Centenário da morte de Manuel Querino será lembrado com missa no Rosário dos Pretos

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Escritor, jornalista, historiador, político, desenhista, músico e pintor, Manuel Querino foi uma das mais influentes personalidades baianas de todos os tempos. E para lembrar os 100 anos de seu falecimento, será realizada uma Santa Missa nesta terça-feira (14), às 10h, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, um dos lugares onde exerceu importante autoridade durante a vida.

Foi, por exemplo, professor fundador do Liceu de Artes e Ofícios, um dos espaços em que se firmou como precursor dos estudos da contribuição africana para a formação da sociedade brasileira. Também foi docente do Colégio dos Órfãos de São Joaquim, Sócio Fundador e Benemérito do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, aluno fundador da Academia de Belas Artes da Bahia (hoje Escola de Belas Artes da UFBA), antropólogo autodidata, além de um dos mais importantes pesquisadores da História da Bahia. 

Manuel Raimundo Querino nasceu no dia 28 de julho de 1851, em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo. A sua infância foi atribulada, como de resto toda a sua vida. A epidemia de cólera de 1855, em Santo Amaro, matou seus pais. Foi confiado então aos cuidados de um tutor, o professor Manoel Correia Garcia, que o iniciou nas primeiras letras. 

Tendo em consideração que Manuel Querino foi, não obstante as grandes dificuldades ao longo de sua vida – desde a infância –, um pensador extremamente produtivo, um outsider no entendimento da formação social do Brasil e sobretudo um indivíduo que acreditava na educação como ferramenta primordial de transformação social.

Nascido no tempo da escravidão – tempo do cativeiro –, ficando órfão ainda na infância, Querino traçou um caminho aparentemente improvável para um indivíduo negro do período oitocentista (século XIX). Foi através do seu brilho e consistência intelectual que soube reverter os obstáculos de uma sociedade marcadamente paternalista e patrimonialista, socialmente estratificada e diferenciada do ponto de vista étnico/racial.
Atualmente, em tempos de discussão sobre inclusão social e a contribuição do negro na formação do povo brasileiro, o santamarense emerge como figura de destaque no rol dos que cumpriram papel relevante na sociedade brasileira (o entendimento de seu ostracismo nos movimentos sociais é, inclusive, uma maneira salutar e intrigante para compreensão de como têm sido encaminhadas seletivamente as discussões acerca dos vultos que representam o povo negro).

A Educação, e a produção intelectual de maneira geral, foi sempre o norte de Querino. Questões como a perspectiva afro-brasileira na formação do Brasil; as Artes; a Geometria; a formação dos educadores; a função social do Liceu de Artes e Ofícios; o exercício da docência. Todos esses foram temas nos quais Manuel Querino transitou quer na sua produção intelectual, quer na sua trajetória como indivíduo. 

Além disso, projetou modelos escolares adaptados ao clima tropical, que foram apresentados ao público durante o Congresso Pedagógico do Rio de Janeiro em 1883. 

‘Elementos de Desenho Geométrico’ e ‘Desenho Linear das Classes Elementares’ são obras que atestam sua atenção especial com o processo didático-pedagógico, ambas produzidas no período em que Querino lecionou no Liceu de Artes e Ofícios e no Colégio dos Órfãos de São Joaquim – duas instituições freqüentadas pelas classes menos favorecidas. 

Serviço
Santa Missa em memória de Manuel Raimundo Querino pelo centenário de seu falecimento.
Terça-feira, 14 de fevereiro de 2023, às 10h.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Largo do Pelourinho, s/n. Salvador – Bahia.

Foto: Reprodução/GOVBA.

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