Especial do g1 durante mês dedicado à Consciência Negra destaca histórias de baianos que se tornaram referências em suas atividades.
Nascido em Salvador, em 1872 – 16 anos antes da Abolição da Escravatura – Juliano Moreira foi um médico e intelectual baiano. O personagem que dá nome ao principal hospital de assistência especializada em saúde mental da Bahia foi um homem negro, de origem pobre e que revolucionou a psiquiatria no Brasil.
Jovem precoce, Juliano entrou na Faculdade de Medicina da Bahia aos 14 anos e saiu como um dos primeiros médicos negros do país. Intelectual, ele ainda retornou como professor para compartilhar conhecimento. Chamado de ‘o terapeuta do afeto’, Juliano Moreira dedicou a vida a combater teses racistas e ao tratamento humanizado na psiquiatria.

Nesta reportagem, o g1 conta curiosidades sobre o médico que revolucionou os tratamentos para saúde mental e fez Albert Einstein almoçar um vatapá, comida típica da culinária afro-baiana.
Juliano Moreira nasceu em 6 de janeiro de 1872. Ele era filho de uma mulher negra que trabalhava em uma casa de aristocratas em Salvador.
De família pobre, ele entrou na Faculdade de Medicina da Bahia aos 14 anos.
Formado cinco anos depois, aos 19, Juliano se tornou um dos primeiros médicos do país.
Pouco tempo depois, ele estava de volta à Faculdade de Medicina da Bahia, desta vez para atuar como professor.
Na Faculdade de Medicina da Bahia, o professor Juliano ensinava na seção de doenças nervosas e mentais.
Doutor Juliano combateu teses racistas, que relacionavam a miscigenação a doenças mentais no Brasil.
Juliano Moreira é personagem fundamental no tratamento humanizado de pacientes psiquiátricos.
Sua pesquisa era alinhada a correntes que representavam a modernização teórica da psiquiatria e da prática asilar.
Entre 1903 e 1930, ele dirigiu o Hospício Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro.
No Hospício Nacional, ele aboliu o uso de camisas de força, retirou grades das janelas e separou pacientes adultos de crianças. Fazendo uma revolução no tratamento psiquiátrico no país.
Defende a construção de hospitais-colônias, ampliando a ligação entre pacientes e famílias.
Figuras como Lima Barreto e João Candido, o Almirante Negro, foram internos “ilustres” da gestão de Juliano Moreira.
Escritores e membros da Academia Brasileira de Letras, Olavo Bilac e Afrânio Peixoto patrocinaram o hospício nacional durante a gestão de Juliano Moreira.
A Academia Brasileira de Ciências diz que Juliano Moreira teve papel decisivo na aprovação de um lei federal para garantia de assistência médica e legal a pacientes psiquiátricos.
Juliano moreira é um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina legal e da Academia Brasileira de Ciências, da qual foi presidente.
Quando era vice-presidente na Academia Brasileira de Ciências, recebeu Albert Einstein, que fazia sua primeira visita ao Brasil, em 1925.
De acordo com o biografo, Ronaldo Jacobina, Juliano Moreira serviu um vatapá, prato típico da cultura afro-brasileira, para Einstein, durante um almoço em sua casa.
Biógrafos de Juliano Moreira, como Alexandre Passos, destacam que o cientista era uma figura carismática, bem humorada e de bom senso. Um homem bom e generoso.
Escritor, médico e político baiano, Afrânio Peixoto definia Juliano como “terapeuta do afeto”.
Ele foi casado com a enfermeira alemã Augusta Peick.
O baiano é considerado um reformador e revolucionária da psiquiatria brasileira.
Ele morreu em 1933, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, durante tratamento de tuberculose.
O livro ‘Juliano Moreira – um médico negro na fundação da psiquiatria brasileira’, de Ynaê Lopes, conta a biografia do médico baiano.
Anos após sua morte, o então Asylo São João de Deus, passa a se chamar Hospital Juliano Moreira (HJM), referência no tratamento psiquiátrico e de saúde mental da Bahia, que atualmente funciona no bairro de Narandiba, em Salvador.
Ao longo da história do estado onde o nasceu o Brasil, o povo negro esteve sempre em posição de destaque nas mais diversas áreas de atuação. Neste mês da Consciência Negra, o g1 publica a série especial “Da Cor da Bahia”. As reportagens lembram personagens negras e negros importantes na história do Brasil ao mesmo tempo em que destaca personalidades da contemporaneidade inspiradas por eles ou que têm trajetórias similares.
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Fonte: G1 Bahia
Foto: Domínio público via BBC