresentar uma ideia. Então, Michael começou a cantarolar as notas do contrabaixo de acordo com o que vinha em sua cabeça. Ele imaginava as notas e as cantava fazendo a progressão da música com notas menores e maiores intercalando com as do piano. É uma técnica que somente um gênio da composição possui. E Michael possuía.
Você também trabalhou em algumas faixas do Queen e mixou o famoso álbum ao vivo Live at Wembley ’86 . Teve contato com eles no estúdio?
Não tive contato com Freddie [Mercury], infelizmente, mas com Brian May, sim. Eu fiz a mixagem de alguns álbuns e singles do Queen, além de ter trabalhado na música “Driven By You”, do disco solo de Brian May em 1993.
Brian é um músico brilhante, sofisticado, humilde e um verdadeiro apreciador de música. Qualquer pessoa que tem a oportunidade de trabalhar ou colaborar com ele fica encantado com o tipo de pessoa que ele é, e com o tipo único de profissional que ele é.
Você também fez alguns trabalhos com a Madonna. Como ela se porta em um estúdio?
Madonna é brilhante e poderosa. Ela tem uma cabeça muito forte e definida para as coisas que quer. É tremendamente enérgica, focada e devota ao trabalho. Ela trabalha 24 horas por dia e leva muito a sério os negócios. A Blonde Ambition Tour [Turnê da Loira Ambiciosa, em português], que ela realizou em 1990, é a melhor maneira de descreve-la: uma pessoa muito ambiciosa que não para por nada.
De todos os seus trabalhos como produtor ou engenheiro de som, qual é o que você mais se orgulha?
Eu diria que sou muito orgulhoso das coisas que fiz com o Pearl Jam. No entanto, o trabalho que mais me orgulho de ter feito foi o álbum Sparkle & Fade, do Everclear, uma banda de rock do meio dos anos noventa.
O Everclear? Por que?
Bem, todos os artistas que eu trabalhei tinham boas músicas, boas composições e eram brilhantes. As músicas do Everclear não soavam boas. Eles eram uma banda de garagem; o baterista perdia o tempo toda hora, o baixista não era bom e o vocalista saia do tom.
Então, eu tive que ser mais do que um simples engenheiro de som. Tive que lutar contra a minha própria tendência de querer fazer tudo perfeito e me permitir levar pela emoção das canções. Eu aprendi a lidar com muitas coisas internas e no final das contas o álbum ficou ótimo.
Qual é a mixagem que você fez que, quando a ouve hoje, se sente realmente orgulhoso?
Tem várias, mas amo a mixagem que fiz para a música “If You Asked Me To”, de Celine Dion. É uma canção incrivelmente linda e com uma gravação maravilhosa. Mas eu gosto de todas as mixagens que fiz. Tenho muito orgulho delas.
No momento, devido a Djooky, você tem trabalhado e tido contato com muitos artistas novos. Você prefere trabalhar com nomes consagrados ou com quem está começando?
Eu prefiro trabalhar com artistas jovens e novos. Obviamente eles não têm a experiência de um artista de décadas de carreira, mas têm o futuro pela frente e inserem muita motivação em suas canções.
Atualmente, estou trabalhando com uma artista britânica de Manchester chamada Mica Miller. É o projeto que eu mais gostei de trabalhar porque está sendo muito revigorante para mim.
Para finalizar, você gosta de música brasileira? Admira algum artista do Brasil?
Eu adoro música brasileira. Eu cresci ouvindo Antônio Carlos Jobim. Quando comecei a tocar violão e guitarra, aprendi a tocar todas as suas músicas e não somente ‘”Garota de Ipanema”, a mais famosa. O catálogo todo de músicas dele é incrível. Informações do site Rolling Stones.
Taylor Swift e Brian Malouf