Entre máscaras e tambores: a alma cultural do Benim

cultura

Entre o Atlântico e o Saara, o Benim é um país onde a história vive em cada traço, som e palavra. Berço de reinos poderosos e espiritualidade ancestral, sua cultura pulsa em expressões artísticas que atravessam séculos, se reinventando com vigor no presente. Neste mergulho cultural, vamos conhecer as forças vivas da arte, da literatura e da música que moldam o imaginário do Benim contemporâneo.

As artes visuais no Benim estão profundamente ligadas à memória e à espiritualidade. Um dos nomes mais respeitados é Cyprien Tokoudagba, conhecido por reinterpretar símbolos do vodum e dos antigos reinos do Daomé em esculturas e murais vibrantes. Seu trabalho mistura tradição e renovação com uma linguagem visual única. Romuald Hazoumè, por sua vez, é um artista conceitual que ficou mundialmente conhecido por suas máscaras feitas de galões de plástico reciclado — crítica direta ao neocolonialismo e às trocas econômicas desiguais. Já Ifeoma Anyaeji, embora nigeriana de nascimento, trabalha de maneira colaborativa com artistas do Benim, explorando o artesanato local em instalações feitas com fios e objetos reciclados, criando pontes entre arte e sustentabilidade na região.

Na literatura, o Benim tem uma tradição rica que transita entre a oralidade e a palavra escrita. Um dos maiores nomes é Olympe Bhêly-Quénum, autor de romances densos como Le Chant du lac, que exploram temas como identidade, tradição e o impacto do colonialismo. Florent Couao-Zotti, dramaturgo e contista contemporâneo, é conhecido por seu humor ácido e por retratar a vida urbana com realismo e lirismo. E Richard Dogbeh, escritor e jornalista, foi uma voz importante da consciência africana no século XX, usando a literatura como forma de resistência e educação.

A música no Benim é pura ancestralidade em movimento. O país é um dos berços da religião vodum, cuja influência rítmica chegou até o Caribe e as Américas. Um ícone fundamental é Angélique Kidjo, vencedora de múltiplos prêmios Grammy, que combina ritmos africanos com funk, jazz e pop, cantando em várias línguas e levantando temas de empoderamento e herança cultural. Outro nome poderoso é Sagbohan Danialou, percussionista, cantor e multi-instrumentista, guardião dos ritmos tradicionais e mestre do tambor que conecta o sagrado ao cotidiano. Já o grupo Zinli Rythmes representa a fusão entre tradição e modernidade, revivendo o estilo “zinli” — um ritmo cerimonial vodum — em formato contemporâneo, mantendo viva uma herança musical profunda.

Do traço simbólico ao tambor ancestral, da palavra falada à escrita rebelde, o Benim é um país onde arte, fé e resistência caminham juntas. Sua cultura é viva, resiliente e generosa — uma ponte entre o passado e o futuro, entre a África e o mundo.

Fonte: Diplomacia Business / Foto: Reprodução

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *