Para especialistas, efeito benéfico do esporte ao ar livre repercute na saúde, cria vínculo com atividade física e alcança o meio ambiente, reduzindo queima de combustíveis fósseis
Por Vitoria Pierri
Editorias: Campus Ribeirão Preto, Jornal da USP no Ar, Rádio USP – URL Curta: jornal.usp.br/?p=358892
Seja como alternativa para evitar a aglomeração do transporte público ou como atividade física, o ciclismo tem conquistado espaço, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus. Benefícios para a saúde, com a prática de exercícios físicos, e para o meio ambiente estão também entre os pontos que favorecem a busca pelo esporte.
Em Ribeirão Preto, a movimentação de bicicletas nas ruas, durante a pandemia da covid-19, e a procura por equipamentos e acessórios para a prática do ciclismo foram percebidos pelo empresário e ciclista Renato Rodrigues Pereira. Dono de uma empresa especializada em locação de bicicletas e mobilidade urbana, Pereira acredita que a pandemia tenha contribuído para o aumento da prática esportiva, principalmente, entre as pessoas que passaram a trabalhar em home office. Com o término do expediente, por exemplo, às 17 horas, “a pessoa, estando em casa trabalhando, às 17h15 já está pronta para começar o esporte, pronta para pedalar”, diz Pereira.
Com a alta demanda durante a pandemia, o empresário conta que precisou se adaptar, interrompendo a oferta de locação de bicicletas para passeios em grupos, sua principal atividade, responsável por 95% do faturamento mensal. Criou um novo produto, a locação mensal e semanal, para que as pessoas possam ter as bicicletas à disposição em suas casas. Foi assim que Pereira viu o faturamento de sua empresa subir mais de 300%.
O aumento da atividade não ficou visível apenas pelo volume de bicicletas nas ruas. Segundo levantamento da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), realizado junto às 40 empresas associadas, houve um aumento de 118% nas vendas de bicicletas entre 15 de junho e 15 de julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.
Na avaliação do infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Fernando Bellíssimo Rodrigues, a busca pelo ciclismo foi uma boa alternativa. É um “excelente exercício para ser feito durante a pandemia”, já que, normalmente, é realizado ao ar livre e de maneira individual. Mas, adianta Bellíssimo, mesmo que “seja feito de maneira coletiva, a possibilidade de transmissão dessa doença (covid-19) ao ar livre é muito remota”. O professor lembra ainda que o benefício de andar de bicicleta alcança o meio ambiente, evitando a queima de combustíveis fósseis, responsáveis pelo aumento da “concentração de CO2 na atmosfera e o aquecimento global”.
Bicicleta ajuda a criar vínculo com atividade física, mas iniciantes devem observar alguns cuidados
Para os interessados em começar a praticar ciclismo, o professor da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP, Átila Alexandre Trapé, garante que, no geral, as contraindicações são pequenas para a atividade na intensidade leve a moderada, mas o indivíduo deve estar atento para qualquer desconforto, principalmente, se apresentar alguma condição de saúde capaz de interferir na prática. Para o lazer, o educador físico mantém as mesmas recomendações.
Como os demais especialistas, o professor Trapé avalia a prática como benéfica e adianta que a bicicleta é uma forma do indivíduo criar vínculo com exercícios físicos. O ciclismo, segundo o professor, contribui para uma melhora na aptidão física e, de uma forma geral, na força muscular, principalmente dos membros inferiores, e da capacidade aeróbica. Trapé lembra ainda dos ganhos cardiovasculares e da composição corporal para quem pratica ciclismo.
Como os ganhos com o ciclismo são unânimes, o empresário Pereira dá uma dica para quem quer se iniciar no esporte: antes de comprar o veículo, alugue ou pegue emprestada uma bicicleta de um conhecido. A experiência de pedalar, segundo Pereira, ajuda a fazer uma compra assertiva. Para o uso de bicicletas no trânsito, o ciclista também recomenda o uso de sinalização piscante na traseira; farol, na frente; roupas claras para andar à noite, além de óculos, luvas e capacetes.
As entrevistas completas com Renato Rodrigues Pereira, Fernando Bellíssimo Rodrigues e Átila Alexandre Trapé podem ser acessadas no player acima.