Lula falou sobre moeda única e BNDES para 11 líderes sul-americanos reunidos no Palácio Itamaraty. Programação durará o dia todo
urante o discurso aos presidentes sul-americanos, no Palácio Itamaraty, em Brasília, nesta terça-feira (30/5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre propostas a serem levadas para discussão durante o encontro da cúpula. Entre elas, a criação de moeda única, já defendida pelo petista, e o uso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Ao iniciar a fala, o mandatário brasileiro relembrou o protagonismo que a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) teve na integração dos países da América do Sul e a importância de organismos como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
“A América do Sul tem diante de si, mais uma vez, a oportunidade de trilhar o caminho da união. E não preciso recomeçar do zero. A Unasul é um patrimônio coletivo. Lembremos que ela está em vigor, sete países ainda são membros plenos. É importante retomar seu processo de construção, mas ao fazê-lo, é essencial avaliar criticamente o que não funcionou e levar em conta transições”, disse.
Lula, no entanto, ponderou que novas iniciativas precisam ser tomadas para ampliar a atividade da reunião de países.
“Seria um erro restringir as atividades às esferas de governo. Envolver a sociedade civil, sindicatos, empresários, acadêmicos e parlamentares dará consistência ao nosso esforço. Ou os processos são construídos de baixo para cima ou não são viáveis e estarão fadados ao fracasso”, disse o petista.
O mandatário brasileiro sugeriu a criação de um grupo de trabalho, para discussão e orientação dos países para fortalecimento da integração, além da criação de um Grupo de Alto Nível, a ser integrado por representantes pessoais de cada Presidente, para dar seguimento ao trabalho de reflexão proposto no encontro desta terça.
O grupo especial teria 120 dias para apresentar as bases da integração regional.
Veja a seguir as propostas sugeridas por Lula aos chefes de Estado:
- Colocar a poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social, mobilizando os bancos de desenvolvimento, como CAF [Corporación Andina de Fomento], Fonplata [Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata], Banco do Sul e BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social];
- Aprofundar nossa identidade sul-americana também na área monetária, mediante mecanismos de compensação mais eficientes e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais;
- Implementar iniciativas de convergência regulatória, facilitando trâmites e desburocratizando procedimentos de exportação e importação de bens;
- Ampliar os mecanismos de cooperação de última geração, que envolva serviços, investimentos, comércio eletrônico e política de concorrência;
- Atualizar a carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN), reforçando a multimodalidade e priorizando os de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira;
- Desenvolver ações coordenadas para o enfrentamento da mudança do clima;
- Reativar o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, que nos permitirá adotar medidas para ampliar a cobertura vacinal, fortalecer nosso complexo industrial da saúde e expandir o atendimento a populações carentes e povos indígenas;
- Lançar a discussão sobre a constituição de um mercado sul-americano de energia que assegure o suprimento, a eficiência do uso de nossos recursos, a estabilidade jurídica, preços justos e a sustentabilidade social e ambiental;
- Criar programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores no ensino superior, algo que foi tão importante na consolidação da União Europeia;
- Retomar a cooperação na área de defesa com vistas a dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria militar, de doutrina e políticas de defesa;
- Criação de um Grupo de Alto Nível, a ser integrado por representantes pessoais de cada presidente, para dar seguimento ao trabalho de reflexão. Com base nas decisões tomadas na cúpula, o grupo terá 120 dias para apresentar um mapa do caminho para a integração da América do Sul.
Além de Lula, 10 chefes de Estado participam da programação. A única ausência é da presidente do Peru, Dina Boluarte, impossibilitada de deixar o país por motivos internos. Veja os nomes:
- Alberto Fernández (Argentina)
- Luís Arce (Bolívia)
- Gabriel Boric (Chile)
- Gustavo Petro (Colômbia)
- Guillermo Lasso (Equador)
- Irfaan Ali (Guiana)
- Mário Abdo Benítez (Paraguai)
- Chan Santokhi (Suriname)
- Luís Lacalle Pou (Uruguai)
- Nicolás Maduro (Venezuela)
- Alberto Otárola, presidente do Conselho de Ministros (Peru)
Segundo o Itamaraty, a proposta do encontro é promover um diálogo franco entre os líderes, com o objetivo de identificar denominadores comuns, discutir perspectivas para a região e reativar a agenda de cooperação sul-americana em áreas-chave.
São elas: saúde, mudanças climáticas, defesa, combate aos ilícitos transnacionais, infraestrutura e energia, entre outros.
Fonte: Metrópoles