A obra acumula a venda de mais de 500 mil exemplares e já foi traduzida para o francês, italiano e espanhol
O livro “Pequeno Manual Anti Racista”, da escritora Djamila Ribeiro, virou alvo de polêmicas, após críticas de uma mãe à uma escola particular em Salvador pela escolha da obra na grade curricular dos estudantes. A produção literária passou a ser adotada em algumas escolas de Salvador, mas também em outras instituições do Brasil, justamente, pelo teor educativo sobre a temática racial.
Uma das principais obras de Djamila Ribeiro, o livro aborda, em dez capítulos, temas como violência racial e caminhos didáticos para o combate ao racismo estrutural presente na sociedade. Além de ter sido traduzido para três idiomas, O Pequeno Manual também foi o livro mais vendido da Amazon em 2020, vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Ciências Humanas também em 2020 e adaptado para uma peça teatral com passagens por Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.
Essa não é a primeira vez que a produção da escrita é alvo de polêmicas em escolas. Em março de 2023, três pais de estudantes de um colégio tradicional em Niterói, no Rio de Janeiro, foram à instituição e solicitaram que o livro fosse banido da lista de leituras dos alunos.
Entenda o caso:
A mãe de um estudante do Colégio Padre Antônio Vieira, localizada no bairro do Garcia em Salvador, usou suas redes sociais, para criticar a instituição por adotar o livro Pequeno Manual Antirracista nas aulas de religião. Na publicação, a mulher disse que “é um absurdo” uma escola católica utilizar um livro de uma autora candomblecista.
“O que esperar de uma aula de religião em um colégio católico? Não seria apenas a palavra de Deus, o código canônico, as histórias de virtudes dos mártires, mandamentos? Qual é o sentido e o objetivo de utilizar uma autora que vem de família de outra religião, no caso específico candomblé? Existe qualquer conexão com a fé católica?”, publicou a mãe do aluno.
Após a publicação, ex-alunos e alunos saíram em defesa do colégio, inclusive, a própria escritora, que se solidarizou com a comunidade escolar e a parabenizou “por trabalhar para ampliar a conscientização dos alunos e alunas”.
“O Colégio Padre Antônio Vieira, em Salvador adotou meu livro “Pequeno Manual Antirracista” para as aulas de religião. Segundo o Colégio, a prática Antirracista está ligada aos valores cristãos. Uma mãe de aluno se revoltou e me atacou nas redes sociais. Ela destaca o fato de eu ser candomblecista, iniciada aos 8 anos de idade, e o quanto isso seria “absurdo”, pois a escola é católica e não deveria “sucumbir a essas ideologias”, iniciou a autora.
“Sim, sou uma mulher de candomblé e sempre deixei isso público e notório. Sou uma orgulhosa filha de Oxóssi com Iansã, e o tempo que eu tenho de iniciada, muitos não têm de vida. A Constituição de 1988 garante o direito à liberdade religiosa. Isso em nada me ofende, muito pelo contrário, tenho muito orgulho. A mãe em questão precisa estudar sobre o contexto social e racial do país, sobretudo vivendo em Salvador, capital do estado com maior população negra no Brasil”, emendou a escritora em nota publicada em suas redes sociais.
Após a repercussão negativa, a mulher apagou a postagem das suas redes sociais. A mãe do aluno e o colégio ainda não se pronunciaram sobre o caso.
Fonte: Metro 1 / Foto: Reprodução / Instagram @DjamilaRibeiro