Chagas: doença negligenciada e oculta

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• É preciso interromper transmissão de mães para bebês • Greve da enfermagem continua no Reino Unido • Segurança ambiental inglesa também para • Tuberculose avança entre jovens • Vencendo o negacionismo vacinal •

Doença de Chagas: por que não há diagnóstico suficiente?

Se detectada no início, a doença de Chagas é quase 100% curável ou controlável. Caso contrário, pode produzir cardiopatias graves, comprometer fortemente a qualidade de vida das pessoas afetadas e causar a morte. O problema é agravado porque apenas um em cada dez casos é descoberto. Esse alerta foi emitido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Dia Mundial da Doença de Chagas, 14/4. Considerado uma doença negligenciada, o Chagas afeta mais de 6 milhões de pessoas em todo o mundo – e é mais presente na América Latina, onde cerca de 30 mil novos casos e 10 mil mortes são registradas por ano. A transmissão do microorganismo Trypanosoma cruzi se dá no contato com as fezes do inseto barbeiro (por meio de sua picada), por transfusão de sangue, durante a gravidez e o parto e, em casos mais raros, por consumo de alimentos contaminados como o açaí ou o caldo de cana. 

É possível eliminar a transmissão materna

Quase um terço dos novos casos anuais de Chagas na América Latina deve-se a transmissões durante a gestação ou no momento do parto. São nove mil crianças infectadas por ano. Por isso, uma das recomendações da OPAS é que a triagem para Chagas faça parte do protocolo universal no tratamento de gestantes. O diretor da organização, Jarbas Barbosa, afirmou: “Apelo aos governos, pessoal de saúde e trabalhadores comunitários para que façam esforços adicionais para trabalhar em conjunto e concentrar a atenção nas populações mais vulneráveis, de modo que possamos em breve eliminar Chagas como um problema de saúde pública”.

Reino Unido: Enfermagem voltará à greve

O subfinanciamento crônico do sistema público de Saúde do Reino Unido (NHS) levou as enfermeiras e enfermeiros a programar nova greve. Ela ocorrerá entre 30 de abril e 2 de maio, após decisão em plebiscito na semana passada. Na consulta, 54% da categoria rejeitou proposta salarial do governo. A oferta incluía um aumento de 5% nos salários e um bônus salarial relativo ao ano passado. Mas está longe do que a enfermagem reivindica: reajuste dos salários de acordo com a inflação passada, que já acumula 19%. A defasagem do salário, em comparação com os valores recebidos em 2010, é de mais de 5 mil libras anuais (R$ 30,5 mil), e profissionais do setor vêm enfrentando longos turnos, escassez de funcionários, alta pressão e esgotamento físico e mental. Segundo o jornal The Guardian, o movimento – com paralisações por tempo determinado, em determinados períodos de cada mês – pode se estender até o final do ano, caso o governo não se disponha a reparar a defasagem dos salários.

Trabalhadores de segurança ambiental também se mobilizam

As greves da enfermagem estarão contagiando outras categorias? Milhares de trabalhadores da Agência Ambiental do Reino Unido também iniciaram uma greve de três dias a partir da sexta-feira, 14/4, em protesto contra o que chamam de “salários baixos endêmicos”. Equipes de resposta a emergências, como enchentes, poluição fluvial e incêndios, estão entre os trabalhadores em greve. Eles afirmam que estão trabalhando com equipes insuficientes, o que dificulta a proteção das comunidades e a segurança ambiental. A greve é uma resposta a uma oferta de aumento salarial de 2% do governo, que segundo os trabalhadores não é suficiente para cobrir a inflação e os cortes salariais reais de 20% desde 2010 – reclamação similar à da enfermagem. Os trabalhadores exigem um aumento salarial que reflita o trabalho importante que fazem para manter as comunidades seguras.

Com baixa vacinação, tuberculose avança entre os mais jovens

O número de casos de tuberculose no Brasil aumentou após dois anos em queda, chegando a um patamar próximo ao do período pré-pandemia. Esse aumento é atribuído, em parte, ao represamento de diagnósticos que deixaram de ser efetuados nos dois primeiros anos da crise sanitária. Mas preocupa o avanço da doença entre crianças e adolescentes, com a maior proporção verificada desde 2012. Em 2022, foram registrados 2.703 casos em menores de 15 anos, dos quais 1.788 foram em crianças com menos de dez anos. Houve um aumento na proporção de novos diagnósticos em crianças de 0 a 4 anos. Provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis e transmitida pelas vias aéreas, a doença afeta em geral pessoas com baixa imunidade e se dissemina facilmente em áreas com grandes aglomerações, alta concentração de pobreza, ambientes sem entrada de luz solar e pouca circulação de ar. O infectologista Pedro Campana afirmou à Folha que os mais jovens têm apresentado, em geral, um quadro pior, com acometimento múltiplo de órgãos e sistemas, não só pulmões. A queda na cobertura vacinal de BCG pode ter provocado um aumento de novas infecções nos pequenos. A vacina BCG previne a infecção na infância, mas tem menor eficácia em adultos. Atualmente, busca-se aumentar a duração da imunidade ou criar um reforço.

Projeto da Fiocruz começa a vencer negacionismo vacinal

A importância da vacinação é expressa em outro fato relevante, relativo ao ano passado. O projeto “Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais” (PRCV), da Fiocruz, conseguiu furar o negacionismo bolsonarista. Ele contribuiu para que os estados da Paraíba e do Amapá fossem os primeiros a atingir a meta de vacinar 95% das crianças contra a poliomielite em 2022. A iniciativa, que envolveu parcerias com o ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), enfatizou a importância de integrar a Atenção Primária à Saúde com a coordenação da imunização e envolver líderes comunitários para alcançar as metas de vacinação. Os resultados do projeto foram publicados na revista científica Cadernos de Saúde Pública e guiarão ações semelhantes em todo o Brasil. O projeto PRCV continuará monitorando a implementação dos planos de imunização ao longo do ano para garantir que as metas de vacinação sejam alcançadas e melhorias sejam mantidas.

Fonte: Outra Saúde

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