Turbulência causada por anúncio de ajuste fiscal ainda não foi superada; ideia é acalmar os ânimos do mercado
A ausência do tema da economia no pronunciamento de Natal de Lula não foi gratuita. Segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, o presidente foi aconselhado fortemente a evitar o assunto até o fim do ano —especialmente, como gosta de fazer, de relembrar os benefícios propostos à população mais pobre e aos trabalhadores que implicam em mais gastos públicos.
As datas de fim de ano propiciam ao presidente diversas oportunidades de manifestação, e o natural impulso de propagar notícias boas e populares.
Nas manifestações de fim de ano, Lula desejava reforçar o aumento real do salário mínimo, o pleno emprego e a proposta do governo de ampliar a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000. Recebeu a recomendação de desviar dos assuntos.
Neste mês, o dólar chegou a bater nos R$ 6,30 depois que o governo anunciou seu projeto ajuste fiscal ao mesmo tempo em que levou a público a ideia de aumentar a faixa de isenção do IR. Somadas a fatores externos, as propostas causaram turbulência ainda não superada.
O pacote do governo e a reforma tributária foram aprovados pelo Congresso, mas nem assim dólar arrefeceu. A equipe econômica acena com a possibilidade de mais cortes de gastos. Não seria a hora, portanto, de Lula relembrar as benesses concedidas, que poderiam ser exploradas como um suposto descompromisso com a austeridade.
Fonte: Bahia.ba / Imagem: Reprodução/YouTube