Carnaval 2023: Neguinho da Beija-Flor e Ludmilla vão cantar juntos na Sapucaí

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A partir do ano que vem, o intérprete vai cruzar a Sapucaí acompanhado de uma voz feminina que ele mesmo escolheu para reforçar os vocais da azul e branca de Nilópolis: A cantora Ludmilla

Há 47 anos como voz de uma das escolas de samba mais conhecidas do Brasil, Neguinho da Beija-Flor, 73, decidiu que o Carnaval 2023 é um momento de virada para o próprio trabalho. A partir do ano que vem, o intérprete vai cruzar a Sapucaí acompanhado de uma voz feminina (e inconfundível), que ele mesmo escolheu para reforçar os vocais da azul e branca de Nilópolis: a cantora Ludmilla, anunciada com festa na quadra da agremiação na noite da última quinta-feira, 20.

Protagonizando o auge de seus dez anos de carreira, Ludmilla já havia sido sondada pelo músico para exercer a função no ano passado, mas, por questões de agenda, aceitou o desafio rumo à próxima temporada. Em seu primeiro contato com a comunidade, ela subiu ao palco entoando os versos que a Beija-Flor escolheu, também no evento de hoje, para o desfile que está preparando sobre a Independência do Brasil a partir da Bahia.

Ao longo da ocasião, em que foi homenageada pela diretoria da escola e pelo próprio Neguinho, a cantora se disse emocionada com a novidade:

— “Foi com muita alegria que recebi e aceitei este convite! É uma honra estar ao lado do Neguinho, fazer parte desta escola que respeito e admiro tanto. Amo a Beija-Flor!”, comemora Ludmilla, complementando: “A vida tem me dado presentes maravilhosos, mas neste aqui ela caprichou. Uma surpresa linda, que estou abraçando com muito amor! Todos da Beija-Flor estão me abraçando, me recebendo muito bem, e vou me dedicar ao máximo para representar a Escola na Avenida e mostrar às mulheres que a gente pode ser o que a gente quiser!”, finaliza a cantora.

‘Sambista autêntica’, elogia Neguinho

Com uma trajetória musical trilhada por ritmos como o pop, o funk e o pagode, Ludmilla se tornou uma das figuras mais representativas da música brasileira e, hoje, acumula prêmios (o mais recente concedido esta semana, pelo canal Multishow: Hit do Ano pela música “Maldivas”) e grandes parcerias que a projetaram país e mundo afora (como “Tic Tac”, lançada em setembro em parceria com Sean Paul).

Neguinho, que acompanha os passos de Ludmilla e tem nela uma jovem inspiração, enxerga além da superstar de quem se tornou fã junto com as mulheres da própria família, como a mulher Elaine e a filha mais nova Luiza Flor. Para ele, a artista é, antes de tudo, uma “sambista autêntica”.

— A Ludmilla é uma sambista. Uma sambista autêntica. Que faz muito sucesso em outros segmentos, mas é uma pessoa sabidamente apaixonada pelo Carnaval e que tranquilamente vai ajudar em muito a sonoridade da Beija-Flor na Avenida — diz o intérprete, comemorando: — O samba tem raízes como as dela e, por isso, vai ser inesquecível desfilar cantando ao lado dela.

Com o convite aceito, e depois de diversos ensaios programados para os próximos meses, fevereiro marcará a primeira vez em que Ludmilla cantará na Sapucaí durante os desfiles — geralmente, ela é convidada para subir nos palcos dos camarotes do Sambódromo e também já fez shows na Praça da Apoteose, em outras épocas do ano.

Até aqui, ela já foi musa do Salgueiro, destaque da Unidos da Tijuca e, no ano passado, de surpresa, agiu para que a mulher, a dançarina Brunna Gonçalves, fosse convidada a desfilar pela Beija-Flor — agora, escola do coração do casal.

Signo feminino em Nilópolis

A chegada de Ludmilla ao rol de vozes da Beija-Flor, além da qualidade musical da agremiação, reforça funções sociais, institucionais e pedagógicas que têm sido defendidas pela instituição. No último Carnaval, por exemplo, o enredo foi uma exaltação à intelectualidade negra e práticas antirracistas, discurso que Ludmilla, hoje aos 27 anos, vocaliza de maneira eficiente desde que despontou, em 2012, ainda aos 17.

O movimento também contribui para uma busca da Beija-Flor por quadros cada vez mais femininos nos bastidores e em seus principais postos. Marcada por mulheres ilustres do samba como Pinah, a passista conhecida como “Cinderela Negra” e a porta-bandeira Selminha Sorriso, a história da escola de 73 anos permite que, hoje, tenha sido recém-escolhida uma jovem de 15 anos para o posto de rainha de bateria (a passista Lorena Raissa, coroada hoje) e também autoriza que a direção de Harmonia, responsável pelo canto da comunidade, tenha uma integrante mulher, Simone Santana.

Ludmilla, conforme destaca Neguinho, vai completar e ajudar a amplificar as vozes desses ícones femininos.

— Uma mulher. Preta. Da minha cor, da cor da Beija-Flor e de seu povo. E da favela, de onde ela é rainha. Uma das maiores cantoras da atual geração — classifica Neguinho, finalizando: — Fico feliz que ela esteja vindo cantar comigo e se transformar no nosso amuleto nas conquistas que virão.

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