Há 100 anos, festejos tiveram atividades nas várias áreas humanas para comemorar a data
Desembarcar na Bahia em um 2 de Julho é se deparar com festa nas ruas e sentimento de orgulho nos olhos dos baianos. Há 100 anos, no entanto, as celebrações tinham um brilho a mais. Era 1923 e o estado comemorava o centenário da Independência do Brasil na Bahia. Como presente aos baianos, os festejos contaram com programação especial, inaugurações e até lançamento de hino.
Para o historiador Jaime Nascimento, a comemoração do bicentenário, neste ano de 2023, não se compara ao que foi preparado para os festejos de 100 anos do 2 de Julho. Em entrevista à Rádio Metropole, ele contou que foram feitas atividades nas várias áreas humanas para comemorar a data.
“Estamos vivendo um momento histórico, mas infelizmente os poderes constituídos e parte das instituições culturais, que deveriam tomar à frente, resolveram não fazer nada, então nós estamos em 2023 fazendo muito pouco ou quase nada e humilhados perante o que se fez em 1923”, afirmou o historiador.
Senhor do Bonfim
Uma das principais atividades foi o lançamento da letra do hino cívico do Senhor do Bonfim, hoje considerado um dos maiores símbolos da baianidade. A composição foi feita por Arthur Salles e João Antônio Wanderley, a pedido do então prefeito de Salvador, Dr. Manuel Duarte de Oliveira, para a comemoração do bicentenário. Anos depois, em 1968, a canção foi imortalizada na voz de Caetano Veloso, no disco “Tropicália ou Panis et Circensis”.
“O hino do Senhor do Bonfim tinha apenas a parte orquestral. Ele foi feito apenas para ser tocado e executado através de instrumentos, mas se resolveu dar uma letra. É justamente por conta de ter sido [lançado] no ano do centenário da Independência na Bahia que todo o hino se refere a esse episódio histórico. Por isso que fala que há 100 anos nossos pais nos conduziste à vitória pelos mares e campos baianos são mares”, contou Jaime.
Casa da Bahia
Isso significa que neste 2 de Julho, a letra do hino completa 100 anos de lançamento, junto com a inauguração da sede do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), que também foi uma das atividades em comemoração ao centenário.
De acordo com Jaime Nascimento, a construção do prédio, que é conhecido como Casa da Bahia, foi resultado de campanha de arrecadação de fundos coordenado por Bernardino de Souza,
“Foram as pessoas, o povo baiano que doou dinheiro. Bernardino de Souza era secretário-geral e fez palestras, conferências para arrecadar dinheiro para isso, a esposa dele fazia recitais de piano para arrecadar dinheiro para isso, 90% do acervo mobiliário daquela sede são doações do povo da Bahia”, afirmou.
Prédio do Tesouro
O prédio histórico onde hoje funciona o Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira (Muncab), no Centro Histórico de Salvador, também foi inaugurado para comemorar os 100 anos do 2 de Julho. Na época, ele era usado como sede do Tesouro do estado, o que hoje seria um órgão como a Secretaria da Fazenda.
Uma edição especial do Diário Oficial do estado também foi publicada em homenagem ao centenário. Segundo o historiador, intelectuais e pessoas de diversas áreas foram convidadas para escrever textos sobre as mudanças da Bahia desde o 2 de Julho de 1823.
Já na celebração, o destaque foi o translado da imagem de Senhor do Bonfim, que saiu de sua Basílica para visitar a região onde acontece o cortejo cívico da Independência do Brasil na Bahia. A imagem foi colocada em uma galeota e puxada por integrantes da Escola de Aprendizes da Marinha em um rebocador. A espera por ela na Cidade Alta reuniu uma multidão de fiéis.
Fonte: Metro 1