Segundo Gabriel Kubota, estima-se que o Brasil, a cada ano, arque com prejuízo de R$ 67 bilhões devido à perda de produtividade causada pela doença
Por Simone Lemos
Não há nada mais incômodo do que uma dor de cabeça. Se ela apresentar as características de uma enxaqueca, pior ainda. Ela pode irradiar para o resto do corpo, aumentando ainda mais o mal-estar. O problema pode impactar a saúde de grande parte da população. Gabriel Kubota, neurologista coordenador do Centro de Dor do Hospital das Clínicas e membro do grupo de cefaleias da Faculdade de Medicina da USP, explica que as dores de cabeça podem ser divididas em dois grandes grupos: primária e secundária. “As dores de cabeça secundárias são consequência, sintoma de uma outra doença ou condição. Por exemplo: jejum prolongado, consumo de álcool, cárie dentária, sinusite, problemas oftalmológicos ou doenças mais graves como tumores, trombose venosa, aneurisma e outras situações.”
A dor de cabeça primária já é a doença em si. Duas situações se enquadram nessa situação: a cefaleia, tipo tensão, e a migrânea. As dores de cabeça primárias, em conjunto, correspondem à segunda condição médica mais prevalente na população mundial, gerando um impacto muito importante. Somente a enxaqueca acomete mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, sendo de 20% a 30% mulheres e 6% a 15% de todos os homens. Os gastos podem ser diretos, no uso de recursos de saúde, ou de forma indireta por faltas ao trabalho. Segundo Kubota, estima-se que o Brasil, a cada ano, perca por volta de R$ 67 bilhões em gastos, devido à perda de produtividade relacionada à enxaqueca. A melhor maneira de lidar com o problema é procurar um médico, que fará uma avaliação e saberá a melhor forma de tratamento.
Fator genético
A doença atinge de duas a três mulheres para cada homem, iniciando-se por volta dos 20 a 30 anos de idade, podendo ser a genética um dos fatores de sua causa. Kubota destaca que o histórico familiar é muito importante. “Os filhos de pessoas que têm enxaqueca têm duas vezes mais chances de também apresentar a doença. Mas vale a pena ressaltar que a genética pode aumentar ou diminuir o risco, mas ela não é absoluta. Ter alguém com enxaqueca na família não quer dizer que você também vá ter e o fato de ninguém na família ter não quer dizer que você não vá ter.”
Para diferenciar uma dor de cabeça primária da secundária, exames físicos e o histórico de vida são muito importantes. Por esse motivo, a procura por um médico é essencial. Quem tem migrânea sabe que entre os fatores que podem desencadear o problema estão os cheiros fortes. Seus sintomas são bem característicos: a dor é de moderada a forte intensidade, com aspecto pulsátil, atingindo mais um lado da cabeça. Pode causar náuseas e vômitos. Muitos podem apresentar intolerância à luz e sons e preferir ficar em repouso durante a crise, porque qualquer movimento ou esforço pode causar piora. O período pré-menstrual é outro fator que desencadeia a dor, que pode durar de quatro a 72 horas, mas há quem tenha enxaqueca crônica. Esse paciente pode apresentar crises de mais de 15 dias por mês por pelo menos três meses.
O tratamento para a dor de cabeça secundária, aquela que é consequência de alguma doença, irá melhorar com o tratamento do problema. Por exemplo, uma pessoa com sinusite, trombose, dor de dente irá melhorar com a solução do transtorno. Já a cefaleia primária, também conhecida como enxaqueca, não tem cura e conta com um tratamento diferenciado.
Fonte: Jornal USP