O espetáculo Rainha Vashti, do Grupo A RODA, estreia na quinta-feira (13/11/2025), às 18h30, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em Salvador. Inspirada no poema homônimo da escritora Myriam Fraga (1937-2016), a montagem utiliza a técnica do teatro de sombras para abordar o silenciamento da voz feminina como metáfora para a fragilidade do poder. Voltada ao público adulto, a peça terá temporada com doze apresentações, sempre às quintas e sextas-feiras, até o dia (12/12/2025).
A força simbólica do teatro de sombras
Concebido e dirigido por Olga Gómez, com narração de Rita Assemany e direção musical de Uibitu Smetak, o espetáculo reafirma o compromisso do grupo com a preservação do teatro de sombras, técnica que acompanha a trajetória da companhia desde sua fundação. A montagem conta ainda com consultoria de Marcus Sampaio e patrocínio da FUNARTE, por meio do Governo Federal.
Poesia e visualidade em diálogo
Em Rainha Vashti, o grupo retoma o diálogo com a obra literária de Myriam Fraga, que, ainda em vida, autorizou a adaptação do poema lírico. Segundo Olga Gómez, a união entre poesia e teatro de sombras cria uma experiência sensorial ampla. “Enquanto a poesia nos torna mais atentos, o teatro de sombras convida o espectador a participar de forma integral”, afirma a diretora.
A atriz Rita Assemany destaca o desafio de atuar apenas com a voz. “Eu sou as próprias personagens — rei, rainha, concubinas, escravos — incorporando cada papel com o sopro da narração”, explica. A experiência, segundo ela, representa uma nova maneira de se relacionar com o universo feminino, tema recorrente em sua carreira.
Trilha sonora e visual poético
A trilha sonora, assinada por Uibitu e Amanda Smetak, foi inspirada nos makams, sistema musical originário da Pérsia. O uso de violino, piano, flautas doces e pequena percussão cria um ambiente sonoro que acompanha a leveza e a precisão do teatro de sombras.
O elenco é composto por Arthur Lustosa, Diego Neres, Hannah Pfeifer e Paulo Borges, responsáveis por dar vida a 150 figuras de sombra projetadas sobre uma tela de seis metros de base e três metros de altura. A montagem tem duração de uma hora.
O enredo e a simbologia da Rainha Vashti
O texto dramatiza o episódio bíblico da Rainha Vashti, esposa do rei Ashuero, que se recusa a obedecer a uma ordem do monarca e é banida da corte. A recusa, interpretada como um ato de autonomia, torna-se símbolo da resistência feminina diante da autoridade patriarcal. A narrativa discute as relações de poder e o impacto do silêncio imposto às mulheres.
Olga Gómez e o legado de A RODA
Nascida em Buenos Aires, Olga Gómez vive em Salvador desde 1986 e dirige o Grupo A RODA desde 1997. Com formação em Belas Artes, atua como escultora, professora e pesquisadora de formas animadas. Sua trajetória inclui espetáculos reconhecidos como “A Cobra Morde o Rabo” (2005), “Amor & Loucura” (2008) e “Luiz e a Liberdade” (2017).
A companhia, referência nacional em teatro de animação, já circulou por mais de 60 cidades brasileiras, participou do projeto Palco Giratório do SESC e recebeu prêmios por sua contribuição à arte visual e performática.
Fonte: Jornal Grande Bahia / Foto: Rafael Martins
