Vídeos retratam a capital do país, seja de forma utópica ou mostrando o crescimento das desigualdades sociais
A construção de Brasília e seus desdobramentos serviram de conteúdo para gerações de produtores cinematográficos que abordaram a cidade através de diversos pontos de vista.
A lista a seguir foi dividida em dois tópicos: expectativa e realidade. Isso se deve ao fato de que o ponto de partida foi um plano idealista que prometia um novo patamar de modernidade no país, mas que na prática se desenvolveu com um alto padrão de riqueza concentrada no núcleo do Plano Piloto e cercada por habitações periféricas com níveis de dependência e desigualdade.
A capital foi construída por trabalhadores, na maioria migrantes nordestinos, que foram submetidos a péssimas condições de trabalho exaustivo e em seguida desterrados e expulsos para cidades satélites a quilômetros de distância do centro.
Os registros de filmes exploram tanto o lado utópico desse projeto quanto a brutalidade de suas contradições.
De acordo com o pesquisador em audiovisual André Lima Monfrini: “para que a construção da nova capital pudesse apontar para um futuro heróico de ‘nação projetada’, o empreendimento de Juscelino deveria participar do imaginário nacional, especialmente através de imagens e sons. Brasília se constituiu como evento da história brasileira para ser publicizado e difundido enquanto elemento da memória nacional. Foi desde a sua gênese um fato histórico com pretensões monumentalizantes”.
Isso explica os filmes de propaganda da “Marcha para o Oeste” que apresentam a construção de estradas paralelas em direção à nova capital. A narração radiofônica, o tom ufanista e a idealização da imagem de Juscelino estão marcados em quase os exemplares, mas são registros que também servem à compreensão do funcionamento da cidade.
A maioria desses filmes de ‘expectativa’ foram produzidos pelo Arquivo Nacional e acompanhou o período de planejamento e construção da cidade até o auge da ditadura militar, que passou a reger o conteúdo da instituição.
Por outro lado, a ‘realidade’ da vida dos trabalhadores foi também retratada pelas lentes de diversos cineastas desde o início. Alguns desses filmes já se tornaram clássicos obrigatórios para quem se interessa pelo registro audiovisual da cidade e sua perspectiva proletária e popular.
Cinema crítico
Do veterano Vladimir Carvalho ao contemporâneo Adirley Queirós, o Distrito Federal foi captado por um viés crítico que merece sempre ser lembrado e revisitado.
Cineasta Adirley Queirós / Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Uma cidade que foi palco de acontecimentos que sintetizam a própria história brasileira: o massacre da Pacheco Fernandes, as viaturas militares invadindo a UnB na época da ditadura, a prisão de Honestino Guimarães, Henry Kissinger sendo expulso da Universidade de Brasília (UnB), o massacre da Estrutural, moradores expulsos por especulação imobiliária, o monumental protesto conhecido como Badernaço, a expulsão de indígenas do território sagrado localizado no Noroeste, as manifestações pela saída do governador José Roberto Arruda por corrupção.
Do Quilombo de Mesquita em Luziânia aos danos ambientais na Chapada dos Veadeiros, a lista também inclui pontos importantes do estado de Goiás que valem pena ser destacados como parte dos territórios próximos e da interação do cerrado.
Além de todos os filmes citados a seguir, vale a indicação de O Homem do Rio (Philippe de Broca, 1964), filme francês que mistura paródia de James Bond/007 e inspirado nos quadrinhos de As Aventuras de Tintim. Parte do filme foi rodado em Brasília e apresenta imagens da capital em fase crescimento, mas ainda alguns com vazios demográficos.
Expectativa
1. Planalto Goiano: futuro Distrito Federal (Arquivo Nacional, 1956): Documentário mostra o presidente da comissão de estudos para a mudança da capital, general Djalma Poli Coelho, percorre a região do Planalto Central onde deverá ser construída a futura capital do Brasil, em 1956. Aspectos das cidades de Planaltina, Anápolis, Goiânia, da rodovia Transbrasiliana, dos lagos, cachoeiras e fazendas da região. São exibidas imagens fixas da Missão Crulls. Disponível no youtube.
2. Brasília Nº 17 (NOVACAP e Arquivo Público DF, 1960): Cine Jornal sobre a construção da nova Capital Brasília com imagens panorâmicas no ano da inauguração. Disponível no youtube.
3. Caminho de Libertação (Arquivo Nacional, 1960): Efetivam-se as obras da rodovia Brasília-Acre com imagens das cidades de Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO) em 1960. Disponível no youtube.
4. Brasília, Capital do Século (Gerson Tavares, 1960): Segundo o narrador, “os aglomerados urbanos foram criados pelo homem. Essa (cidade) foi criada para o homem”. Curta com narrativa idealizada sobre a construção com alguns prédios ainda na fase de infraestrutura. Disponível no youtube.
5. Brasília – Planejamento Urbano (Fernando Campos, 1964): A planificação da cidade, ligando sua arquitetura à sua topografia e as razões que lhe permitem possuir um tráfego normal e contínuo, suprimindo os problemas de circulação de todas as grandes cidades. Detalhes das construções destinadas ao Governo, às residências e ao comércio. Disponível no youtube.
‘Brasília IX’ de 1969 / Reprodução Youtube/Arquivo Nacional
6. Brasília Ano IX (1969): Cinejornal sobre o que havia de vida social após nove anos da inauguração de Brasília. O vídeo mostra diversas partes da cidade, prédios, a universidade e centros de lazer. Disponível no youtube.
7. Casa do Candango (Arquivo Nacional, 1970): Retrato das atividades desenvolvidas na Casa do Candango, com a assistência às crianças de famílias pobres de Brasília em 1970. O vídeo mostra uma festa beneficente em prol da instituição com as presenças do ditador Emílio Médici, da primeira-dama Scila Médici e de outras autoridades. Disponível no youtube.
8. Brasília 73 (Sálvio Silva, 1973): Nas palavras do narrador, “aqui é Brasília, capital da esperança. Cidade sonhada e decantada em versos e nas aspirações dos milhões de brasileiros herdeiros do grandioso futuro que já se faz presente em todos os recantos do Brasil. Brasília menina que se espalha formosa por suaves encostas cheias de luz e paz. Levando em seu berço ares puros e sem máculas de poluição”. Disponível no youtube.
9. A Glória do Presente Operário Padrão (Arquivo Nacional, 1976): No vídeo, representantes do governo, dos empresários e das associações de classe entregam prêmios a operários selecionados. A atuação destes operários na construção de obras públicas, em Brasília. Operários em obras de construção civil. No anfiteatro do jornal O Globo, representante do ministro do Trabalho, entrega diplomas a operários. Candidato de Brasília, José Guedes de Abreu, recebe troféu de “Operário padrão”. Presença do presidente do Conselho Nacional do SESI, Gilberto Mendes de Azevedo. No Palácio da Alvorada, o presidente Geisel recebe operários e representantes da indústria. Em Brasília, aspectos das obras de construção da federação das indústrias, do funcionamento do SESI e de prédios públicos. Disponível no youtube.
Vídeo Operário Padrão (1976). / Foto: Reprodução Youtube
10. Brasília em Verdes (Arquivo Nacional, 1976): Vídeo sobre as áreas verdes de Brasília. O vídeo mostra aspectos da arquitetura, jardins, parques da capital e depoimento do diretor da Companhia Urbanizadora, Stênio Bastos. Disponível no youtube.
Realidade
1. Brasília – Contradições de Uma Cidade Nova (Joaquim Pedro de Andrade, 1967): O documentário apresenta cenas de Brasília seis anos após sua fundação, combinadas com entrevistas de residentes de diversas classes sociais. Uma questão central guia o filme: é possível que uma cidade totalmente planejada, concebida em prol do progresso nacional e da promoção da democracia, possa refletir as desigualdades e a opressão presentes em outras partes do país? Disponível no youtube.
2. Quilombo (Vladimir Carvalho, 1975): Curta-metragem que retrata uma comunidade negra remanescente de um antigo quilombo localizado na fazenda Mesquita, nos arredores de Brasília, no município de Luziânia, Goiás. Carvalho, o documentário oferece uma visão das mudanças vivenciadas pela vila, especialmente após a construção da capital federal. Além de contribuir para a preservação da memória histórica da região e do Brasil, o filme também estimula debates sobre a prática documental da época. Disponível no youtube.
3. Brasília Segundo Feldman (Eugene Feldman e Vladimir Carvalho, 1979): Material filmado pelo designer estadunidense Eugene Feldman, em visita à Brasília na época de sua construção e posteriormente resgatado por Vladimir Carvalho. Apresenta precariedade da segurança dos trabalhadores em razão do ritmo acelerado das obras e depoimentos de pioneiros sobre as condições de vida dos candangos. Disponível no youtube.
4. História do Núcleo Bandeirante (Maria Coeli, 1982): História da região que antes era conhecida como Cidade Livre, atualmente Núcleo Bandeirante. Apresenta entrevistas com moradores que fundaram a cidade e trabalhadores candangos. Disponível no youtube.
5. A História de Brazlândia (Maria Coeli, 1985) Brazlândia é uma localizadades mais afastadas do centro de Brasília. Foi fundada em 1933 e recebeu a condição de região administrativa em 1964. Apresenta entrevistas com moradores que fundaram a cidade e trabalhadores rurais. Disponível no youtube.
6. Grito da Mocidade (Maria Coeli, 1986): é um vídeo sobre o evento homônimo, realizado em comemoração ao Ano Internacional da Juventude, visando conhecer as idéias, aspirações, peculiaridades de manifestações da juventude do Distrito Federal. Disponível no youtube.
Filme de 20 minutos mostra comemoração ao Ano Internacional da Juventude, em 1985. / Foto: Reprodução Youtube
7. Invasores ou Excluídos (Cesar Mendes e Dulcídio Siqueira, 1989): Documentário que aborda a história das periferias do DF e a luta dos movimentos populares por habitação digna no Distrito Federal. Destaca-se a formação da Ceilândia na década de 1970 e as políticas habitacionais adotadas pelos governos até os anos de 1980. Além disso, menciona o trabalho de Maria do Barro no assentamento de Barrolândia e a importância dos líderes comunitários nesse contexto. Disponível no youtube.
8. Rodoviária (Cesar Mendes, 1990): Documentário que apresenta a rodoviária nos anos 1980. Muitos dos problemas apresentados continuam os mesmo. Disponível no youtube.
9. Conterrâneos Velhos de Guerra (Vladimir Carvalho, 1991): Grande clássico do Vladimir Carvalho sobre os candangos operários que edificaram a cidade. Filmado ao longo de décadas e lançado no começo dos anos 90, abrange a construção, desenvolvimento e gentrificação da capital até o dia o Badernaço. Disponível no youtube.
10. O Direito Achado na Rua (CPCE – UnB. 1991): Documentário sobre o conceito de “direito achado na rua”, expressão criada pelo jurista Roberto Lyra Filho como concepção teórica e prática do direito que tem por objetivo pensar o Direito derivado da ação dos movimentos sociais por meio de uma perspectiva que o entende como uma “legítima organização social da liberdade”. Disponível no youtube.
Cena do documentário ‘Honestino’ de 1992 / Foto: Reprodução Youtube
11. Honestino (Maria Coeli, 1992) Um relato da vida e luta de Honestino Guimaraes, estudante que liderou movimentos de resistencia a ditadura no Brasil de 1968. Amigos e companheiros da época desvendam um pouco da historia politica do pais, que os tempos obscuros dos anos 60/70 tentaram esconder. Disponível no youtube.
12. Leis de Diretrizes e Bases (Maria Coeli, 1993): Professores e trabalhadores da educação discutem a legislação de ensino e apresentam duas demandas por espaços democráticos e participativas na gestão escolar. Disponível no youtube.
13. Folclore em Brasília (Maria Coeli, 1994): Nas palavras da diretora, o esse documentário traz um “relato de experiências individuais, a pesquisa e gravação em vídeo de manifestações culturais no DF, e a discussão provocada por essa vivência reforçaram a ideia de que o folclore e, antes de tudo, um meio pelo qual as pessoas fortalecem sua maneira de ser, criando uma estratégia de vida que se adapta bem a uma cidade de apenas 34 anos e com a maioria de seus habitantes ainda oriunda de outras unidades da federação”. Disponível no youtube.
14. Barra 68 – Sem Perder a Ternura (Vladimir Carvalho, 2001): O texto aborda a história da Universidade de Brasília, desde sua criação e as inovações que ela promovia até os episódios de perseguição, principalmente durante o regime militar iniciado em 1964, culminando em sua ocupação pelo Exército Brasileiro em 1968. O relato é conduzido por Othon Bastos e inclui depoimentos de diversas personalidades, como Oscar Niemeyer, Roberto Salmeron, Jean-Claude Bernardet, Ana Miranda, Marcos Santilli, Cacá Diegues, José Carlos de Almeida Azevedo, e familiares de Honestino Guimarães, entre outros. Disponível no youtube.
Cena do filme Barra 68, lançado em 2001. / Foto: Reprodução Filme
15. Roleiros (Guilherme Bacalhao e 400 Filmes, 2003): De acordo com o próprio diretor, os “frequentadores da Feira do Rolo de Ceilândia resgatam o escambo como alternativa econômica: um caso de polícia ou questão de sobrevivência?”. Disponível no youtube.
16. Rap, o canto da Ceilândia (Adirley Queirós, 2005): Conversa com quatro renomados artistas do Rap brasileiro (X, Jamaika, Marquim e Japão), todos residentes na Ceilândia, uma cidade-satélite de Brasília. O documentário explora a jornada desses músicos no cenário musical e estabelece uma conexão com o desenvolvimento urbano de sua comunidade. Esses artistas enxergam no Rap uma maneira de expressar seus sentimentos e reafirmar suas identidades como habitantes da periferia. Disponível no youtube.
17. Kiss kiss Kissinger (Jimi Figueiredo, 2007): Documentário dirigido por Jimi Figueiredo narrando o histórico protesto dos alunos e do movimento estudantil da Universidade de Brasília contra a presença do diplomata imperialista Henry Kissinger em 1981. Kissinger havia sido contratado pelo reitor general Azevedo e a cúpula da ditadura militar com valor superfaturado, o que causou ainda mais revolta nos alunos. O documentário mescla imagens da época gravadas in loco com Super 8 e entrevistas filmadas em em 2007. Disponível no vimeo.
18. Badernaço – O dia que não acabou (Marcelo Emanuel e Eliomar Araújo, 2008): Em 27 de Novembro de 1986, um protesto pacífico foi organizado pelos sindicatos na capital do Brasil, a fim de expor a insatisfação das pessoas com as novas medidas econômicas do Plano Cruzado no governo Sarney. Mas a marcha inicial através das instituições de Brasília transformou-se abruptamente num motim massivo e caótico de proporções épicas no que mais tarde ficou conhecido como “Badernaço”. Disponível no youtube.
Cena do documentário ‘O dia que não acabou’ / Foto: Reprodução Youtube
19. Sagrada Terra Especulada – A luta contra o Setor Noroeste (Zé Furtado e Coletivo CMI-DF, 2010): Documentário que narra um período de lutas contra o Setor Noroeste, bairro de alto luxo que a especulação imobiliária do Distrito Federal tenta construir num território considerado sagrado. Tendo como enfoque a resistência realizada na Reserva Indígena Santuário dos Pajés, o documentário traça a ação da mídia, políticos, empresários, especuladores e burocratas, que segundo o canal Povos Indígenas do Brasil, estavam todos “a serviço do lucro, da segregação e da farsa da sustentabilidade promovida pelo falso bairro ecológico”. Disponível no youtube.
20. Cata(dores) (Webson Dias, 2011): Vídeo sobre catadores de materiais recicláveis do lixão da Cidade Estrutural. Criado em 1968 a 10 km do Congresso Nacional, o lixão da Estrutural recebe o lixo produzido em Brasília. Estima-se, com base nos relatórios anuais do Serviço de Limpeza Urbana – SLU, que até hoje já foram aterrados mais de 14 milhões de toneladas às margens do Parque Nacional de Brasília. Diariamente, são depositados em torno de 2000 toneladas. Disponível no youtube.
21. Poeira e Batom no Planalto Central (Tânia Fontenele Mourão, Tânia Quaresma e Mônica Gaspa, 2011): O documentário destaca o papel das mulheres nos primeiros anos da construção de Brasília, entre 1956 e 1960. Com depoimentos de 50 mulheres de diferentes estados do Brasil e algumas estrangeiras, o filme revela suas diversas ocupações, desde lavadeiras até engenheiras, ressaltando o protagonismo feminino na história da cidade. O objetivo é valorizar e preservar as memórias dessas mulheres que enfrentaram desafios para criar a nova capital do Brasil. Enquanto a historiografia tradicional enfatiza figuras masculinas como JK e Niemeyer, o documentário resgata a coragem das mulheres que viveram em condições precárias nos acampamentos de construção, oferecendo um importante registro das vozes das trabalhadoras pioneiras que foram negligenciadas pela história oficial. Disponível no youtube.
22. A Ditadura da Especulação (Zé Furtado e Coletivo CMI-DF, 2012): O curta destaca apoiadores, manifestantes e indígenas que se opõem à derrubada da vegetação para construção de edifícios no setor noroeste, resultando em confrontos com a polícia militar e seguranças da Terracap. O movimento visa proteger um antigo santuário e a comunidade indígena local, contando com o apoio de ativistas. Enfrentam a força policial e a milícia contratada pelas empresas. Disponível no youtube.
23. Ceilândia comunicando e mobilizando (Flavia Ferrer, Nailine Oliveira e Elloá Soares, 2012): Curta sobre comunicação comunitária e mobilização social. O Trabalho foi produzido na Região Administrativa de Ceilândia – DF, na rádio comunitária Clube FM 98,1. Disponível no youtube.
24. A Cidade é Uma Só? (Adirley Queirós, 2013): Um filme que mescla drama e documentário aborda a exclusão territorial e social enfrentada por uma parte significativa da população do Distrito Federal e do Entorno, e como essas pessoas buscam restabelecer a ordem social em seu cotidiano. O ponto de partida é a Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), realizada em 1971, que removeu os barracos nas proximidades da recém-criada Brasília. Com a Ceilândia como marco histórico, os personagens do filme vivenciam e testemunham as transformações da cidade. Disponível no youtube.
Cena do filme a Cidade é uma só, lançado em 2011. / Foto: Reprodução
25. Ressurgentes – Um filme de ação direta (Dácia Ibiapina, 2014): O projeto de desse longa-metragem surgiu da vontade da diretora de acompanhar uma grande comoção que acontecia na sociedade brasileira entre os anos de 2009 e 2013. O filme começou a ser trabalhado desde o primeiro ano mencionado e foi sendo pensado durante o seu processo de construção, enquanto havia se iniciado uma enorme crise política em Brasília. A crise, conhecida como o Mensalão do DEM (Partido Democratas), ocorreu no Distrito Federal (DF), mesmo local onde o filme foi feito. Nesse esquema de corrupção do DEM havia a participação de José Roberto Arruda, então governador do DF, e seu envolvimento foi comprovado através de vídeos obtidos por meio de câmera oculta. Disponível no youtube.
26. Noruega e Congo no centro do Brasil (Camila Muguruza e Jhady Arana, 2013): Documentário realizado com o objetivo de compreender as relações de desigualdade social no Distrito Federal e compara os pontos do Lago Sul e da Cidade Estrutural com o primeiro e ao último lugar do ranking de desenvolvimento humano mundial, Noruega e República Democrática do Congo. Disponível no youtube.
27. Estrutural (Webson Dias, 2016): Nas palavras do diretor, esse trabalho é “fruto de uma pesquisa de mais de dez anos e utilizando material de arquivo, fotos e vídeos registrados pelos próprios moradores, durante conflitos ocorridos nos anos 90, este documentário aborda fatos marcantes para a então invasão da Estrutural. Iniciada ainda na década de 1960, quase que simultânea à construção de Brasília, essa invasão surgiu nos arredores do que hoje é o maior lixão a céu aberto da América Latina. Moradores, políticos e militares apresentam seus pontos de vista sobre o passado e o presente da comunidade, numa síntese do processo de urbanização do Distrito Federal”. Disponível no youtube.
28. O Sol nasceu para todos (Alan Mano K e Jovem de Expressão, 2016): A história do Sol Nascente, região administrativa que surgiu como parte de Ceilândia e hoje é considerada a maior favela da América Latina. Através do olhar dos personagens apresenta uma comunidade positiva sem deixar de mostrar suas dificuldades, mas, sobretudo, mostra que as periferias não podem ser vistas apenas como o lugar da transgressão, mas como lugar de resistência, solidariedade e de preservação cultural. Disponível no youtube.
29. Só não morri por um milagre de Deus (Cosma Silva de Araújo, 2017): O documentário aborda as experiências migratórias dos trabalhadores de Araquém/CE que se mudaram para Brasília durante a construção da capital entre 1956 e 1960. Em 8 de fevereiro de 1959, durante um protesto contra as condições de alimentação na Pacheco, os trabalhadores foram violentamente reprimidos pela Guarda Especial de Brasília (GEB), um evento conhecido como “o massacre da GEB”, que permanece presente na memória dos trabalhadores. O documentário destaca as memórias daqueles que contribuíram, brincaram, sonharam, sofreram, lutaram e, acima de tudo, resistiram na cidade.
30. Ser Tão Velho Cerrado (André D’Élia, 2018): Documentário sobre o Cerrado e suas altas taxas de desmatamento, colocando em risco a sobrevivência de todo o ecossistema. Diante dessa preocupação, moradores da Chapada dos Veadeiros decidem unir forças para proteger a natureza. Disponível no youtube.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino / Foto: Monique Renne