Com protagonistas e realizadores indígenas, ‘Para’í’ leva cultura Guarani para os cinemas

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Filme foi rodado na Terra Indígena Jaraguá, na capital paulista, e quer dar visibilidade à luta dos indígenas pela terra

Uma menina encontra uma espiga colorida de milho tradicional do povo Guarani, chamado avaxi para’i e inicia uma caminhada em busca de sua própria identidade. Para’í, filme que chega nesta quinta-feira (20) a salas de cinema de todo o Brasil, quer dar visibilidade à cultura e à luta do povo guarani pelo direito à terra.

Com uma equipe que contou com realizadores e atores indígenas (incluindo a protagonista, Monique Ramos Ara Poty Mattos), o filme foi rodado na Terra Indígena (TI) Jaraguá, na capital paulista. O lançamento acontece na semana em que, pela primeira vez, o 19 de abril é oficialmente o Dia dos Povos Indígenas.

No filme, enquanto tenta fazer com que o milho germine, a menina parte em busca de entender questões importantes em seu dia a dia. O pai, por exemplo, frequenta uma igreja evangélica, algo que a mãe evita fazer. Também há questões como as dificuldades enfrentadas por ela na escola, o fato de se comunicar em português, e não em Guarani, e muito mais. 

“É importante, porque além de mostrar a nossa cultura, mostra a realidade, mostra a luta na nossa terra, de demarcação, essas coisas. O filme mostra conflitos de culturas, conflitos de demarcação de terras. Um filme como esse ajuda a dar visibilidade à nossa causa”, contou ao Brasil de Fato Lucas Augusto Martins, que interpreta o pai de Pará, a protagonista.

Dirigido por Vinicius Toro, que há mais de dez anos trabalha junto ao povo Guarani, o filme se propõe a ser uma metáfora da história dos povos indígenas no Brasil, sem falar de uma questão específica, mas destacando a jornada simbólica dos Guarani pelo país.

O local das filmagens, inclusive, ajuda a revelar como esse povo se relaciona com seu território e como consegue manter seu modo de vida mesmo estando dentro da maior cidade do país, perto de todo o sistema dos não indígenas. A ideia do filme, inclusive, nasceu de uma iniciativa de promoção cultural e política das terras indígenas com oficinas de vídeo.

Declarada em 2015, a TI Jaraguá tem histórico de processos judiciais devido à especulação imobiliária e desmatamento, entre outras pressões e ameaças. A Terra Indígena com direitos assegurados é de grande importância para garantir a preservação da Mata Atlântica na maior cidade do país, bem como a valorização dos saberes e práticas tradicionais. 

O filme que estreia nesta quinta-feira no circuito comercial já passou por grandes festivais de cinema no Brasil, como os de Brasília, Tiradentes (MG) e Rio de Janeiro, e também por festivais estrangeiros como Guadalajara (México), Cartagena (Colômbia) e Mannheim-Heidelberg (Alemanha).

Sinopse
Para’í conta a história de Pará, menina guarani que encontra por acaso um milho guarani tradicional, que nunca havia visto e, encantada com a beleza de suas sementes coloridas, busca cultivá-lo. A partir dessa busca começa a questionar seu lugar no mundo: , por que não fala guarani, por que é diferente dos colegas da escola, por que seu pai vai à igreja Cristã,  por que seu povo luta por terra.

Ficha Técnica
Direção e roteiro: Vinicius Toro
Elenco: Monique Ramos Ara Poty Mattos, Samara Cristina Pará Mirim O. Martim, Lucas Augusto Martins, Regiane Dina de Oliveira Santos, Hortêncio Karai Tataendy, Sônia Barbosa Ara Mirim
Produção executiva: Bruno Cucio
Montagem: Victor Fisch
Direção de fotografia: Cris Lyra
Desenho de Som: Ricardo Zollner
Direção de arte: Maíra Mesquita
Produtora: Travessia
Ano: 2018
País: Brasil
Duração: 82 min

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Fonte: Brasil de fato

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