Alexandre Panosso Netto aponta as principais características do jet lag e fornece dicas de como mitigar os seus efeitos, que podem variar de dores de cabeça a insônia
Por Guilherme Castro Sousa* – Segunda, 29 de abril de 2024
Você já teve jet lag? De acordo com Alexandre Panosso Netto, professor do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, ele acontece depois de voos longos que cruzam territórios com mais de três horas de diferença de fusos horários. Segundo diversos estudos, os sintomas mais comuns incluem dor de cabeça, irritabilidade, sonolência durante o dia, mal-estar, dificuldade para dormir à noite, baixo desempenho mental e físico e distúrbios gastrointestinais.
Também conhecido como síndrome do fuso horário, o jet lag é um fenômeno físico causado pela descompensação horária. O termo surge da combinação das palavras jet, que significa jato, e lag, que se refere a atraso. “Nosso corpo possui um ritmo biológico interno, chamado ritmo circadiano, que regula nosso sono, vigília e outras funções ao longo do dia. A mudança brusca de fuso horário pode levar a esses sintomas desconfortáveis. Ou seja, é um descompasso do ciclo biológico de nosso corpo com o fuso horário do local onde estamos”, explica Panosso.
Cansaço ou jet lag?
Segundo pesquisa conduzida por Gregory D. Roach e Charli Sargent, publicada em 2019, o jet lag também pode ser causado pela fadiga da viagem. Essa fadiga inclui desorientação, dor de cabeça devido à falta de sono, desidratação, baixa pressão do ar, baixa umidade e desconforto em aeronaves com espaços reduzidos, entre outros estresses das viagens.
Um turista que viaja de São Paulo a Nova York, por exemplo, enfrenta apenas uma diferença de dois fusos horários, então os sintomas do jet lag são levemente sentidos, porém, a fadiga da viagem ainda é uma realidade, já que são cerca de dez horas de voo em um trajeto direto. Por outro lado, em uma viagem de São Paulo a Dubai, com mais de 14 horas de voo, o turista experimentará o verdadeiro jet lag nos dias seguintes à viagem. Isso ocorre porque ele estará sete fusos horários à frente de seu sistema circadiano. Em outras palavras, quando forem 11 horas da noite em São Paulo, já serão seis da manhã em Dubai para o corpo dele. Isso significa que, quando o sol estiver nascendo, o relógio biológico do nosso turista recém-chegado estará pronto para dormir.
O que podemos fazer?
Panosso lembra que, ao viajar de leste a oeste ou de oeste a leste, inevitavelmente haverá um certo grau de jet lag. Contudo, o turista pode adotar algumas medidas para amenizar seus efeitos. Os médicos recomendam que, antes do voo, durma-se bem e, se possível, comece a ajustar sua rotina alguns dias antes da viagem para o horário do destino. É importante ter uma alimentação leve, evitando alimentos energéticos, cafeína ou bebidas alcoólicas em excesso. Manter-se hidratado antes, durante e depois do voo também é fundamental. Se estiver muito cansado, é possível tirar pequenos cochilos após o pouso.
“E, também muito importante, é não se cobrar muito nos dias após a chegada. Curtir o momento enquanto turista e reconhecer que o organismo precisa de repouso para se acostumar ao novo ambiente. Afinal, as viagens, especialmente as de turismo, devem ser agradáveis. Como dizia a minha avó, ‘se não for assim, eu nem quero’”, lembra o professor.
*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo
Fonte: Jornal USP / A dor de cabeça é um dos sintomas que acometem as pessoas que sofrem da chamada síndrome do fuso horário – Foto: Freepik e Pexels – Fotomontagem: Jornal da USP