O tabagismo é a principal causa evitável de infartos, além de causar o desenvolvimento de outras doenças. Veja como largar o vício
Não é novidade que o hábito de fumar faz mal à saúde. Por conta disso, existem inúmeras campanhas em todo o mundo que buscam conscientizar a população sobre os riscos do tabagismo. Uma delas é o Dia Mundial Sem Tabaco, data criada em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao ao fumo.
Segundo a Dra. Fernanda Mangione, cardiologista intervencionista e Membro da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), as principais doenças associadas ao hábito de fumar são doenças pulmonares. É o caso, por exemplo, do enfisema, que está diretamente relacionado ao ao hábito de fumar, e o câncer, principalmente o câncer de pulmão.
“A gente sabe que o tabagismo não está associado somente ao câncer de pulmão, mas também a outros tipos de tumores. Apesar disso, 90% dos cânceres relacionados ao tabagismo são cânceres de pulmão”, aponta a médica.
Além disso, o que pouca gente sabe é que o tabagismo também está associado a um aumento expressivo das doenças cardiovasculares, destaca a especialista. Segundo ela, até 25% de todos os infartos estão relacionados ao uso de cigarro. “E não é somente o infarto. Também há o AVC e outras doenças vasculares, como obstruções arteriais periféricas, insuficiência cardíaca, entre outras”, acrescenta.
Tabagismo e infarto
Fernanda reforça que o infarto está diretamente relacionado ao tabagismo. “Isso porque o cigarro aumenta a atividade inflamatória do nosso organismo, além de aumentar a liberação de radicais livres e a lesão endotelial, sendo o endotélio a camada que protege as nossas artérias”, explica.
A especialista relata que o tabagismo aumenta a formação de coágulos e causa mais essa lesão endotelial, sendo responsável por 25% dos casos de infarto. “O mais importante é que o tabagismo é a principal causa prevenível de infarto. Por isso, deixar de fumar é a principal medida que devemos adotar para prevenir o ataque cardíaco”, salienta a médica.
O coração do fumante acaba ficando com mais deposição de gordura nas artérias – o que ocorre não só no coração, mas também no corpo todo. “O cigarro também aumenta rigidez vascular, então os vasos ficam menos flexíveis, se distendem menos, propiciando a hipertensão e aumentando os níveis de colesterol”, adverte.
Portanto, o tabagismo tem diversos efeitos deletérios para o coração, o que pode gerar não só o infarto como também um enfraquecimento do músculo do coração, que é a insuficiência cardíaca, acrescenta a Dra. Fernanda.
Quero parar de fumar: por onde começar?
Para quem deseja abandonar o tabagismo, Fernanda indica procurar uma ajuda especializada. “E essa ajuda inclui um profissional médico, que irá prescrever exatamente se você necessitar uma medicação para que te ajude nesse hábito de parar de fumar. Ele pode prescrever ainda a reposição temporária da nicotina, substância que causa o vício”, detalha.
A médica ressalta a importância de um acompanhamento multiprofissional com um psicólogo e um nutricionista, além da prática de atividade física, que é muito importante. Segundo a especialista, o risco de desenvolver uma doença por conta do tabagismo cai pela metade após 1 ano sem o vício, e chega próximo ao padrão normal após 10 a 15 anos sem fumar.
“Outras medidas que podemos adotar para prevenir as doenças cardíacas, como principalmente o infarto e a insuficiência cardíaca, é adotarmos medidas muito simples de mudança de estilo de vida”, destaca a médica. Dentre uma série de atitudes, ela recomenda:
- Alimentação equilibrada e saudável, com predomínio de frutas, legumes, verduras, alimentos naturais e poucos alimentos industrializados;
- Evitar a obesidade;
- Evitar o estresse;
- Controlar os outros fatores de risco, como, por exemplo, a diabetes, a pressão alta e o colesterol alto.
“Essas medidas, associadas também a um sono adequado, são suficientes para que a gente evite em até 80% essas doenças do coração facilmente”, destaca Fernanda.
Fonte: Saúde em dia