Hoje é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial (26/04), data que tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico preventivo e do tratamento da doença.
Nesse sentido, vale destacar que a hipertensão, ou pressão alta, é um dos principais fatores de risco para uma série de complicações de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal e até mesmo problemas de visão.
Além disso, o problema é bastante comum. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo sofrem de hipertensão. Somente no Brasil, a doença atinge mais de 30 milhões de pessoas.
Fatores de risco para a pressão alta
De acordo com a Dra. Cristienne Souza, cirurgiã vascular e angiologista da Venous, são diversos os fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão:
- Genética: o histórico familiar de hipertensão pode influenciar os níveis de pressão entre 30% a 50%;
- Dieta rica em sal: a ingestão elevada de sódio (superior a 2 g de sódio, o equivalente a 5 g de sal de cozinha) também pode aumentar o risco de de pressão alta, bem como de doença cardiovascular e acidente vascular encefálico;
- Álcool: estudos indicam que há maior prevalência de hipertensão naqueles que ingerem seis ou mais doses ao dia, o equivalente a 30 g de álcool/dia. O total equivale a 1 garrafa de cerveja (600 mL); 2 taças de vinho (250 mL); 1 dose (42% de álcool, 60 mL) de destilados (uísque, vodca, aguardente);
- Sedentarismo: há uma associação direta entre sedentarismo e elevação da pressão arterial;
- Obesidade e sobrepeso: também há uma relação direta, contínua e quase linear entre o excesso de peso (sobrepeso/obesidade) e os níveis de pressão arterial;
- Apneia Obstrutiva do Sono (AOS): estudos apontam a relação entre a AOS e a HA e o aumento do risco para hipertensão resistente;
- Idade: com o envelhecimento, a pressão arterial torna-se um problema mais significante, resultante do enrijecimento progressivo e da perda de complacência das grandes artérias. Em torno de 65% dos indivíduos acima dos 60 anos apresentam hipertensão;
- Fatores socioeconômicos: fatores como menor escolaridade e condições de habitação inadequadas, além da baixa renda familiar, aumentam significativamente o risco de hipertensão.
“Além disso, outros fatores de risco estão relacionados com a elevação da pressão arterial, como o uso de algumas medicações, muitas vezes adquiridas sem prescrição médica, bem como a utilização de drogas ilícitas”, adverte a médica.
Como prevenir a hipertensão
Já para prevenir a condição, a cirurgiã vascular faz algumas recomendações. Confira:
- Controle do peso corporal;
- Dieta saudável, com o consumo frutas, verduras, legumes, cereais, leite e derivados, além de indicarem menor quantidade de gordura e sal;
- Controlar o consumo de sal, limitando a ingestão de sódio a aproximadamente 2 g/dia;
- Exercícios físicos, com a prática de pelo menos 150 min/semana de atividades físicas moderadas ou 75 min/semana de exercícios vigorosos;
- Reduzir o consumo de álcool e cessar o tabagismo;
- Espiritualidade: evidências científicas mostram com um conjunto de valores morais, emocionais, de comportamento e atitudes com relação ao mundo apresenta benefícios à saúde cardiovascular, melhorando o controle da pressão arterial;
- Educação para saúde, a fim de entender os riscos e gestão da hipertensão.
Além disso, para casos de pacientes com diagnóstico confirmado de hipertensão, é essencial adotar medidas de controle da pressão arterial, destaca a especialista.
Isto é, manter consultas regulares com o cardiologista e uso adequado das medicações conforme prescrito por um profissional de saúde, incluindo agentes anti-hipertensivos como diuréticos, beta-bloqueadores, inibidores da ECA, entre outros.
Os riscos do excesso de peso
Dentre os principais fatores de risco para a hipertensão, está a obesidade, como já citado. O excesso de peso corporal está fortemente associado ao aumento da pressão arterial, uma vez que o tecido adiposo produz substâncias inflamatórias que podem levar à rigidez das artérias e ao aumento da resistência vascular.
Além disso, indivíduos com obesidade têm maior probabilidade de desenvolver outras condições de saúde, como diabetes tipo 2 e apneia do sono, que também contribuem para o desenvolvimento da hipertensão.
Por isso, algumas medidas são importantes, como aponta a médica nutróloga Andrea Pereira, cofundadora da ONG Obesidade Brasil:
- Adoção de uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, alimentos com baixo teor de gordura saturada e sódio;
- Prática regular de atividade física, conforme orientação médica;
- Controle do peso corporal, com o objetivo de alcançar e manter um índice de massa corporal (IMC) saudável;
- Redução do consumo de álcool e cigarro.
“Na prática clínica, a obesidade é uma condição negligenciada. Como consequência, há uma falha frequente na abordagem da obesidade como um passo crucial para amenizar o risco de importantes fatores de risco cardiovascular, incluindo a hipertensão”, conclui Dr. Carlos Schiavon, principal autor do estudo, presidente da ONG Obesidade Brasil e cirurgião especializado em cirurgia bariátrica no Hospital do Coração (HCor) e na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Bariátrica no controle da obesidade e da hipertensão
Um estudo publicado recentemente no Journal of American College of Cardiology, aponta que a cirurgia bariátrica ajuda no controle da pressão arterial. Ele mostra que esse método é mais eficaz no controle das taxas de hipertensão em pessoas com obesidade e pressão alta não controlada em comparação com medicamentos para pressão arterial isoladamente.
Fonte: Saúde em dia / Foto: Shutterstock