Quarta-Feira, 21/02/2024 – 00h00
Por Bia Jesus
Desde que se conhece por gente sempre foi ele e a bola. Assim se define Gilberto Carlos do Nascimento, o Betinho, treinador do Barcelona de Ilhéus. Com passagens por grandes clubes brasileiros e pela seleção, o agora professor falou ao Bahia Notícias sobre o começo de tudo, quando ainda era uma criança nos arredores do ABC paulista.
“Desde criança, com 10, 12 anos, sempre gostei de bola e sempre joguei na rua. Eu ouvia muitos jogos no rádio e despertou em mim o desejo de ser jogador de futebol. Criado no ABC paulista, eu jogava na várzea e nos campinhos. Comecei a me destacar por ser um jogador rápido e driblador, tentei alguns testes e recebi nãos”, disse Betinho sobre sua tentativa de ingressar em um clube de futebol.
A dificuldade marca o início da carreira de todo jogador, tanto que Betinho conta sobre as alternativas de carreiras que buscava antes da sua carreira dar certo. Segundo ele, cursos profissionalizantes já estavam sendo feitos por medo de que sua carreira como futebolista desse errado.
“Eu estava inscrito em cursos profissionalizantes, matriculado no Senai. Posteriormente, com 17 anos, em um campeonato de base com grandes times paulistas como Palmeiras, Ponte Preta, Juventus e Guarani, eu acabei me destacando e fui parar no Juventus, já aos 17 anos, uma idade bem avançada. Eu chego no juvenil, e dois anos depois, aos 20, eu me profissionalizo.”
A carreira do até então jovem jogador ganhou pitadas de sucesso, dois anos depois de se tornar um jogador de futebol profissional, o ex-meia conquistou a tão sonhada convocação para a Seleção Brasileira.
“Eu estava na lista dos 30 nomes elegíveis para as Olimpíadas de Seul, na Coréia do Sul, mas infelizmente não fui convocado. Depois das Olimpíadas, em 1988, aos 22 anos, eu fui convocado pela seleção brasileira para um amistoso contra a seleção belga, na Bélgica”, contou o ex-Juventus.
O ‘Moleque travesso’, como eram chamados os jogadores do time Grená da Mooca, foi emprestado ao Cruzeiro por duas vezes, como ele nos conta. “Ainda em 1988, eu fui emprestado ao Cruzeiro-MG, depois eu voltei para a Juventus, em 1989 eu disputei o Campeonato Paulista pela Juventus, e voltei a ser emprestado ao Cruzeiro. Em 1990 eu fui para o Palmeiras, fiquei por dois anos e meio no time Alviverde, e depois eu voltei para o Cruzeiro novamente, para a minha terceira passagem”, relatou.
Foto: Arquivo Pessoal
Durante essa terceira passagem pelo time celeste, o então meio-campista Betinho conquistou a Supercopa Libertadores e o Campeonato Mineiro de 1992 pelo Cruzeiro.
“Na época ainda existia (a Supercopa), e tive a felicidade de conquistar pelo Cruzeiro”, disse.
Foto: Arquivo Pessoal
Após cinco anos no futebol brasileiro, Betinho rumou ao Japão, onde jogou pelo Shonan Bellmare e pelo Kawasaki Frontale. Pelo Bellmare foram mais de 130 jogos e 67 gols. Pelo Frontale a média foi ainda superior, foram 30 jogos e 20 gols marcados.
Em 1998, Gilberto retornou ao Brasil para assinar com o Internacional, pelo Colorado a passagem foi curta e nos outros times também. Foram oito clubes diferentes em seus seis últimos anos de carreira: Internacional, Guarani, São José, Gama, Santo André, Ipatinga, Francana e Juventus.
“Em 2004 eu encerro a minha carreira pelo Juventus. Após 14 anos, com 37 [anos] eu volto ao clube que me revelou”, declarou.
Após uma carreira extensa por clubes, Betinho credita um amigo de longa data e ex-Bahia como um dos principais incentivadores para que ele se tornasse treinador de futebol.
“Eu tenho um compadre, chamado Sérgio Soares (ex-Bahia), o qual eu conheço desde os meus 14 anos. E nós sempre tivemos a ideia de ele ser o treinador e eu ser o auxiliar técnico. Aí, em 2004, quando ambos nos aposentamos do futebol profissional, ele assumiu o Santo André e eu fui trabalhar com ele de auxiliar técnico. Juntos foram três clubes em cinco anos”, explicou o torcedor.
“Em 2008, eu recebi o convite para ser treinador do Sub-20 e do time alternativo do Palmeiras, conversei com Sérgio e ele me incentivou a ir. A partir daí as coisas começaram a fluir. Eu não tinha essa intenção [de ser treinador], mas acabei pegando o gosto”, completou.
Foto: Reprodução / Associação Desportiva Confiança
“É uma transição difícil [entre se aposentar como jogador e se tornar treinador], minha passagem com o Soares me agregou em muitas situações, foi um período muito bom de aprendizado. Além dos cursos que eu realizei”, disse.
Foto: Leo Cordier / Barcelona de Ilhéus
Toda a trajetória do comandante fez com que ele viesse parar no Barcelona de Ilhéus, dono de uma das melhores campanhas, até aqui, no Campeonato Baiano.
“Quando cheguei ao Barcelona, o pedido do Welinton (presidente) e do Armando (diretor) foi para que eu trouxesse calendário para o clube em 2025. Na montagem do elenco, eu consegui reunir jogadores que contemplam o que eu penso do futebol, que busquemos ofensividade e que cumpram funções táticas”, disse.
Foto: Leo Cordier / Barcelona de Ilhéus
O Barcelona é uma surpresa? O técnico garante que pode ser para alguns, mas não para Betinho.
“Pode ser uma surpresa para muitos, mas não para a gente. Desde a pré-temporada eu venho falando para os jogadores: O mais importante é pensar em ser campeão baiano, temos que pensar em algo a mais. Para muitos foi uma surpresa, mas somos uma equipe organizada, que busca o jogo e é agressiva ofensivamente. Então, temos que buscar o título.”
Sobre os elogios recentes dos técnicos de Bahia e Vitória, Betinho demonstrou felicidade por ver o trabalho sendo reconhecido:
“Eu fico feliz, são treinadores que possuem credibilidade, o Rogério e o Condé. Então, sabemos que estamos no caminho certo, é o caminho para que a gente consiga trazer o calendário, que é muito importante. Mas também volto a dizer que precisamos ir atrás do título, para entrar na história. Principalmente para o futuro desses jogadores que estão aqui no Barcelona no momento, porque, acabando o campeonato eles estarão desempregados. Então precisamos dessa conquista para que cada um consiga caminhos melhores. É muito bom esse tipo de comentário, mas deixei claro para os jogadores que precisamos mais.”, disse.
Para o futuro, o treinador de 57 anos espera poder dar um salto em sua carreira. Mas tudo depende do Baianão 2024:
“Estou há dez anos no Nordeste. Eu cheguei em 2014 no Confiança, fui bi-campeão sergipano pelo confiança, conquistei o acesso da Série D para a Série C, batemos na trave para subir à Série B no ano seguinte. Passei por Pernambuco, Alagoas e vim para a Bahia trabalhar no UNIRB. Conheço bem o Nordeste, vejo o quanto os jogadores precisam batalhar muito para conquistar os objetivos. Eu encaro o Campeonato Baiano de 2024 como uma grande possibilidade de dar um salto de patamar na minha carreira.”
O Barcelona de Betinho entra em campo nesta quarta-feira (21), às 19h15, diante do Bahia de Feira, no estádio Mário Pessoa, em partida válida pela 8ª rodada do Campeonato Baiano 2024.
Barcelona de Ilhéus tem chances de se classificar no Baianão 2024 | Foto: Letícia Martins / EC Bahia
Fonte: Bahia Noticias / Fotos: Leo Cordier / Barcelona de Ilhéus