Luiz Osório Silveira Leiria comenta dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que apontam que o número de pacientes com diabete deve chegar a 109 milhões até 2040 nas Américas
Por Vinicius Botelho – Domingo, 5 /03/23
O Brasil tem cerca de 16,8 milhões de pessoas com diabete, o quinto país com mais casos no mundo, segundo o Ministério da Saúde. A previsão é de que o número de casos aumente, segundo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que indica que 62 milhões de pessoas vivem com diabete nas Américas. Esse número deve chegar a 109 milhões até 2040. Outro dado que chama a atenção da Opas é que, dos 62 milhões de pessoas com diabete, 40% não sabem que têm a doença e 284 mil morreram em decorrência dela em 2019. As causas desse aumento expressivo, de acordo com o relatório, estão ligadas ao crescimento dos fatores de risco como o sobrepeso, a obesidade e falta de exercícios físicos pela população.
Segundo o professor Luiz Osório Silveira Leiria, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, uma das formas de combater o avanço da diabete é o diagnóstico precoce e a prevenção, não apenas para adoção de medicamentos, mas para a promoção de hábitos mais saudáveis. A diabete é dividida em tipo 1 e tipo 2, e cada uma possui características e sinais distintos. O professor explica que “a diabete tipo 1 é caracterizada pelo aumento do fluxo de urina, da frequência de micção e sede, e a diabete tipo 2 pode ser observada por alterações de tolerância à glicose, diagnosticada por meio do monitoramento periódico da glicemia”.
Além disso, Leiria esclarece que a obesidade e uma alimentação desequilibrada são fatores ligados à progressão da diabete, e a adoção de um estilo de vida saudável, com práticas de exercícios físicos regulares e uma dieta balanceada, são fundamentais para prevenção e controle da doença.
Diferenças entre os tipos
A diabete tipo 1, segundo Leiria, é uma doença autoimune, na qual o organismo desenvolve anticorpos contra componentes do próprio corpo, como a insulina, ligada ao início da vida, geralmente desenvolvida entre a infância e a adolescência. A falta de insulina leva ao aumento da glicemia no organismo. A doença geralmente se apresenta na infância ou na adolescência e, entre os sintomas da diabete tipo 1, estão formigamento em pernas e pés, feridas que demoram a cicatrizar e fungos nas unhas. Sede constante, boca seca, vontade de urinar a toda hora e perda de peso também são considerados sintomas.
Já no tipo 2, o corpo até produz insulina, mas a substância não consegue agir no organismo devido a uma resistência causada pelo excesso de gordura abdominal. “A diabete tipo 2 é uma doença de progressão lenta, que geralmente ocorre em idades mais avançadas, sendo consequência de uma combinação entre fatores genéticos e um estilo de vida menos saudável”, conclui o professor.
A diabete tipo 2 é mais prevalente porque está ligada diretamente ao estilo de vida, principalmente em pessoas com excesso de peso, comportamento sedentário, hábitos alimentares não saudáveis e história familiar de diabete. Na maioria das vezes, as manifestações ocorrem após os 40 anos de idade e com possibilidade de complicações tardias, entre elas problemas renais, oftalmológicos e neuropáticos. É a diabete tipo 2 a responsável por 90% dos casos e costuma ser assintomática, mas pode apresentar alguns sinais indicativos de que a doença pode estar se estabelecendo, como fome excessiva, vontade de urinar mais frequente que a usual, sede constante, perda de peso, fadiga e fraqueza e até mesmo mudanças no humor.
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Fonte: Jornal USP