Segunda, 12 de abril de 2021
Apontado como um dos países menos desenvolvidos do mundo, o Butão deu exemplo na vacinação contra a Covid-19, com índices de imunização que algumas nações demoraram meses para atingir. Com a ajuda de voluntários e doações de vacinas, em apenas 16 dias 93% da população adulta foi vacinada, o equivalente a 62% dos 800 mil habitantes. No Rio de Janeiro, por exemplo, após o início da imunização em janeiro, a marca de 500 mil cariocas vacinados foi alcançada em março.
A campanha no Butão teve início no dia 27 de março após a chegada de 400 mil doses fornecidas pelo Instituto Serum, na Índia, que se somaram a outras 150 mil enviadas em janeiro. No início do ano, o governo local decidiu esperar por novos lotes para dar início a campanha, na expectativa de imunizar boa parte da população de uma vez.
O sucesso da vacinação não se deve apenas ao número pequeno de habitantes, 15 vezes menor do que a população de São Paulo. De acordo com o jornal britânico The Telegraph, antes da pandemia, o Butão tinha apenas 37 médicos e menos de 3 mil profissionais de saúde. Nesse contexto, o trabalho de voluntários, conhecidos como “desuups”, foi essencial. Eles ficaram responsáveis por ajudar na entrega de doses nas unidades de saúde, garantir a presença de moradores em consultas e ensinar a população sobre a importância do distanciamento social e do uso correto de máscara.
Para chegar aos butaneses que vivem em vilarejos nas montanhas no noroeste do país, por exemplo, uma equipe de quatro médicos foi acompanhada por seis voluntários que trabalham como professores em escolas de ensino fundamental na região. Eles chegaram a seis aldeias em seis dias, em condições difíceis que exigiam o uso de botas pesadas e um helicóptero para transportar suprimentos.
Vale ressaltar que o primeiro-ministro do Butão, Lotay Tshering, é médico, e o país aproveitou a logística de campanhas anteriores. As fronteiras foram fechadas em março de 2020, quando o primeiro caso Covid-19 foi detectado em um turista dos Estados Unidos. Desde então, residentes que retornam do exterior precisam ficar durante 21 dias isolados. Em pouco mais de um ano, o país registrou 910 casos e apenas uma morte causada pelo coronavírus.