Por Tarcisio Marques ( Portal Ipirá City) – Domingo, 05/03/23
Como nos diria o Sociólogo Zygmunt Bauman, vivenciamos um tempo onde às coisas perderam sua forma solida. Estamos submersos em uma sociedade onde todos os campos humanos tornam-se dia-a-dia cada vez mais líquidos. Como uma consequência desse momento, observamos a internet romper barreiras físicas, mas também intelectuais. A quantidade massiva de informações que são disseminadas diariamente neste “mundo globalizado”, fez com que a real noção de “saber” também se diluísse.
Hoje é muito comum ver pessoas falando de tudo nas redes sociais. Não existe mais um critério concreto sobre quem fala e do que falar. E o questionamento que fica é: quem realmente sabe do que fala?
Certa vez vi um vídeo do professor Leandro Karnal, onde ele comentava a respeito de uma senhora que havia lhe parado no final de um dos seus muitos eventos para lhe dizer que as Universidades deixariam de existir, porque o conhecimento está acessível a todos, via internet. O professor a responde, questionando se ela aceitaria ser operada por uma pessoa que se diz medico cirurgião apenas por ter assistido tutoriais de como operar uma pessoa na internet. A senhora prontamente lhe responde que não. (O vídeo segue por mais alguns minutos)
Todavia, assim como essa senhora que o Karnal falava, muita gente tem o mesmo pensamento. Muitos acham que as Universidades são perca de tempo, local de baderneiros e de muita balburdia. Que a educação das escolas (como uma consequência das Universidades) também não servem para muita coisa e que todo o sistema deveria ser (re)visto e (re)feito – observamos um reflexo disso nos últimos anos, com o sucateamento das Universidades Públicas, o surgimento do Novo Ensino Médio, o gigantesco aumento das instituições privadas de ensino, especialmente as EaD. Porém, seriam realmente as Universidades descartáveis? Elas não produzem ciência, conhecimento e profissionais verdadeiramente qualificados? E a internet, até onde ela nos dá conhecimento? Não estaríamos confundindo informação com conhecimento?
Por conta dessa popularização da informação – que não é algo em si ruim –, o fio entre saber ou não saber tornou-se muito frágil. Sócrates, já nos advertia a respeito do verdadeiro sábio ser aquele que sabe que nada sabe, ou seja, que tem noção da sua ignorância a respeito de determinados assuntos. Outrossim, todo esse processo faz com que muita gente também descredibilize a profissão professor, achando que podem fazer o mesmo sem ao menos ter um terço da preparação docente.
Porém, precisamos ter ciência que EDUCAÇÃO NÃO É ACHISMO. É uma vida inteira de formação contínua. São horas dedicadas a estudos cada vez mais aprofundados. Um professor passa mais tempo de sua vida estudando e atuando na escola, do que vivenciando outras áreas de sua própria vida. EDUCAÇÃO NÃO É ACHISMO. Existe embasamento e fundamentação a respeito das coisas que expomos. Um professor não acha, ELE SABE.