Doc sobre afroturismo é lançado em cinema de Salvador

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Às vésperas do mês da Consciência Negra, Salvador foi sede, no sábado (26), do lançamento do documentário “Afro – Das Origens aos Destinos”, no Cine Glauber Rocha. A exibição inédita do filme sobre afroturismo, produzido pela Embratur, contou com debate sobre o papel do turismo na valorização da cultura de matriz africana, realizado por lideranças religiosas e autoridades baianas, como o babalorixá Pai Pote; a fundadora do Afroturs, Nilzete dos Santos; e a comunicóloga Andreza Viana.

O documentário de 25 minutos, disponibilizado no YouTube, enlaça histórias reais sobre a influência africana na musicalidade brasileira, na gastronomia, na religiosidade e na formação do Recôncavo baiano e da capital da Bahia, sob a ótica de como o turismo resgata e preserva a ancestralidade, mas também serve como ferramenta de desenvolvimento social e econômico, gerando novos negócios liderados pela população negra em seu território e combatendo o racismo.

O afroturismo é mais do que falar dos negros na História do Brasil. O afroturismo é um debate sobre quem vai falar no Brasil, um debate de protagonismo. Não tem história brasileira sem a história africana. O afroturismo não está só na Bahia, mas se o afroturismo é um corpo, o coração tá aqui na Bahia. E esse documentário é uma ferramenta, um instrumento para que a gente possa mostrar ao Brasil inteiro esse Brasil que voltou. A gente quer um Brasil cada vez mais democrático. O combate ao racismo não é só um movimento de indignação, é também um movimento de construção, e é isso que o afroturismo permite: uma outra construção, um outro diálogo e um outro protagonismo que está colocado aqui”, afirmou o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, presente na cerimônia de lançamento do documentário,

Após a sessão, as autoridades presentes e alguns personagens do filme debateram sobre a importância do afroturismo para divulgar e valorizar a história negra brasileira e a influência da matriz africana na língua, gastronomia, cultura e saberes do Brasil, que ajudam a construir um turismo mais inclusivo e gerador de emprego e renda para comunidades.

“Se o turismo é a atividade econômica mais importante da cidade de Salvador, e o turismo é baseado na cultura, e a cultura é a cultura negra, por que as pessoas negras da cidade não se beneficiam economicamente do turismo? Então, o afroturismo é uma temática, é uma estratégia de comunicação, de posicionamento, mas também uma estratégia de justiça social. Se a gente consegue dar as ferramentas para que a comunidade negra consiga se beneficiar do turismo economicamente, e não só simbolicamente, a gente vai ter uma cidade mais justa”, destacou o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho.

A produção do documentário sobre afroturismo faz parte de uma série de ações da Embratur para ressaltar o mês da Consciência Negra na cidade que é a Capital Afro do Brasil. Além da exibição do filme, a Agência irá se reunir com agentes e operadores de viagens, empresários do setor e governos locais, nesta segunda-feira (28), e irá recepcionar o primeiro voo Paris-Salvador, operado pela companhia Air France.

“O Brasil tem 18% a mais de voos internacionais que no ano passado, mas a Bahia tem 71% a mais. Está muito acima da média nacional, que já é uma média boa. Então, estou aqui também para dar os parabéns a todos os gestores públicos que estão aqui, do Município e do Estado, para dizer que o governo federal vai dialogar com vocês o tempo inteiro”, destacou Freixo.

‘Afro – Das Origens aos Destinos’

O documentário “Afro – Das Origens aos Destinos” mostra um pouco do cenário do afroturismo no Recôncavo baiano, a partir do turismo de base social, da música preta, da religiosidade, da história e da regionalidade. A narrativa aparece a partir de entrevistas com ativistas quilombolas, escritores, capoeiristas, empresárias e líderes religiosas que vivem nos municípios da região.

Entre as manifestações culturais da região, o documentário apresenta, por exemplo, a capoeira e o Instituto Mãe Hilda, terreiro de Axé criado pela ialorixá Mãe Hilda Jitolu, que foi onde nasceu o Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil. Outro ponto que o filme aborda é a influência dos escravizados e seus descendentes na formação cultural, arquitetônica e de sincretismo religioso de cidades como Santo Amaro da Purificação, Cachoeira e Salvador.

Também aparece no filme a história da Irmandade da Boa Morte e um pouco do que é o Quilombo Kaonge. A irmandade surge a partir de mulheres fugidas ou alforriadas que usavam da culinária para arrecadar dinheiro e comprar a liberdade de outros pretos. Já o quilombo foi formado por reis e rainhas levados da África para trabalharem como escravizados no Brasil e que fugiram do regime e criaram a comunidade, que hoje recebe turistas internacionais de diversos países interessados na história, na cultura, no modo de vida e na gastronomia desta comunidade.

Assista:

https://youtube.com/watch?v=KU4kyULr0k8%3Ffeature%3Doembed

Fonte: Alô alô Bahia / Foto: Ricardo Prado/Embratur

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