Com cenário em aberto, 2º turno da eleição presidencial da Argentina ocorre no domingo (19)

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Disputam a Presidência o governista Sergio Massa e o libertário e outsider Javier Milei

Pedro Jordãoda CNN – Sábado, 18 de novembro de 2023

O segundo turno da eleição presidencial da Argentina ocorrerá amanhã e será disputado entre o governista Sergio Massa (Unión por la Patria) e o libertário Javier Milei (La Libertad Avanza).

O segundo turno ocorre porque Massa, primeiro colocado no primeiro turno, não conseguiu fazer mais de 45% dos votos ou mais de 40% com diferença de 10% para Milei — como aponta a lei eleitoral do país.

O primeiro turno terminou com Massa com 36,69% dos votos, enquanto Milei teve 29,99%. Anteriormente, no entanto, nas primárias argentinas — que indicam quais candidatos podem disputar o primeiro turno — Milei havia sido o mais votado do país, com quase o mesmo percentual de votos, 30,04%.

Na história do país, somente o ex-presidente Maurício Macri conseguiu, em 2015, sair de segundo colocado no primeiro turno e virar o jogo no segundo turno, se elegendo.

Para fazer a virada, Milei conta com o apoio da terceira colocada no primeiro turnoPatricia Bullrich (Juntos por el Cambio), que teve 23,84% dos votos.

Por outro lado, Massa vem tentando se aproximar de diversos setores da política e da economia argentina desde o final do primeiro turno.

Últimas pesquisas

Neste momento, Milei lidera as intenções de votos pelas pesquisas eleitorais.

Na última sexta-feira (10), a Atlasintel, apontou que ele tinha 52,1% contra 47,9% de Massa — com margem de erro de um ponto percentual.

O levantamento ouviu 8.971 pessoas com mais de 16 anos de forma aleatória e por meios digitais entre o domingo (5) e a quinta-feira (9). O nível de confiança é de 95%.

O levantamento também questionou os argentinos sobre temas discutidos nas campanhas eleitorais. Os entrevistados se posicionaram majoritariamente contra as flexibilizações das restrições para venda de órgãos (78%) e para compra e porte de armas (68%) — defendidas por Milei.

Por outro lado, houve consentimento com desejo de reduzir as contas públicas (55%) e estabelecer um teto de gastos, ainda que isso impacte programas sociais (50%), na linha do que ele propõe.

Além disso, 54,7% consideram justa a condenação por corrupção da vice-presidente Cristina Kirchner, 77,2% desaprovam o governo do atual presidente, Alberto Fernández, e 77% avaliam mal a situação econômica do país. Ambos são apoiadores de Massa, que por sua vez é ministro da Economia.

Abstenção e participação até aqui

Na Argentina, o voto é obrigatório para maiores de 18 anos até os 70 anos. Mas, a partir dos 16 anos e depois dos 70, é possível escolher se irá votar ou não.

Ao todo, o país possui 35,4 milhões de eleitores aptos, dos quais 76,53% compareceram às urnas no dia 22 de outubro, informa a Direção Nacional Eleitoral (Dine), equivalente à Justiça Eleitoral no Brasil. Já nas primárias, foram 67,83%.

Mais sobre os candidatos

Sergio Massa

Ministro da Economia da Argentina e candidato à Presidência, Sergio Massa
Ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, promete resolver crise econômica do país / Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, 51, tem apoio do presidente Alberto Fernández e da vice Cristina Kirchner para concorrer à Presidência.

Advogado, ele nasceu em San Martín, na província de Buenos Aires, e vem de uma família de italianos que chegou ao país no período após a Segunda Guerra.

Na adolescência, durante o ensino médio, começou a atuar no partido Unión del Centro Democrático.

Em 1994, interrompeu os estudos de direito na Universidade de Belgrano, que só completou durante a campanha eleitoral de 2013, pela qual foi eleito deputado.

Em 1999, se tornou deputado provincial. Depois, ocupou outros cargos no Executivo e no Legislativo.

Entre 2002 e 2007, chefiou a Administração Nacional da Previdência Social (Anses), responsável por um dos orçamentos mais importantes do governo.

Em 2007, foi eleito prefeito de Tigre, cidade da província de Buenos Aires. Permaneceu nessa posição até 2013, com um período de licença para ocupar a Chefia de Gabinete durante a Presidência de Cristina Kirchner, entre 2008 e 2009, sucedendo o hoje presidente Alberto Fernández.

O político rompeu com o kirchnerismo em 2013 e começou um período em que se posicionou como um forte adversário dessa força política.

Em 2019, após uma reconciliação, voltou ao peronismo como deputado federal da província de Buenos Aires e ocupou a presidência da Câmara dos Deputados.

Javier Milei

Javier Milei liderou as prévias na Argentina com mais de 30% dos votos
Deputado federal Javier Milei propõe dolarização da economia argentina / Foto: Walter Manuel Cortina/Anadolu Agency via Getty Images

O deputado federal Javier Milei, 53, nasceu no bairro de Palermo, em Buenos Aires, e teve infância marcada por polêmicas na família.

Embora o relacionamento com seus pais não fosse bom, Milei encontrou apoio em sua irmã.

O economista diz que Karina Milei é a pessoa que melhor o conhece e a aponta como “a grande arquiteta” de seus acontecimentos políticos.

Milei disse a diferentes meios de comunicação que, caso se torne presidente, a irmã é quem desempenhará o papel de primeira-dama.

Nos anos 1980, Milei tentou ser goleiro nas categorias de base do clube de futebol argentino Chacarita Juniors.

A partir de 2018, Milei ascendeu nos principais meios de comunicação do país com a divulgação de seu discurso “liberal libertário”, como costuma intitular.

O grande salto em sua carreira política ocorreu em 2020, quando anunciou sua candidatura à Presidência nas eleições de 2023.

Esse passo abriu caminho para que sua coligação, La Libertad Avanza, conquistasse duas cadeiras na Câmara dos Deputados no ano seguinte, ocupados por ele e por sua candidata à vice-presidência, Victoria Villarruel.

As principais propostas de campanha de Milei são a dolarização da economia argentina, a redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas.

No plano trabalhista, ele propõe o fim das verbas rescisórias para reduzir custos.

Na segurança, defende propostas polêmicas: desregulamentação do porte de armas e militarização de prisões.

Fonte: CNN

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