O coletivo Junko inaugura, no sábado (15/11/2025), o Sítio Junko, um novo espaço voltado à arte, ecologia, audiovisual e práticas regenerativas, localizado no povoado de Brumadinho, em Rio de Contas, região sul da Chapada Diamantina (BA). O evento gratuito marca o início das atividades públicas do coletivo e propõe integrar saberes populares, produções culturais e ações socioambientais em um mesmo território.
Durante a programação, o público poderá participar de um percurso sensorial pelos espaços recém-construídos, além de uma roda de conversa com mestres locais, pesquisadores e convidados. O evento inclui ainda experimentos com tintas de terra, visita a tecnologias sociais — como o banheiro seco e o forno solar —, plantio coletivo de árvores, mostra audiovisual e uma improvisação musical colaborativa que encerrará o dia.
Estrutura e objetivos do Sítio Junko
O Sítio Junko é resultado da atuação de quatro profissionais com formações distintas: Catarina Camargo (engenheira florestal), David Borja (permacultor e guia de ecoturismo), Gal Solaris (cineasta e produtora cultural) e Maura Pezzato (ecóloga). O grupo idealizou o espaço como um território de encontros entre arte, ciência, natureza e comunidade.
De acordo com Gal Solaris, o objetivo é que o Junko se torne um centro de convivência e aprendizado mútuo, voltado à criação audiovisual, à promoção de práticas sustentáveis e à valorização da memória coletiva.
Espaços inaugurados e impacto regional
O evento marca a inauguração oficial de dois ambientes desenvolvidos de forma colaborativa: o Espaço Semente e a Raiz Doce Arte Audiovisual.
O Espaço Semente é um centro eco-pedagógico com salão multiuso, biblioteca, cozinha coletiva e banheiro seco acessível, destinado a oficinas, cursos e turismo de base comunitária. Já a Raiz Doce Arte Audiovisual conta com ilha de edição e espaço de co-working criativo, e servirá como produtora e centro de formação para jovens e educadores.
Esses ambientes integram o Sítio Junko, situado em uma área próxima a comunidades tradicionais e unidades de conservação ambiental, como o Parque Natural Municipal da Serra das Almas e diversas RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural).
Financiamento e políticas culturais
A instalação da Raiz Doce Arte Audiovisual foi parcialmente viabilizada pelo projeto REGENERA, aprovado na Lei Paulo Gustavo (Edital PG 09/2023), por meio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT-BA). Os recursos foram destinados à reforma, adaptação do espaço e modernização de equipamentos.
O projeto Paulo Gustavo Bahia (PGBA), vinculado ao Ministério da Cultura, foi criado para garantir ações emergenciais de apoio ao setor cultural, conforme a Lei Complementar nº 195, de (08/07/2022).
Conexão entre território, cultura e sustentabilidade
Segundo Maura Pezzato, a proposta do Junko é inédita na região, ao reunir infraestrutura técnica, práticas ancestrais e tecnologias regenerativas em um único espaço. O coletivo busca consolidar um modelo de produção cultural autônoma conectado ao território e à memória local.
“Mais do que um evento, este é um marco simbólico para fortalecer redes e afirmar que seguimos produzindo, mesmo diante de tantas adversidades”, afirmou Pezzato.
Fonte: Jornal Grande Bahia / Foto: ASCOM