Cerca de 20% da produção brasileira é perdida devido às más condições de armazenamento de grãos

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Entre os grandes problemas que impactam nas perdas de grãos estão a questão da umidade e o déficit  da capacidade estática do sistema de armazenagem que vive um verdadeiro colapso  no Brasil.

O desperdício de grãos na cadeia de produção e distribuição é um dos grandes obstáculos para a segurança alimentar no mundo. Entre os grandes problemas que impactam nas perdas de grãos estão a questão da umidade e o déficit  da capacidade estática do sistema de armazenagem que vive um verdadeiro colapso  no Brasil.

As perdas ficaram  bastante evidentes com a safra recorde de grãos de 2022/2023. Só para ter ideia, o déficit da capacidade de armazenagem de grãos pode ultrapassar os 118 milhões de toneladas, conforme projeção da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Outros números também preocupantes foram constatados no  estudo divulgado neste ano pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),  apontando que em 2020 o Brasil desperdiçou 36,7 milhões de toneladas de grãos, o equivalente a 15% da safra de arroz, cevada, milho, soja e trigo. O volume perdido seria suficiente para alimentar 11,2 milhões de pessoas durante um ano.

Estima-se que no Brasil cerca de 20% de toda colheita seja perdida devido às más condições de armazenamento de grãos, umidade e pragas. A alta umidade é determinante no ataque de fungos, responsáveis pela formação de bolor e mofo, o que causa fermentação dos grãos, resultando em grandes perdas e, consequentemente, de dinheiro. “O problema com os fungos acontece de forma mais acentuada durante o período de armazenamento, por isso é importante que os grãos passem por um processo de secagem, para que sejam guardados com a umidade devidamente controlada”, enfatiza o engenheiro agrônomo Roney Smolareck.

Segundo ele, a umidade tem sido causa de preocupação entre muitos produtores rurais, especialmente na fase de estocagem de grãos. “Normalmente, a boa colheita determina o sucesso de uma safra, mas o produtor precisa estar atento às condições do grão na hora de entregá-lo ao comprador final”, afirma o engenheiro agrônomo, acrescentando que para o armazenamento adequado, o teor de umidade dos grãos não deve ser maior do que 13% ou menor do que 12%: “Há situações em que os grãos têm que ser guardados em armazéns até a finalização do processo de comercialização e, essas transações podem durar meses. Daí a necessidade da conservação dos grãos com todas as suas características e qualidades”, afirma Smolareck.

Aprosoja-MS

Em alguns estados agrícolas, como o Mato Grosso do Sul, a capacidade estática de armazenagem está abaixo da produção gerada. Nos últimos cinco anos, a média anual de volume de grãos no estado foi de 20 milhões de toneladas. No entanto, a capacidade apontada pelo projeto SIGA-MS no ano de 2021 é de 10,9 milhões de toneladas, resultando em um volume remanescente de 11 milhões de toneladas.

De acordo com a análise da oferta e demanda realizada pela Aprosoja-MS no estado, na safra 2021/2022, o consumo interno de soja e milho atingiu 6,252 milhões de toneladas, enquanto as exportações interestadual e internacional totalizaram 15,6 milhões de toneladas. Esses dados demonstram que o armazenamento dos grãos para o consumo interno é suficiente. No entanto, quando os produtores desejam armazenar seus grãos para vendê-los em um momento mais favorável, a capacidade de estocagem se mostra insuficiente, o que obriga os produtores a comercializá-los o mais rápido possível devido à baixa capacidade estática.

O fomento deste setor é importante, pois permite que os produtores comercializem seus produtos em um momento mais oportuno em termos de preços. Quando a soja ou o milho são adequadamente estocados, eles podem ser armazenados por até um ano.

Moageira

O gerente de armazém da Moageira Irati Cereais, no Paraná, Élcio Batista Martins, conta que a cada safra passam pelo silos da moageira em torno de 120 mil toneladas de grãos, sendo 60 mil toneladas de soja, 35 mil toneladas de trigo e o restante em milho.

Após receber os grãos, antes de seguir para o armazenamento, é recomendado que eles estejam limpos, livres de impurezas, restos culturais e doenças. “Muitos produtores colhem a soja ainda úmida por conta do clima. Recebemos em nossas unidades, grãos com umidade alta, principalmente os de soja e milho, sendo necessário realizar a secagem artificial”, afirma.

Fonte: Assessoria Loc Solution

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