A Capoeira é uma arte que mistura um pouco de luta e dança genuinamente brasileira. Criada pelos negros foram trazidos da África para o Brasil, para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar e nas fazendas de café, ela é considerada uma forma de manifestação de resistência cultural.
A Palavra Capoeira significa Mato Ralo, que é o lugar onde os negros se reuniam para participar das chamadas rodas. Durante muito tempo a prática da Capoeira foi proibida aqui no Brasil. Somente na década de 30, por decreto do então Presidente Getúlio Vargas ela saiu do código penal. Tudo isso aconteceu graças a intervenção de Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, um dos maiores expoentes da capoeira moderna, como explica o historiador Pablo Brandão.
A capoeira continuou, por muito tempo, sendo vista como hábito de delinquente. Sua prática só deixou de ser crime em 1937, na onda nacionalista do Estado Novo de Getúlio Vargas. Foi nesse mesmo ano, em Salvador, que a academia de Manuel dos Reis Machado, o mestre Bimba, recebeu licença para funcionar (antes disso, existira ilegalmente por cinco anos). Bimba, que viveu entre 1900 e 1974, foi o primeiro a criar um projeto esportivo e pedagógico para o jogo, com 52 golpes e contragolpes.
A luta regional baiana
Em 1932, um período em que a perseguição à capoeira já não era tão acentuada, mestre Bimba, exímio lutador no ringue e em lutas de rua ilegais, fundou em Salvador a primeira academia de capoeira da história. Bimba, ao analisar o modo como diversos capoeiristas utilizavam suas habilidades para impressionar turistas, acreditava que a capoeira estaria perdendo sua eficiência como arte marcial. Dessa forma, Bimba, com auxílio de seu aluno José Cisnando Lima, enxugou a capoeira, tornando-a mais eficiente para o combate e inseriu alguns movimentos de outras artes marciais, como o batuque. Mestre Bimba também desenvolveu um dos primeiros métodos de treinamento sistemático para a capoeira. Como a palavra capoeira ainda era proibida pelo código Penal, Bimba chamou seu novo estilo de Luta Regional Baiana.
Em 1937, Bimba fundou o centro de Cultura Física e Luta Regional, com alvará da secretaria da Educação, Saúde e Assistência de Salvador. Seu trabalho obteve aceitação social, passando a ensinar para as elites econômicas, políticas, militares e universitárias. Finalmente, em 1940, a capoeira saiu do código Penal brasileiro e deixou definitivamente a ilegalidade. Começou, então, um longo processo de desmarginalização da capoeira.
Em pouco tempo a notoriedade da capoeira de Bimba demonstrou ser um incômodo aos capoeiristas tradicionais, que perdiam espaço e continuavam a ser malvistos. Esta situação desigual começou a mudar com a inauguração do Centro Esportivo de Capoeira Angola, em 1941, por mestre Pastinha. Localizado no Pelourinho, em Salvador, o centro atraía diversos capoeiristas que preferiam manter a capoeira em sua forma mais original possível. Em breve, a notoriedade do centro cunhou em definitivo o termo “capoeira angola” como nome do estilo tradicional de capoeira. O termo não era novo, sendo, já na época do império, a prática da capoeira apelidada, em alguns locais, de “brincar de angola” e diversos outros mestres que não seguiam a linha de Pastinha acabaram adotando-o.
O resultado foi a capoeira regional, cujos movimentos privilegiam o ataque e buscam atingir o tronco do adversário para derrubá-lo. A outra vertente de capoeira praticada hoje foi criada por Vicente Ferreira Pastinha, mestre Pastinha, nascido em 1889. Defensor das tradições escravas, ele manteve características lúdicas na sua técnica, chamada de capoeira angola. Na academia de Pastinha, aberta em 1935 (dois anos antes de sua morte), os alunos aprendiam um jogo com bastante dança, centrado na ginga das pernas e na defesa, com golpes dados para tentar apenas desequilibrar o oponente.
A Roda de Capoeira foi registrada como bem cultural pelo IPHAN no ano de 2008, com base em inventário realizado nos estados da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro. E em novembro de 2014, recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Hoje em dia, a capoeira se tornou não apenas uma arte ou um aspecto cultural, mas uma verdadeira exportadora da cultura brasileira para o exterior. Presente em dezenas de países em todos os continentes, todo ano a capoeira atrai ao Brasil milhares de alunos estrangeiros e, frequentemente, capoeiristas estrangeiros se esforçam em aprender a língua portuguesa em um esforço para melhor se envolver com a arte.
Fonte: Aventurasnahistoria