Crise climática: outra bomba sobre a Saúde

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Organizações da saúde alertam há anos sobre os impactos que o colapso ambiental causará às populações. Dados afirmam que um terço do mundo enfrentará ondas de calor severas. Doenças surgirão ou retornarão. O que é preciso fazer para minimizar seus impactos?

Por Solange Nascimento, em sua coluna no Outra Saúde

O dia 5 de junho marcou o Dia Mundial do Meio Ambiente, num momento em que o mundo se depara com uma realidade mais severa do que se previa anos atrás, quando muitos negavam que a atividade humana pudesse impactar as mudanças climáticas.

O cenário de 2024 não permite espaço para negação. Tanto no Norte quanto no Sul do globo, eventos climáticos extremos devastam comunidades, causam danos econômicos e deixam cicatrizes profundas, especialmente nas populações mais pobres e marginalizadas.

A tragédia recente das enchentes no Rio Grande do Sul evidencia que o Brasil não está isento de eventos climáticos extremos. Episódios anteriores, como a seca na Amazônia, já haviam chamado a atenção para essa realidade. No entanto, foi necessário um evento catastrófico em um estado considerado próspero para conscientizar o país sobre a urgência de mudanças.

Conforme o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que as mudanças climáticas estejam associadas a pelo menos 150 mil mortes por ano, prevendo-se que esse número dobre até 2030. Neste mesmo ano, a Terra poderá estar se aproximando do limite de aumento de temperatura de 1,5°C.

Ainda segundo o IPCC, um terço da população mundial enfrentaria regularmente ondas de calor severas, recifes de corais em águas quentes seriam devastados e o gelo do Ártico poderia derreter completamente pelo menos uma vez por década, durante o verão.

O aumento da temperatura, o derretimento das geleiras e a degradação ambiental são apenas alguns dos problemas ligados à crise climática, porém, não são os únicos que representam uma ameaça direta à saúde da população.

Essas mudanças podem influenciar na propagação de vetores, na qualidade das águas e na produção de alimentos, além de contribuir para a poluição do ar. As doenças mais suscetíveis a essas mudanças são as infecciosas, como leishmaniose, malária, dengue e outras arboviroses. A hepatite também é uma preocupação significativa, pois sua transmissão hídrica é especialmente comum em regiões com carências de saneamento básico.

Em outubro de 2021, mais de 300 organizações, representando um total de 45 milhões de profissionais de saúde, divulgaram uma carta aberta com um apelo à comunidade internacional para intensificar os esforços em prol da ação climática.

“Como profissionais de saúde, reconhecemos nossa obrigação ética de falar sobre essa crise em rápido crescimento que pode ser muito mais catastrófica e duradoura do que a pandemia da covid-19. Nós pedimos que os governos cumpram suas responsabilidades, protegendo seus cidadãos, vizinhos e gerações futuras da crise climática”, afirmaram.

A Fiocruz conduz estudos prospectivos e análises de riscos relacionados a doenças emergentes, reemergentes e negligenciadas, buscando avaliar o impacto das mudanças climáticas no surgimento ou ressurgimento dessas enfermidades.

Os impactos das mudanças climáticas permeiam inúmeros aspectos da vida. É fundamental que a sociedade promova uma mobilização abrangente, a unir entidades, cientistas, profissionais de saúde e representantes de todas as esferas, a fim de pressionar os governos e parlamentos a adotarem medidas e legislações que, se não forem capazes de reverter, ao menos possam mitigar esses desafios. É essencial direcionar o olhar para o meio ambiente e cultivar um profundo respeito por ele, pois é dele que depende a vida e o futuro no nosso planeta.

Fonte: Outra saúde / Foto: Reprodução

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