Informação correta, mudança de hábitos, diagnóstico precoce e tratamento adequado salvam vidas nos Hospitais Universitários Federais
A estilista aposentada Maria das Dores Oliveira enfrentou um câncer de mama, foi tratada no Sistema Único de Saúde (SUS) e, no início de janeiro, estava se preparando para o tratamento de um câncer no fígado. Às vésperas de fazer um procedimento chamado quimioembulização hepática, ela disse que tinha muitas dúvidas sobre o procedimento e a doença, mas uma certeza: “Estou na luta contra o segundo câncer e conto de novo com o SUS nesta batalha”, afirmou, ao ser entrevistada para esta primeira matéria de uma série dedicada ao diagnóstico, tratamentos e avanços científicos relacionados ao câncer.
Para sanar a dúvida de Maria das Dores, a reportagem ouviu profissionais de hospitais universitários vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), já que o Dia Mundial de Combate ao Câncer, que neste ano tem o tema “Cuidados para todos”, foi criado para disseminar dados sobre a prevenção e o controle da doença, além de levantar questões atuais sobre o diagnóstico e as alternativas de tratamento.
Como a estilista, muitas pessoas apresentaram algumas questões para os especialistas da Ebserh, que falaram sobre as principais linhas de cuidado em suas instituições, esclareceram questões da população e ressaltaram a importância da campanha contra o câncer. De todos os entrevistados, apenas Maria das Dores tem diagnóstico de câncer.
Médica ressalta importância da boa informação
População brasileira tem sido estimulada a procurar atendimento médico precoce e defender seus direitos para receber atenção integral quando já diagnosticada
A oncologista Karen Bento Ribeiro, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM/Ebserh), disse que a informação é primordial no combate ao câncer por contribuir para a prevenção, a adesão a hábitos saudáveis, além da vacinação contra o HPV, exames de mama e próstata e identificação de sintomas da doença. “Com isso, a população é estimulada a procurar atendimento médico precoce e defender seus direitos para receber atenção integral quando já diagnosticada com a doença oncológica”, disse.
Karen Ribeiro acrescentou que o HC-UFTM é um hospital terciário, generalista e referência no tratamento de doenças complexas, portanto com alta demanda de casos oncológicos, com a função de investigar, diagnosticar e tratar várias doenças como o câncer, além de ser credenciado como rede Unacon (unidades de alta complexidade em oncologia).
Hábitos saudáveis reduzem risco
“A informação é importante porque a gente precisa conscientizar a população sobre os exames de rastreamento que podem detectar o câncer em um estágio inicial e sobre fatores de risco evitáveis que podem levar ao câncer, que é a segunda principal causa de morte não traumática no mundo”, resumiu a oncologista Juliana Florinda de Mendonça Rego, do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN/Ebserh), instituição que oferece toda a linha de cuidado ao paciente oncológico.
Juliana Florinda, que respondeu a uma pergunta sobre hábitos alimentares e câncer, disse que entre os fatores evitáveis há o sedentarismo, a obesidade e o tabagismo. “Não há um comportamento específico que cause o câncer nem que o cure, mas o que há são hábitos saudáveis que, em conjunto, vão diminuir a chance de ter câncer”, explicou a especialista.
Especialista aponta avanços da ciência
O oncologista Guilherme Felipe Staudt, do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC/Ebserh), ressaltou os avanços da ciência no combate ao câncer, inclusive nos casos de tumores considerados mais agressivos. “Há áreas da oncologia que têm avançado bastante, mas há outras em que ainda temos muito que caminhar, como nos casos de cânceres do sistema nervoso central e trato gastrointestinal alto”, explicou o médico que respondeu a uma pergunta sobre o tema.
O HU-UFSC atende de 200 a 250 pacientes oncológicos por mês, incluindo os que estão em acompanhamento pós-tratamento.
Oncopediatra alerta pais para sintomas
A ciência no combate ao câncer tem avançado, inclusive nos casos de tumores considerados mais agressivos
A oncopediatra Renata Silva de Carvalho Gurgel, do Hospital Universitário Alcides Carneiro, da Universidade Federal de Campina Grande (HUAC-UFCG/Ebserh), na Paraíba, ressaltou a importância da campanha contra o câncer, alertando os pais para os casos de câncer infantojuvenil, em que os sintomas se confundem com os de doenças típicas da infância.
“Muitas vezes, encontramos pais angustiados quando recebem o diagnóstico e se perguntam o que deixaram passar quando descobrem que estão diante de um quadro tão traumático. É que, devido ao perfil do câncer nesta faixa de idade, muitas vezes os sintomas se parecem com sintomas de doenças comuns na infância, que se prolongam. É um quadro febril que já está há mais de dez dias, por exemplo, a criança cada vez mais apática, manchas roxas pelo corpo, dores de cabeça constantes acompanhadas de vômitos. São sinais de doenças comuns na infância que persistem”. A especialista recomendou que se procure o pediatra, que vai avaliar, examinar e encaminhar para um serviço especializado.
Segundo Renata, o HUAC oferece atendimento oncológico para pacientes pediátricos há 16 anos, sendo que, atualmente há 50 crianças e adolescentes que fazem tratamento. “Atendemos desde o diagnóstico ao tratamento quimioterápico ou cirúrgico, quando necessário”, explicou a médica. No caso de indicação de radioterapia, os pacientes são encaminhados para outras instituições.
A propósito, dona Maria das Dores já fez o procedimento, está bem, segue no tratamento e autorizou o repórter a usar sua declaração. “Pode usar sim, e pode acrescentar que estou satisfeita com a atenção recebida pelo SUS”, finalizou.
Veja outras dúvidas das pessoas e saiba o que os especialistas da Rede Ebserh esclarecem, clicando aqui .
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Fonte: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)