Mudança no perfil das importações pressiona a cadeia produtiva e reforça a necessidade de diversificação de fornecedores.
A China ultrapassou a Rússia e se tornou, em 2025, a principal fornecedora de fertilizantes ao Brasil, reforçando a dependência do agronegócio nacional das políticas de exportação chinesas e ampliando a preocupação com custos logísticos em alta. A mudança ocorre em um momento de maior volatilidade no mercado global e tende a influenciar diretamente o planejamento de compra dos produtores rurais.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
De janeiro a outubro, o Brasil importou 38,3 milhões de toneladas de fertilizantes, volume superior às 36,7 milhões de toneladas registradas no mesmo período de 2024, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O avanço foi impulsionado sobretudo pela China, que embarcou 9,76 milhões de toneladas ao país, cerca de 25% de todo o fertilizante importado no ano.
O crescimento é expressivo em relação ao ano anterior, quando os chineses forneceram 6,6 milhões de toneladas, o equivalente a 18% do total. Com isso, o país asiático ganhou espaço antes ocupado pela Rússia, tradicional líder no mercado brasileiro.
A ampliação da presença chinesa traz implicações estratégicas ao Brasil. Como o abastecimento passa a depender mais das diretrizes comerciais definidas por Pequim, o produtor rural fica mais vulnerável a eventual mudanças nas regras de exportação, limitações sazonais ou readequações internas do mercado chinês. Além disso, a distância geográfica amplia custos logísticos e pode pressionar o preço final do insumo no país.
O cenário reforça a necessidade de planejamento mais cauteloso por parte dos agricultores e reacende o debate sobre diversificação de fornecedores e estímulo à produção nacional de fertilizantes, especialmente em um momento em que o consumo interno segue elevado e fundamental para sustentar a competitividade do agronegócio brasileiro.
Fonte: O Presente Rural / Foto: Divulgação