O governo do Reino Unido disse que se reunirá com autoridades da Turquia para discutir regulamentações sobre o turismo médico e estético, após o registro de várias mortes relacionadas a procedimentos realizados no país.
Melissa Kerr, de 31 anos, morreu no hospital privado Medicana Haznedar, em Istambul, no ano de 2019, durante uma cirurgia de aumento de nádegas (conhecida popularmente como “cirurgia de bumbum” ou “lifting de bumbum brasileiro”).
Essa cirurgia consiste basicamente em fazer enxertos de gorduras nas nádegas, para deixá-las mais duras, firmes e próximas do biotipo brasileiro.
Um legista do Reino Unido levantou preocupações de que Kerr e outras pessoas não receberam informações suficientes antes de viajarem ao exterior para realizar os procedimentos.
A parlamentar britânica Maria Caulfield, que trabalha no secretariado de Estratégia de Saúde da Mulher, disse que o governo leva essa questão “a sério”.
Em resposta a um relatório sobre prevenção de mortes futuras escrito por Jacqueline Lake, legista sênior do condado de Norfolk, Caufield afirmou que funcionários do Departamento de Saúde e Assistência Social iriam “visitar a Turquia em breve”.
O procedimento não é tão comum no Brasil, mas levantou alertas em outras partes do mundo. Nos EUA, clínicas e médicos começaram a classificá-la como uma das intervenções estéticas mais perigosas e lançaram debates sobre como aumentar a segurança durante e após o procedimento.
Em 2018, uma nota divulgada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica repudiou o uso do nome popular “lifting de bumbum brasileiro” que, segundo a entidade, banalizava perigosamente uma cirurgia complexa.
A entidade pedia “o cuidado de não fazer uma alusão alegórica a um procedimento cirúrgico complexo”.
Em setembro, um inquérito no Reino Unido descobriu que Melissa Kerr sofreu um coágulo fatal que chegou aos pulmões durante a “cirurgia de bumbum” na Turquia.
Segundo as investigações realizadas em Norfolk, esse tipo de operação apresenta um dos maiores riscos entre todos os procedimentos de cirurgia estética.
Em setembro, o Reino Unido aprovou uma moratória sobre a realização dessas operações no país devido aos riscos envolvidos.
No inquérito recente, a legista Jacqueline Lake avaliou que Kerr não recebeu informações suficientes para tomar uma decisão segura e alertou para “o perigo aos cidadãos que continuam a viajar para o exterior com o objetivo de realizar tais procedimentos”.
“Na minha opinião, futuras mortes podem ser evitadas por meio de medidas preventivas e melhores informações”, declarou ela.
Uma mãe de três filhos morreu em agosto de 2020 após passar por uma lipoaspiração na Turquia.
A BBC também relatou anteriormente como sete pacientes britânicos morreram depois de serem submetidos a uma cirurgia para perda de peso conduzida neste país.
Caulfield, ministra da Saúde Mental e da Estratégia de Saúde da Mulher do Reino Unido, ofereceu as suas “sinceras condolências” à família de Kerr e declarou: “É vital que aprendamos com o que aconteceu, para evitar novas mortes.”
Ela acrescentou que o governo sabe que alguns procedimentos de segurança feitos por países que oferecem “turismo de saúde podem não corresponder aos padrões regulatórios do Reino Unido”, mas que “tal transparência e padronização são importantes para reduzir riscos potenciais”.
“É particularmente importante que aqueles que pensam em realizar este procedimento estejam plenamente conscientes dos riscos e tenham tempo para refletir sobre a decisão antes da cirurgia”, reforçou Caulfield.
O governo do Reino Unido trabalha agora em maneiras de “comunicar com eficácia” os riscos de viajar para o exterior e realizar essas intervenções.
Caulfield afirmou que, enquanto o governo do Reino Unido analisa “as consequências do turismo de saúde internacional, há um forte interesse da Turquia nesta área, dado o número de cidadãos que viajam para o país em busca de tratamentos”.
Ao longo da apuração para esta reportagem, o Ministério da Saúde da Turquia foi procurado, mas não enviou respostas.
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Fonte: BBC