• Paralisação da Enfermagem • Se nada mudar, categoria fará greve geral • Programa Nacional de Equidade de Gênero para o SUS • Chioro assume Ebserh • As duradouras consequências do acidente de trem com químicos nos EUA •
Continua o impasse em torno da execução do piso salarial nacional da enfermagem e profissionais da área fizeram breve paralisação na sexta, 10/3. Com MP redigida para aprovação, ministro da Casa Civil, Rui Costa, parece adiar envio do texto para assinatura de Lula, motivo que levou a categoria a fazer paralisação. O impacto total do piso de enfermeiras, auxiliares e técnicas de enfermagem é estimado em R$ 16 bilhões, divididos em partes praticamente iguais entre setor público e privado. Fontes de financiamento já estão definidas há meses, quando o Senado passou lei que aprovava uso dos chamados restos de fundos públicos para o financiamento das novas faixas salariais desta fundamental categoria do mundo do trabalho.
Nas ruas
Como prometido no mês passado, a enfermagem faria paralisações caso o piso fosse protelado. Apesar da manifesta boa vontade da ministra Nísia Trindade e do presidente Lula, parece que qualquer política geradora de renda para setores populares precisa ser antecedida de árduas lutas. Pois nada, exceto a indisposição de uma classe patronal que conseguiu uma liminar no STF no ano passado para evitar o piso, parece explicar o adiamento. Assim, a categoria cumpriu sua promessa e fez pequenas paralisações em estabelecimentos de saúde pelo Brasil, sem comprometer seu funcionamento. No Rio, mais de 3 mil profissionais se manifestaram nas ruas do centro na manhã de sexta. Se a situação seguir assim, a enfermagem deve convocar uma greve geral da categoria, como já alertado por suas principais lideranças.
Ministra reforça compromisso com equidade de gênero
Depois de assinar a Portaria 307, que institui o Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Valorização das Trabalhadoras no Sistema Único de Saúde, Nísia Trindade participou à distância do debate Mulher e Saúde Global, realizado pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cris/Fiocruz) e assinalou o compromisso de seu mandato com a redução das desigualdades vividas pelas mulheres brasileiras. “Somos 2 milhões de trabalhadoras no SUS. Esse será um programa chave da nossa gestão que não se resumirá a uma secretaria ou departamento. A questão da equidade de gênero e da luta pelo direito das mulheres em todas as dimensões pautará a nossa ação nos próximos anos”, afirmou Nísia, no debate.
Arthur Chioro assume Ebserh
O ex-ministro da saúde Arthur Chioro foi nomeado presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a Ebserh, empresa pública de direito privado criada em 2011 para gerir 41 hospitais universitários federais. Vinculada ao ministério da Educação, sua concepção sempre foi criticada por especialistas em saúde por desassociar centros de excelência em saúde dos objetivos do SUS, o que poderia significar sua abertura a interesses corporativistas e privatistas. De toda forma, trata-se de importante patrimônio público brasileiro, com vultoso orçamento de R$ 11 bilhões e porta de entrada nos serviços de saúde de milhares de formados nas universidades públicas e relevante contribuição em pesquisa e extensão. “Precisamos não apenas avançar na melhoria da infraestrutura dos nossos hospitais, mas fundamentalmente da renovação tecnológica, pois como são hospitais de ensino e pesquisa eles não podem ficar submetidos a um atraso tecnológico. Então as inovações, os novos equipamentos, as novas tecnologias de cuidado, as novas modalidades de gestão do próprio hospital precisam ter nos hospitais da Ebserh exemplo para os demais hospitais do Brasil. Esse é nosso objetivo: transformar a Ebserh um exemplo de gestão pública, assistência, ensino e pesquisa”, discursou Chioro em sua posse.
Ohio: o sofrimento dos afetados e o padrão da ineficiência
Três semanas após o descarrilamento de trem repleto de compostos químicos que se espalharam por East Palestine, estado de Ohio, os desdobramentos do acidente seguem a castigar as vidas dos mais de 4,7 mil moradores que evacuaram a cidade. Como mostra matéria do NY Times, além de toda uma vida suspensa, sérias questões de saúde se colocam. Crianças e adolescentes que até hoje não voltaram às escolas relatam enjoos, vômitos e dores de cabeça, sintomas típicos de radiação pesada. Nesse sentido, os afetados ainda não sabem a complexidade do contato com os produtos químicos em relação aos seus corpos. Em audiência no Senado, o executivo da Norfolk Southern, Alan H. Shaw, disse sentir profundamente pelo sofrimento das vítimas. O presidente Joe Biden cobrou responsabilização da empresa pelos prejuízos ao meio ambiente e à saúde das pessoas, mas a empresa ao menos até agora não assumiu tal compromisso. No meio disso, ficam sem saber o que esperar do futuro moradores que mostram desconfiança de ambos os atores. Pior: nos dias 4 e 9 de março outros dois trens da empresa descarrilaram (sem produtos químicos). Em 2021, 868 descarrilhamentos de trens de carga foram registrados no país, o que o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes qualifica como um padrão estabelecido de desinteresse por padrões rigorosos de segurança.
Fonte: Outra Saúde