Exame é hoje a principal forma de rastrear problema de saúde; câncer de mama é a doença que mais mata mulheres no país
Essencial para a campanha de “Outubro Rosa”, a mamografia é atualmente a principal forma de rastrear o câncer de mama. Sua realização é indicada pelo menos uma vez a cada dois anos, para mulheres com idades entre 50 e 69 anos, no Sistema Único de Saúde (SUS).
No entanto, entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), defendem a realização anual do exame a partir dos 40 anos de idade. “A diferença de idade preconizada para os exames de rastreio é um fator que deixa descoberta parte da população. As mulheres com idades entre 40 e 49 anos são responsáveis por cerca de 15 a 20% dos casos de câncer de mama”, explica Dra. Marina Sahade, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.
Mesmo com a idade inicial para início das mamografias de rastreio aquém daquela indicada pelas sociedades médicas, menos de 10% das mulheres que se tratam no SUS estão sendo cobertas pelas mamografias. De acordo com INCA, foram realizadas em todo o Brasil 3.145.930 mamografias de rastreamento em 2021.
Relacionando esse número com dados do IBGE, mulheres com idades entre 50 e 69 anos representaram 16.3% da população. Considerando uma população geral de 212,7 milhões de brasileiros, calcula-se, portanto, que apenas 9% das mulheres realizaram a mamografia preventiva para câncer de mama no Brasil ano passado.
Número abaixo do recomendado pela OMS
A recomendação da Organização Mundial da Saúde é de que 70% da população seja contemplada pelo exame. No entanto, aqui no Brasil, a cobertura média foi de 20% no último ano.
O número de mulheres que realizaram o exame pelo SUS em 2021 foi de 1,6 milhão, representando 15% a menos que o número registrado no período pré-pandemia. Em 2020, primeiro ano da pandemia, foi registrada uma queda de 40%.
Segundo a SBM, um dos motivos para a baixa adesão à mamografia pode ser a má distribuição da cobertura de exames no país. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a incidência do câncer de mama na região Sudeste é o dobro da identificada no Nordeste, por exemplo, com 36 mil casos contra 13 mil.
Distribuição precisa melhorar
Existem hoje cerca de 4,2 mil mamógrafos disponíveis para uso no SUS, número considerado suficiente para as dimensões do país. Ainda assim, a SBM chama a atenção para a má distribuição desses equipamentos, já que a maioria está nas grandes cidades, deixando áreas mais afastadas descoberta de exames.
Apesar disso, é possível promover este debate, principalmente com o Outubro Rosa. “Há hábitos que podem ser adotados como, por exemplo, idas ao médico e exames periódicos, com foco no diagnóstico precoce. Este é o mês de discutirmos e ampliarmos esse conhecimento”, afirma Dra. Marina Sahade.
Portanto, caso perceba algum sinal diferente, não deixe de procurar o médico. “A rapidez do diagnóstico possibilita diferentes frentes de tratamento, além de aumentar as chances de cura”, conclui a especialista.
Fonte: Dra. Marina Sahade, oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.